Vereador bolsonarista e evangélico Davi Esmael (PSD) quer impor censura em Vitória para obras de arte que estimulem a sexualização. Assim, a escultura Davi, do artista renascentista Michelangelo, uma das mais fascinantes obras da história da arte ocidental iniciada em 1501 e finalizada em 1504, com cinco metros de altura e cinco toneladas emn mármore maciço fica censurada de ser exibida em Vitória
Sob um pretexto religioso, o vereador Davi Esmael (PSD), atual presidente da Câmara de Vitória, apresentou um projeto de lei municipal instituindo censura a eventos culturais que, supostamente, ofereçam “serviços que estimulem a sexualização de crianças de crianças e adolescentes’. Ele não especifica quem e com qual critério vai exercer a figura de censor. O intuito é proibir o uso de verba pública para inúmeros eventos culturais. O projeto vem logo em seguida a criticada lei de sua autoria que ele denominou de “Eu escolhi esperar” e que prega abstinência sexual para adolescentes.
Agora, o parágrafo primeiro do artigo segundo do projeto de lei 184/2021 estabelece censura a “qualquer material impresso, sonoro, digital, audiovisual ou imagem, ainda que didático, paradidático ou cartilha, ministrado, entregue ou colocado ao acesso de crianças e adolescentes, bem como a folders, outdoors ou qualquer outra forma de divulgação em local público ou evento licitado, produção cinematográfica ou peça teatral, autorizado ou patrocinado pelo Poder Público Municipal, inclusive mídias ou redes sociais”. Leia a seguir a íntegra do projeto do vereador bolsonarista que preside a Câmara de Vereadores da capital:
Processo-12784_2021-Projeto-de-Lei-184_2021‘Consideram-se pornográficos todos os tipos de manifestações que firam o pudor, bem como materiais impressos, sonoros, digitais, audiovisuais ou imagens, que contenham linguagem vulgar, imagem erótica, de relação sexual ou de ato libidinoso, obscenidade, indecência, licenciosidade, exibição explícita de órgãos ou atividade sexual”, diz o vereador no parágrafo segundo do seu projeto. Davi Esmael, que é um ferrenho aliado do prefeito bolsonarista de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), se declara na sua conta do Facebook como sendo de direita.
No artigo quinto ele ainda estimula o sistema de “deduragem”. “Art. 5°. Qualquer pessoa física ou jurídica, inclusive pais ou responsáveis, poderá comunicar à Administração Pública Municipal e ao Ministério Público, violação ao disposto nesta lei. Parágrafo único – O Servidor Público que tomar conhecimento de violação desta norma deverá comunicar ao Ministério Público e, caso haja, ao seu superior hierárquico.”
Homenagens a um único segmento religioso
Davi Esmael se notabilizou na Câmara em ser parcial nas suas homenagens, como a realização de sessão solene, voto de louvor, entre outras homenagens. Não há uma única homenagem ou voto de louvor a um centro espírita ou terreiro de umbanda, mesquita islâmica, igreja católica, budista ou hindu, entre outras congregações religiosas. Todas as suas 14 homenagens neste ano, mesmo tendo um salário pago com dinheiro do contribuinte, foram para igrejas pentecostais evangélicas.
O sectarismo evangélico do vereador é motivo de controvérsia e de críticas entre seus opositores, uma vez que eleito o vereador tem a obrigação de prestar homenagens com a mesma presteza todo e qualquer segmento da sociedade do município que foi eleito. A ortodoxia em favor de um único setor é uma falha que dá motivo á criticas da sociedade de Vitória.