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Poder de pressão, churrascos e ossos

Foto Elineudo Meira

por Francisco Celso Calmon

O dia em que o povo puder comer na churrascaria que o grupo prerrogativas levou o Lula e o Alckmin para jantar, será o dia da comemoração da realização da quimera do comunismo. Como o Lula defendeu esse direito, é sinal de que o comunismo não está tão fora do horizonte, será? Ou não passou de uma frase retórica e uma racionalizada para os presentes não se sentirem constrangidos? Como o comunismo não está no horizonte viável da classe trabalhadora, a resposta é, lamentavelmente, a segunda, contudo, pensar assim, já é um eixo para evoluir e realizar mais do que políticas públicas favoráveis às classes dominadas e exploradas, também promover o fomento e o fermento para o povo se organizar em comitês de sustentação da democracia.

É hora de juntar com a meta de todos fazerem três refeições por dia, se organizarem em três mil comitês por mês. Os trabalhadores e os militantes carecem dessa orientação do seu líder maior.

A mais ampla aliança não dará a segurança para a realização de um governo progressista, as elites brasileiras são insensíveis e a burguesia nativa não comunga da ideologia social-democrata, portanto, sem o povo politizado e organizado em comitês o governo progressista estará tão frágil como no passado.

Enquanto o Lula não dirigir seus discursos com orientação organizatória, padeceremos de fragilidade para sustentação e resistência de uma democracia popular. E com tal postura se assumirá como um líder de classe e não populista.

Os lideres e formuladores de esquerda podem fazê-lo, mas não será suficiente, são muitos anos de práxis burocrática, dependente e cosmética.

O show do grupo prerrogativas, num mix de estilo, campanha americana e natal coletivo das grandes empresas, com distribuição de mimos e homenagens, foi uma demonstração que o eixo jurídico ainda tem recall para mobilizar politicamente operadores do direito e políticos. Cumpriu o objetivo proposto, de fazer o lobby em prol da chapa Lula/Alckmin.

A política se faz por mobilizações de todas os segmentos sociais, por isso mesmo, felicito o grupo.

A porteira de demandas e arrivismos está aberta, e o show precisa continuar.

É dialeticamente necessário que os segmentos de trabalhadores do campo e da cidade, os SEM terra, teto, comida e emprego, intelectuais e artistas, façam suas mobilizações para eventos em teatros, ginásios, estádios, praças, acampamentos, pois os ventos devem soprar de todos os lados sociais e progressistas para Lula e partidos sentirem e poderem fazer a síntese do possível.

Se a classe trabalhadora não exercer o seu poder de pressão, a pequena burguesia o fará em nome dela, e a classe dominante aproveitará.

Servir a dois senhores, cuja contradição principal é antagônica, é como acender uma vela ao Papa e outra ao Biden.

A síntese vai orientar as políticas públicas econômicas e sociais de distribuição de renda e riqueza, e através da superestrutura do Estado fomentar e fermentar o empoderamento popular: comitês, conselhos, assembleias etc.

Somente o povo consciente e organizado pode garantir um governo democrático-popular. A direita pode tolerar, jamais apoiar.

O que fazer de imediato? A classe trabalhadora apresentar um programa mínimo e máximo, uma lista de reivindicações e sugestões políticas e sociais.

Se haverá novamente a conciliação de classes, irá depender do poder de pressão da classe dominada, porquanto a força da classe dominante todos já conhecemos, é capaz de golpes, violentos e híbridos.

Ressalto que acordo não significa necessariamente conciliação, pode significar tática do momento, por outro lado, observo que mais com menos subtrai em vez de somar.

Dia 25 de dezembro celebra-se o nascimento de Jesus, o Cristo que foi um exemplo subversivo da religião e dos costumes da época, prisioneiro do sistema, torturado e crucificado, foi transformado em religião, cuja prática dos seus adeptos, historicamente, ficou e está longe de se aproximar do que pregou e praticou, amor, fraternidade, solidariedade, o antipreconceito e justiça, mas, quem sabe, oxalá, incentivado pelo Papa, meu xará, que exortou a juventude a ser revolucionária, e já anatematizou o capitalismo, os cristãos se tornem exemplos de lutadores da democracia popular e socialista.

Desejo a todos os leitores do GGN e a família Nassif, boas festas e que as luzes natalinas e do réveillon e a estrela de Belém, a estrela guia, iluminem e indiquem o caminho libertário do povo brasileiro em 2022.

Nenhuma família sem teto/Nenhum trabalhador sem emprego/Nenhum brasileiro sem comida.

Francisco Celso Calmon, coordenador do canal pororoca e ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça