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Em Paris, Lula diz esperar que Macron seja parceiro “quando o Brasil tiver presidente que saiba ser presidente”

Lula recebe o prêmio Courage Politique da revista francesa Politique Internationale | Foto: Reprodução

Kiko Nogueira/DCM (Diário do Centro do Mundo)

O DCM acompanhou com exclusividade a cerimônia de entrega do prêmio Courage Politique a Lula em Paris.

O ex-presidente recebeu o diploma da mão do fundador da revista Politique internationale Patrick Wajsman no salão do hotel Four Seasons.

Sara Vivacqua e Willy Delvalle estão acompanhando a visita de Lula à Europa desde o discurso no Parlamento Europeu, em Bruxelas.

Lula foi escolhido por seu trabalho como presidente do Brasil entre 2003 e 2011 e por “uma obra marcada pelo desejo de promover a igualdade racial e social em seu país”.

A publicação lembrou “a tenacidade exemplar que demonstrou perante as perseguições políticas e judiciais de que foi alvo — esforços recompensados com a decisão do Supremo Tribunal Federal de anular as suas condenações”.

A galeria de laureados inclui Anuar el-Sadat, João Paulo II, Alexis Tsipras e De Klerk.

Em seu agradecimento, Lula abordou os temas que tem deslindado ao longo da turnê, destacando sua experiência com líderes franceses.

“Eu fui admirador do Mitterrand. Convivi com Chirac e com Sarkozy”, disse.

“Foram dois extraordinários parceiros do Brasil. Posso dizer que devo a respeitabilidade internacional que adquiri à boa relação que tive com a França”.

Citou o atual mandatário da aldeia de Astérix, desafeto de Jair Bolsonaro, com quem vai se encontrar nesta quarta, dia 17.

“Espero que o Macron seja um outro parceiro extraordinário quando o Brasil tiver um presidente que saiba ser presidente”, falou Lula

Fez uma digressão sobre a fome e, mais do que isso, apontou uma solução possível para esse flagelo.

“A revolução da engenharia genética produz alimentos como nunca se viu. Por que as pessoas passam fome? Simplesmente porque não têm dinheiro para comprar comida. E o dinheiro está aí, circulando. Trilhões e trilhões”, observou.

“Quando quebrou o Lemann Brothers, o dinheiro apareceu no sistema financeiro. Mas não aparece para acabar com a fome. Não é circunstancial. É milenar. O que é a imigração? Quem faz guerra? Quem é responsável pela guerra do Iraque, resultado de uma mentira muito grande contada pelo Bush e pelo Tony Blair?”

Não deixou de criticar também o império americano.

“Nunca houve armas químicas no Iraque. A única era o próprio Saddam Hussein. Por que invadir a Líbia contra o Gadafi? É muito fácil fazer uma guerra, mas é muito difícil lidar com os resultados dessa guerra”, afirmou.

“Por que a invasão da Síria? Tem coisas que ninguém explica. E a violência da guerra faz as pessoas irem pra Europa a nado. Em 1820, os europeus começaram a vir para a América do Sul na perspectiva de ter terra, emprego e criar família.”