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Pesquisadores da Ufes coordenam projeto que objetiva produção de café em Moçambique

A equipe da Ufes que coordena a parte brasileira do estudo já ostenta os primeiros resultados positivos

Pesquisadores da Ufes na África | Foto: Divulgação/Ufes

Devido a sua reconhecida experiência mundial de pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) no desenvolvimento de pesquisa sobre café, a instituição de ensino federal do Estado coordena a execução de um projeto que objetiva a produção de café em Moçambique. “Nós somos a primeira instituição de pesquisa do mundo na publicação de artigos científicos sobre café conilon/robusta, e a quinta quando se trata de café em geral (conilon e arábica)”, enfatizou o professor da Ufes Fábio Partelli.

De acordo com informações divulgadas pela Ufes, os pesquisadores envolvidos no projeto na África realizaram duas visitas a Moçambique, dentro do que preconiza o projeto “Desenvolvimento Sustentável do Café no Parque Nacional Gorongosa (PNG)/Moçambique em sistema Agroflorestal Integrado no Contexto da Deflorestação, Alterações Climáticas e Segurança Alimentar”. A equipe da Ufes que coordena a parte brasileira do estudo já ostenta os primeiros resultados positivos.

A iniciativa conta  com financiamento conjunto da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua de Portugal, tendo como instituições implementadoras a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), o Instituto Superior de Agronomia (ISA) da Universidade de Lisboa e o Parque Nacional da Gorongosa, de Moçambique.

Segundo a instituição, foi obtido o manejo correto da cultura do café arábica no Parque Nacional da Gorongosa, naquele país africano. O desenvolvimento do projeto conta com financiamento da Agência Brasileira de Cooperação e a previsão é que o estudo seja executado em 60 meses. O projeto teve início no final de 2017, quando foi assinado um acordo de cooperação técnica trilateral entre Brasil, Portugal e Moçambique.

Objetivo

 O objetivo é implementar um sistema de produção de café sustentável no Parque Nacional da Gorongosa para reduzir o impacto ambiental, como os efeitos da deflorestação e da pressão das alterações climáticas, promover o agronegócio e aumentar o rendimento e a segurança alimentar das famílias rurais da região. O Parque Nacional da Gorongosa é uma área de conservação situada na zona limite Sul do Grande Vale do Rift Africano, no coração da zona centro de Moçambique.

O parque, com um pouco mais de quatro mil quilômetros, inclui o vale e parte dos planaltos circundantes daquele país. O desafio, segundo a Ufes, é promover a orientação técnica para plantar café numa pequena área do parque, com cerca de 300 hectares, onde não há nenhuma tradição do cultivo dessa planta e que possui como atrativo principal o safari internacional, com grande população de leões, elefantes e rinocerontes, entre outros animais.

O coordenador da parte brasileira do projeto, o professor Partelli, afirmou que o trabalho somente será considerado como sendo economicamente viável se possuir um grande valor agregado. “A idéia é produzir o café para ser comercializado na Europa e nos Estados Unidos, agregando qualidade e valor. Dessa forma, o projeto pode representar uma boa fonte de renda para as 1.600 famílias que moram na região, caracterizada pela pobreza extrema”, explicou. O projeto envolve técnicos, estudantes e professores de graduação e pós-graduação do Brasil e de Portugal.

O orçamento inicial do projeto é de US$ 903 mil  (R$ 3,6 milhões), e pretende proporcionar inicialmente o beneficio para 85 produtores rurais por ano, sendo 25% mulheres. Além disso, estarão envolvidos servidores técnicos, estudantes e professores de graduação e pós-graduação de Brasil e Portugal, que participarão de ações de capacitação e formação de técnicos, agricultores e estudantes de licenciatura, mestrado e doutorado de Moçambique.

“Nós somos a primeira instituição de pesquisa do mundo na publicação de artigos científicos sobre café conillon robusta, e a quinta quando se trata de café em geral”

Fábio Parftelli, professor da Ufes

O projeto é fruto de uma parceria institucional existente há mais de 10 anos, de trabalhos de pesquisa em café entre Brasil e Portugal, agora com o objetivo mútuo de apoiar o desenvolvimento de recursos humanos e tecnologia agrícola em Moçambique. Entre outras ações está a elaboração de um manual de boas práticas de gestão e manejo da cultura do café, com foco em aspectos determinantes como procedimentos de condução, manutenção das plantas ao longo do ano, colheita, processamento e armazenagem do café. O manual será distribuído gratuitamente aos produtores rurais de Moçambique.

Segundo a Embaixada de Portugal em Moçambique, “a iniciativa decorre do interesse dos governos de Portugal e do Brasil em adensarem a sua cooperação técnica, a qual se materializou com a assinatura de Memorando de Entendimento. O referido projeto terá uma abordagem complementar às atividades desenvolvidas pelo PNG que busca adotar um modelo de conservação inovador, equilibrando as necessidades humanas e a conservação da biodiversidade, promovendo a capacitação de recursos humanos e a excelência técnico-científica na área da cafeicultura”.

Em nota, a embaixada portuguesa naquele país ainda ressaltou que o projeto associa-se a outras colaborações, assim como o estabelecimento de docência em cursos avançados de biodiversidade, instalação do laboratório de genética, mentoring e o desenvolvimento do Mestrado em Biologia da Conservação (em parceria com as Universidades do Zambeze e do Lúrio e com o Instituto Superior Politécnico de Manica, e com a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa).