Por Francisco Celso Calmon*
O dia internacional de luta do trabalhador no ano de 2020 será o da luta pela sobrevivência. Mas será que em alguma época a classe trabalhadora teve a sua sobrevivência assegurada? Nos países capitalistas, certamente não.
Na atual conjuntura os trabalhadores estão sob um triplo ataque. O da pandemia, o da recessão econômica e o do governo bolsonarista nazifascista.
São três inimigos poderosos. O Covid-19 pega, mata e enterra na cova rasa e coletiva, sem velório. A recessão econômica desemprega, subnutre e coloca os trabalhadores ainda mais vulneráveis ao novo coronavírus. O governo bolsonarista aplica a política genocida: se tem que morrer, que morram logo, a começar pelos idosos sem meios de defesa, os trabalhadores aposentados, os sem empregos, os sem tetos, os com teto que dividem o metro quadrado com duas, três pessoas, as populações de rua, os internos em estabelecimentos penitenciário, enfim, os mais vulneráveis.
A crise do coronavírus está ampliando as desigualdades e as fragilidades dos trabalhadores e entre esses as dos negros e as das mulheres.
A pandemia tornou o sistema capitalista nu, sem camuflagens; nem o mercado e nem o Estado mínimo resolvem crises sanitárias, sociais ou econômicas. A crise sanitária desmontou o mito do deus-mercado e o do Estado mínimo.
A receita do governo no plano assistencial de oferecer migalhas e centralizar na CEF levou a ser um ambiente propício à propagação do vírus. São filas de carentes aglomerados e que devem logo logo enfileirar a lista de infectados. É muita desumanidade!
A pregação do presidente contra o isolamento social, os seus seguidores dando o exemplo de descaso às medidas preventivas da OMS, os empresários fazendo carreata pela volta ao trabalho e a forma de distribuir os 600,00 reais compõe a estratégia genocida do sociopata do planalto.
O resultado de tudo isso não poderia ser outro senão o de colocar o Brasil em primeiro lugar na taxa de propagação do covid-19, o nono com as maiores taxas de crescimento de infectados, e, junto com EUA, na liderança de óbitos.
Com esses resultados, sujeitos a piorar, Bolsonaro se torna, dolosamente, um serial killer.
Diante dos números de mortes de brasileiros na pandemia, o presidente respondeu que é Messias, mas não faz milagre, e perguntou: fazer o quê?
De fato, não faz milagres, pelo contrário, faz piada e provoca pandemônios, mas pode fazer algo, que só depende dele: renunciar, já!
Reduzir salários, dispensar empregados, exigir sacrifícios de servidores, colocar a guilhotina sobre o pescoço do trabalhador – ou volta ao trabalho ou demissão, produzem pânico, desespero e morte, por um lado, por outro, pode provocar o caos e com ele ocorrer saques e descontrole social. As previsões de desemprego citam números como 60 milhões ou mais para este ano.
Medidas que reduzam a massa salarial acelera e aprofunda a recessão. Sendo a recessão mundial, o Brasil deveria priorizar e potencializar o mercado interno e para isso injetar dinheiro novo para o consumo e crédito. Portanto, emitir papel-moeda e taxar as grandes fortunas sãos os meios justos e rápidos de obter os recursos necessários.
O dragão da maldade do povo brasileiro, Paulo Guedes, não age assim, prefere em tempos de pandemia passar a rasteira nos trabalhadores e junto com o Congresso aprovar mais reformas de interesses do capital.
Não é novidade para a classe trabalhadora que a Globo é inimiga da democracia e dos interesses trabalhistas, e, como dizia o Brizola, onde a Globo estiver devemos estar do outro lado. Ocorre que nessa briga de comadres nazifascistas, não devemos estar nem com Moro e nem com Bolsonaro. Ambos são parideiras de balburdias institucionais e do caos político-social.
Devemos estar na resistência do Estado democrático de direito contra o pandemônio que o “partido lavajatista” criou com o golpe de 2016 e contra o seu filho bastardo que é o bolsonarismo.
O “partido lavajatista” tem como patronos a Globo, a CIA, as oligarquias ultraconservadoras – remanescentes da ideologia escravagista, os representantes lumpem da burguesia, e parcelas expressivas das Forças Armadas súditas dos EUA.
O projeto do “lavajatismo” é o de através dos poderes sem legitimidade popular, composto por concurseiros (MP, PF, Judiciário, FFAA), manter os poderes oriundos da soberania popular do voto, Legislativo e Executivo, sob sitio político, através de uma estratégia que combina a utilização de lawfare, da desinformação e fraude da verdade pela mídia golpista e da chantagem das armas.
Finalizo este texto com frases, em itálico, daquele que foi o maior lutador em todo o mundo pela emancipação da classe trabalhadora: Karl Marx
Ser radical é entender as coisas pela raiz. [Na conjuntura significa lutar contra o lavajatismo e o bolsonarismo, digo eu].
Qualquer um que saiba alguma coisa da história sabe que grandes mudanças sociais são impossíveis sem o fermento feminino.
O trabalho na pele branca nunca poderá se libertar enquanto o trabalho na pele negra for marcado a ferro.
A emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores.
Francisco Celso Calmon é Advogado, Administrador, Coordenador do Fórum Memória, Verdade e Justiça do ES; autor do livro Combates pela Democracia (2012) e autor de artigos nos livros A Resistência ao Golpe de 2016 (2016) e Comentários a uma Sentença Anunciada: O Processo Lula (2017).