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Com a volta da importação da carne pela China e Rússia, consumidor deve se preparar para nova disparada nos preços

No mesmo dia a China e a Rússia anunciaram que vão voltar a importar carne bobina e suína brasileira | Foto: Reprodução

Com o anúncio feito pela China e a Rússia de que vão voltar a importar a carne bovina e suína brasileira em um total inicial de 400 mil toneladas, o consumidor brasileiro deve se preparar para novos aumentos abusivos no preço do produto. É a lei da oferta e da procura. Enquanto os pecuaristas pensam em aumentar o lucro ao vender a carne em dólar, pela cotação internacional, a oferta no mercado interno volta a ser reduzida. Com menor quantidade no mercado interno, o preço se eleva.  O anúncio desses dois grandes compradores não é uma boa notícia para o consumidor brasileiro.

A Administração Geral de Alfândegas da China (GACC, na sigla em inglês) autorizou a importação de carne bovina brasileira certificada antes do dia 4 de setembro e que estava com a aquisição suspensa desde o surgimento de dois animais com a doença da vaca louca. Foram registrados dois casos de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EBB_, nome técnico do mal da vaca louca), um Minas Gerais e outro em Mato Grosso.

 A decisão do governo chinês foi publicada nesta última terça-feira (22). Com a decisão, cerca de 100 mil toneladas de carne bovina brasileira poderão desembarcar em portos chineses, segundo estimativas da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo). Apesar disso, os chineses disseram que o embargo, no entanto, continuará.

Ministra de Bolsonaro comemora

A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do governo Bolsonaro, Tereza Cristina, comemorou a redução da oferta no mercado interno de carne bovina após o anúncio do governo chinês. Em uma postagem no Twitter, ela disse: “Notícia importante para a nossa pecuária. A Administração Geral de Alfândegas da China (GACC) informou que foi autorizada a entrada de cargas de carne bovina com certificação sanitária até o dia 03/09/21. Continuamos as negociações para a retomada das exportações regulares”.

Segundo a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, a liberação desses lotes pela GACC representa um primeiro passo rumo à retomada das exportações regulares para a China. “Não existe motivo de preocupação nem para os nossos consumidores nem para os consumidores externos. Essa liberação alivia os nossos exportadores que tinham muitos desses contêineres no mar ou em portos, que serão então liberados para entrarem na China. Agora, temos um próximo passo para liberar a suspensão da carne brasileira daqui para frente. Estamos em andamento neste processo e espero que isso aconteça ainda no próximo mês”, acrescentou Tereza Cristina.

Rússia vai comprar três vezes mais do que a China

Logo em seguida ao anúncio feito pela China, o regulador de segurança sanitária da Rússia disse que retomará a importação de carne bovina e suína de 12 unidades brasileiras ainda nesta semana. No anúncio russo foi dito que foi decidido ampliar a lista de produtores brasileiros certificados para fornecer carne bovina ao país. A restrição da Rússia à carne brasileira não foi por causa de ter sido constatado dois casos da doença vaca louca, mas sim porque criadores de bovinos e de suínos brasileiros usam o aditivo ractopamina. A restrição russa vem desde 2017. No mês passado, a Rússia havia permitido a importação de carne bovina de três grandes exportadoras brasileiras.

A Rússia, como país comprador, com amparo no princípio da reciprocidade, adotado pela OMC – Organização Mundial do Comércio, ao não autorizar o uso da substância em seu país, encontra amparo para exigir do Brasil que as carnes: bovina e suína que lhes sejam vendidas sejam de animais que não foram submetidos à alimentação em que a ractopamina tenha sido utilizada.

Ractopamina é proibida em mais de 50 países

O uso de ractopamina faz parte da ganância dos produtores de bois e, principalmente de porcos, que utilizam como um ingrediente de rações em animais confinados, embora seja um produto químico proibido em mais de 50 países. Mas, o vale tudo pelo lucro fácil e a conivência do governo federal permite a utilização do produto que chega ás mesas dos brasileiros embutidos dentro da carne consumida.

A ractopamina é adicionada à ração de animais de produção, principalmente dos suínos, para ajudar no seu desenvolvimento muscular. Ela é proibida em mais de 50 países porque não há pesquisas suficientes que comprovem sua segurança, mas é permitida pelo no Brasill,. Os maiores produtores de carne não utilizam a ractopamina na ração de seus animais porque os importadores não aceitariam, mas muitos ainda insistem em defender o aditivo.

Produto prova estresse e hiperatividade

O produto é um beta-agonista que atua redirecionando os nutrientes da gordura para a deposição em proteína magra, ou seja, atua no organismo do animal visando maior produção de massa muscular e reduzindo a gordura. A ractopamina foi descoberta em 1958. Os beta-agonistas não são considerados hormônios, bem como não possuem função antimicrobiana. Na medicina humana são utilizados a mais de trinta anos como bronco dilatadores

Apenas um estudo foi realizado sobre os efeitos nos seres humanos. Foram observados a elevação do ritmo cardíaco e palpitações. Segundo o FDA (órgão norte-americano responsável pelo controle de alimentos), os efeitos nos animais incluem toxicidade e outros risco de exposição, como mudanças de comportamento e problemas cardiovasculares, reprodutivos e endócrinos. A substância também é associada aos altos níveis de estresse no animal, hiperatividade, membros fraturados e morte.