O Carone, que já teve a acusação de agredir há um ano uma criança de 12 anos apenas porque vendia bombom na rua em frente à loja de Jardim da Penha, ainda tem no seu currículo criminal a morte de um homem acusado de roubar picanha de ter sido asfixiado até a morte pelos seus seguranças
Está programado para esta quinta-feira (23), às 17 horas, a realização um protesto contra o espancamento de um jovem negro por seguranças brancos do supermercado Carone de Laranjeiras, na Serra. O ato é promovido por grupos das comunidades negras e de defesa dos direitos humanos. A rede de supermercado que já tem uma ficha criminal envolvendo assassinato por asfixia de acusado de roubo de picanha e de violência contra criança que vendia bombom na calçada em frente a uma loja da rede Carone, usou uma agência de publicidade para responsabilizar quem filmou na ação criminosa de seus seguranças.
O supermercado, que se recusou dar um posicionamento à imprensa no dia do espancamento, ficou preocupado com a repercussão nacional do crime de espancamento e de uso de violência contra um homem negro optou em usar uma agência de publicidade para fazer um vídeo para dar a sua versão. O vídeo juntamente com a defesa dos seguranças que praticaram o crime foi postada na madrugada desta última quinta-feira (22), exatamente à 0h51minutos.
A versão da empresa foi pior para ele, porque incitou ainda mais os ânimos contra o supermercado, porque ao invés dizer que iria apurar os fatos e punir os agressores que prestaram o serviço de segurança, o Carone tenta desestimular a quem presencia e filma a ocorrência de um crime à sua frente. No vídeo, o Carone chama o banheiro, local do espancamento, de “sala” e, pior, joga a responsabilidade no professor que fazia a filmagem.
“Nesse momento podemos ver o cliente de camisa azuil começando a filmar e incitar o indivíduo detido e intimidar os terceirizados que o conduziam. O cliente de camisa azul continua a se exaltar promovendo uma gritaria e xingamentos chamando atenção de todos ao redor”, diz em trecho da sua versão produzida por agencia de publicidade. Mas, pessoas ligadas aos direitos humanos afirmam que é obrigação de qualquer um filmar e divulgar uma cena de crime. O supermercado alega em seu vídeo, com uso de camertas de segurança, que o acusado tentatava roubar uma bicicleta, fato que não consumado, e que a “detenção tranquila” pelos seus seguranças era para aguardar a chegada da Polícia.
Ficha criminal do supermercado Carone
A ficha criminal do Supermercado Carone contém outros casos de violência. O advogado André Moreira lembra que há um ano atrás, em 24 de dezembro de 2020, o supermercado Carone de Jardim da Penha virou noticia policial por ter seus seguranças agredido um menino de 12 anos. A criança estava na rua vendendo bombons e só pelo fato de estar na calçada, a criança foi violentamente agredida pelos representantes da rede de supermercado Carone.
Os seguranças mandaram a criança sair da rua por estar na frente do supermercado e diante da recusa foi agarrada violentamente pelo pescoço. O advogado informou para a imprensa que essa ação violenta do Carone, que representa o Coletivo Cidadania, Antirracismo e Direitos Humanos no espancamento do jovem negro na loja do Carone de Laranjeiras na última sexta-feira (17), será adicionada na denúncia criminal a ser protocolada no Ministério Público do Espírito Santo (MPES).
Já no início de 2016 a ação violenta dos seguranças do mesmo supermercado de Laranjeiras levou, segundo o laudo conclusivo do Departamento Médico Legal (DFML) à morte por asfixia de um homem acusado de ter roubado duas peças de picanha. Na época o comportamento do Carone foi o mesmo do recente espancamento do homem negro. Mesmo com a Polícia Civil divulgando o laudo feito por peritos acostumados a desvendar o motivo de centenas de assassinatos, o Carone usou um advogado para pôr em dúvida o laudo e defender o argumento de seus seguranças de que a vítima havia “passado mal”.
Defensoria Pública quer explicações
A Defensoria Pública do Estado do Espírito Santo, por meio do Núcleo de Direitos Humanos, está reunindo informações sobre o caso de um homem negro que teria sido vítima de agressões por parte de seguranças particulares em supermercado na Serra.
Um ofício foi encaminhado à empresa nesta semana, solicitando esclarecimentos sobre o fato, como: protocolos adotados pela empresa de segurança patrimonial e imagens do circuito interno de monitoramento, especificamente, da sala onde o homem foi mantido.
O caso chegou à Defensoria Pública por meio da Secretaria de Direitos Humanos, que obteve o vídeo de um homem negro que teria sido espancando em uma sala fechada de um supermercado na Serra. As imagens mostram o homem abrindo a sala e sendo agarrado por dois seguranças particulares, tendo seus cabelos puxados e as mãos forçadas para trás.