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IBGE aponta que desemprego leva o Brasil a ter 82,4 milhões de pessoas sem nenhuma renda

Filhos de pessoas sem rendimento perdem a infância para poder ajudar a família na sobrevivência | Foto: Reprodução

Os reflexos da pandemia e da ausência de gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na condução da economia, aparece na mais recente publicação do IBGE, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, que tem objetivo de medir a força de trabalho dos brasileiros em determinado período e compara sua evolução ao longo dos tempos. Os dados apontam que o Brasil, com 211,1 milhões de pessoas residentes, possui 82,4 milhões de brasileiros, ou 39% da população, não tem nenhum rendimento. O desemprego é o principal fator da falta de renda.

De acordo com o PNAD contínuo do IBGE o maior exército de brasileiros sem nenhum rendimento é na Região Norte, com 45,4% da população, seguido da Região Nordeste, onde 42,7% dos moradores não tem nenhuma fonte de renda. Assim, o IBGE observou em suas pesquisas que em 2020, ocorreu crescimento da participação de outros rendimentos, que passou de 3,4% em 2019 para 7,2% do rendimento domiciliar per capita do ano passado.

Covid-19

Essa categoria compreende, além do rendimento de aplicações financeiras, seguro-desemprego e seguro-defeso etc., os programas sociais como Programa Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada (BPC-LOAS) e o Auxílio Emergencial, criado para fazer frente à pandemia do novo coronavírus (Covid 19). O rendimento de todos os trabalhos compunha 72,8% do rendimento médio mensal real domiciliar per capita, pouco abaixo de 2019 (74,4%). Os 27,2% provenientes de outras fontes se dividiam em aposentadoria ou pensão (17,6%), aluguel e arrendamento (1,5%), pensão alimentícia, doação ou mesada de não morador (0,8%) e outros rendimentos (7,2%).

O PNAD Contínuo ainda avaliou que a criação e inclusão do Auxílio Emergencial na categoria outros programas sociais, o percentual de domicílio com este tipo de rendimento passou de 0,7% em 2019 para 23,7% em 2020. Esse aumento aconteceu em todas as grandes regiões. Houve redução da proporção de domicílios que recebiam o Programa Bolsa Família (de 14,3% para 7,2%), uma vez que parte dos seus beneficiários passou a receber o Auxílio Emergencial. Já a proporção de domicílios que recebiam BPC-LOAS passou de 3,5% para 3,1% no período.

As Regiões Norte e Nordeste tinham as maiores proporções de domicílios com beneficiários de programas sociais: 12,9% e 14,2%, respectivamente, recebiam rendimento do Programa Bolsa Família; 5,0% e 4,5% recebiam rendimento do BPC-LOAS; e 32,2% e 34,0% recebiam rendimento de outros programas sociais, sobretudo Auxílio Emergencial.

Entre os que tem rendimento, o IBGE fez um gráfico estratificando a fonte dos recursos | Tabela: IBGE

1% com maiores salários é 34,9 vezes dos que ganham menos

Segundo o IBGE, as pessoas que estavam no último percentil de rendimento, ou seja, aquelas que faziam parte do 1% da população com rendimentos mais elevados (cujo rendimento médio mensal real era de R$15.816) recebiam, em média, 34,9 vezes o rendimento da metade da população com os menores rendimentos (cujo rendimento médio mensal real era de R$ 453). Em 2019, esta razão era de 40 vezes, maior valor da série.

Outra marca do governo Bolsonaro que aparece no levantamento do IBGE é que o rendimento de trabalho perde participação na renda total.  Em 2020, 40,1% da população residente (84,7 milhões) tinham rendimento do trabalho e 28,3% (59,7 milhões) tinham rendimento proveniente de outras fontes. Frente a 2019, houve redução da parcela correspondente ao rendimento do trabalho, que era de 44,3% (92,8 milhões) no ano anterior, e aumento do peso do rendimento de outras fontes, que correspondia a 23,6% (49,5 milhões).  Essa tendência ocorreu em todas as regiões.