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Vereadoras adicionam emenda no plano plurianual 2022-2025 de Vitória para recriar o Restaurante Popular

O Restaurante Popular atendia 2 mil pessoas por dia e, mesmo com a fome elevada no país e no Estado, continua fechado | Foto: PMV

A insensibilidade do prefeito bolsonarista de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos) diante da volta da fome no governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e da sua inércia diante da insegurança alimentar na capital do Espírito Santo, levou as duas únicas vereadoras mulheres da Câmara Municipal de Vitória (ES), Camila Valadão (Psol) e Karla Coser (PT) protocolaram proposta de reabertura do Restaurante Popular de Vitória. Mais de 1,3 milhão de capixabas vivem em um quadro de insegurança alimentar, sendo que entre esses há milhares que literalmente estão passando fome após a desastrada gestão de Bolsonaro.

Logo após ter sido eleito, ainda deputado estadual, Pazolini afirmou em entrevista à imprensa que iria “pensar” em reabrir o Restaurante Popular. Mas, com 11 meses sentado na cadeira de prefeito ainda não se pronunciou sobre o assunto, enquanto na fome avança em todo o Brasil, principalmente após a inflação ter retornado com força e o desempregado elevado não ter cedido.

A quantidade de 1,3 milhão de capixabas vivendo em um quadro de insegurança alimentar, com milhares passando fome se refere à existência de 425 mil domicílios capixabas cadastrados como abrigo de pessoas com insegurança alimentar. Cada domicílio tem em média três pessoas. Esse número é usado oficialmente pela Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) para avaliar os famintos do Estado. E, segundo a Ales, são dados extraídos da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2017-2018). Ou seja, antes de Bolsonaro assumir o governo e iniciar a sua política destruidora da economia. Leia a seguir a íntegra da emenda ao Plano Plurianual da cidade para município de Vitória 2022/2025, onde o Restaurante Popular ganha dotação de R$ 4 milhões para ser reaberto:

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Com autoria de Karla Coser e de Camila Valadão, a proposta de reabertura do restaurante foi feita através da Emenda 4.336/2021 ao Projeto de Lei (PL) 171/2021, proposto pela atual administração municipal, prevendo o Plano Plurianual da cidade para município de Vitória 2022/2025. A proposta foi apresentada por Pazolini às 19h46 do dia 30 de setembro último e já conta com 15 emendas.

A proposta é simples e se resume em alterar o valor previsto para a Ação 2044 – Reativação e Operação do Restaurante Popular de Vitória, sendo remanejado o montante vindo do Programa 0027 -Tecnologia da Informação e Comunicação mais participativa e conectada ao cidadão, para a Secretaria de Assistência Social e especificamente no item 2044 – Reativação e Operação do Restaurante Popular de Vitória no valor de R$ 4 milhões.

Na justificativa as duas vereadoras disseram: “A emenda visa ampliar o número de refeições disponibilizadas diariamente no Restaurante Popular para 2.000 refeições, totalizando 2.016.000 refeições para os quatro anos. Tal medida objetiva promover a oferta de alimentação de qualidade e custo baixo a um maior número de pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional, situação está agravada com a pandemia do novo Coronavírus.”

O ex-prefeito Luciano Rezende queria destruir as instalações do restaurante e foi impedido pela Justiça | Foto: Arquivo/PMV

Histórico

O Restaurante Popular surgiu em Vitória com a iniciativa do Programa Fomes Zero, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, inicialmente, funcionou no antigo restaurante do Sesc, no Bairro Parque Moscoso. O restaurante foi inaugurado pelo ex-prefeito João Coser (PT). Em 9 de julho de 2012 o ex-prefeito Coser reinaugurou o Restaurante Popular em instalações próprias na Rua Hermes Cury Carneiro, Ilha de Santa Maria com capacidade de fornecer 1.600 refeições e 400 marmitex por dia. O total investido na construção da nova sede foi de R$ 2.640.023,61. O valor da refeição continuou sendo o mesmo do espaço alugado ao Sesc, de R$ 1,00 o prato e R$ 1,50 a marmitex. O funcionamento era de 10h às 14 horas.

O espaço próprio, com cerca de 728 metros quadrados, oferecia mais espaço e conforto para a população, além de área de distribuição de marmitex, ar-condicionado e banheiros acessíveis para pessoas com deficiência foram algumas das novidades daquela então nova sede.

Luciano Rezende foi quem fechou

Após a saída do ex-prefeito João Coser (PT) de Vitória e a entrada do ex-prefeito pelo conservador Luciano Rezende (Cidadania), este determinou o fechamento do chamado de “restaurante de R$ 1,00”, no final de junho de 2015. Sem coragem de dizer a verdade, de que estava fechando definitivamente, o ex-prefeito Luciano Rezende mandou fixar na porta do restaurante um comunicado mentiroso: “Aviso: O Restaurante Popular de Vitória ficará fechado para manutenção durante o mês de julho. Atenciosamente, Prefeitura Municipal de Vitória”. No dia 31 de julho daquele ano Rezende mandou retirar o aviso e se calou sobre o assunto até o final de seu governo, em 31 de dezembro de 2020.

Não satisfeito, Luciano Rezende ainda queria destruir o Restaurante Popular de Vitória e só não conseguiu realizar o seu intento destrutivo porque os conselhos municipal e estadual de segurança alimentar juntamente com o Ministério Público Estadual (MPES) e Defensoria Pública Estadual (DPES), conseguiram o embargo da destruição. Rezende queria acabar com a estrutura do restaurante para criar no local um Banco de Alimentos. Já a gestão de Pazolini assumiu compromisso, diante da ordem judicial para seu antecessor, a manter o espaço preservado na Ilha de Santa Maria.