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Casagrande autoriza aumento de pedágio acima da correção do salário mínimo. Ida e volta à Guarapari de carro já custa R$ 21,80

Manifestação contra o pedágio da 3ª Ponte em 2013. Quase 9 anos depois, a Rodosol ganha reajuste acima do mínimo | Foto: Arquivo

O governo do PSB de Renato Casagrande desafiou o ano eleitoral, onde ele pretende renovar mandado de governador, e contemplou a Concessionária Rodovia do Sol S.A (Rodosol), a empresa que explora a cobrança de pedágio dentro da região metropolitana de Vitória com aumentos de 21,12% (Rodovia do Sol) e de 14,29% (Terceira Ponte), percentuais bem acima do reajuste do salário mínimo, que neste mês foi reajustado em apenas 10,19%. A concessionária está sob o gerenciamento do governo de Renato Casagrande (PSB), que ao conceder o benefício para a Rodosol fez com que a ida e volta a Guarapari passe a custar, de automóvel, R$ 21,80, um dos mais caros pedágios do Brasil. O próximo aumento do governo do Estado são as passagens do Transcol.

Com esses valores, os pedágios dentro da Região Metropolitana de Vitória estão entre os mais caros do Brasil | Fonte: Governo ES

Para quem mora em Guarapari e trabalha em Vitória, ou vice-versa, vai ter que desembolsar R$ 654,00 por mês, sem levar em conta o gasto abusivo com a gasolina promovido por sucessivos aumentos de preço no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). Isso de automóvel, porque mesmo existindo uma lei recente que concede isenção para motos, a tabela aprovada pelo atual governo do Estado estabelece cobrança de R$ 5,40 (ou R$ 10,80 para ida e volta) para motocicletas, motonetas e até para bicicletas a motor.

Os aumentos foram autorizados através da Agência de Regulação de Serviços Públicos do Espírito Santo (ARSP), cujas três mulheres nomeadas por Casagrande para gerenciar esse órgão do governo do Estado são: Joana Moraes Resende Magella (diretora presidente), Kátia Muniz Côco (diretora de Saneamento Básico e Infraestrutura Viária) e Bárbara Carneiro Caniçali (diretora Administrativa e Financeira).

Para aliviar as despesas da Rodosol, que deveria cumprir uma lei aprovada pela Assembleia Legislativa do Espírito Santo onde é determinada a construção de muretas de proteção para evitar os constantes suicídios, o atual governo estadual optou em usar R$ 127 milhões do contribuinte capixaba e fazer a proteção através de uma ciclovia, que denominou de Ciclovia da Vida.. A obra foi iniciada no último dia 23 de novembro e a solenidade contou com a presença do governador do PSB. Assim, a Rodosol não precisou desembolsar o dinheiro e ainda foi contemplada com um novo reajuste no pedágio.

Não há motivo para continuidade de pedagio na 3ª Ponte, entende quem a inaugurou, o ex-governador Max Mauro | Foto: Grafitti News

“Escândalo”

Nenhuma das três, responsáveis pelo cálculo que beneficiou a Rodosol, levou em consideração de que há um número recorde de trabalhadores desempregados, que o Brasil sob o governo Bolsonaro voltou ao mapa da fome e com milhares de brasileiros passando fome e nem a inflação elevada que corroem os salários. “Esse pedágio cobrado era um escândalo”, disse o ex-governador Max Mauro em 2013 durante a maior manifestação popular do Espírito Santo contra a continuidade da cobrança do pedágio nos quatro quilômetros que dividem Vitória de Vila Velha.

O ex-governador Max de Freitas Mauro, que foi quem conseguiu concluir a construção da Terceira Ponte, é um crítico da continuidade da cobrança do pedágio desde 2014, quando houve uma efervescência na sociedade capixaba contra a cobrança. Na ocasião houve as maiores manifestações da História do Espírito Santo, agora esquecidas pelos deputados estaduais aliados de Casagrande e que integram a Comissão Especial de Fiscalização da Rodosol.

Segundo o ex-governador a ponte não tem nada a ver com a Rodovia do Sol. Ele se recordou que quando foi  eleito em 1986 a Rodovia do Sol tinha sido planejada em um trajeto que passava pelas Cinco Pontes, a Ponte Florentino Avidos, Avenida Carlos Lindenberg e o Centro de Vila Velha. “Esse que era o projeto, mas eles consideraram a praça do pedágio o quilômetro zero da Rodovia do Sol”, disse sobre o golpe que governantes posteriores deram para prejudicar a população.

“Já está paga”

O ex-governador  ainda afirmou que a ponte já estava paga desde a época da renovação, já que a então Odebrecht, que era sócia da Rodosol, planejou a instalação de uma praça de pedágio f no governo anterior ao seu, como forma de garantir o pagamento pelo término da construção. Na ocasião essa foi a solução encontrada pelo Governo do Estado para garantir a obra, já que não havia dinheiro público suficiente para a conclusão do projeto. Mas, com a cobrança do pedágio a dívida já foi paga há quase 20 anos, sendo injustificável a continuidade da cobrança do pedágio.

Max Mauro descerrou a placa de inauguração às 10h20 do dia 23 de agosto de 1989, para em seguida fazer o percurso inaugural entre Vitória e Vila Velha. A obra levou 11 anos para ser construída e mesmo não tendo sido organizada uma festa, com poucas pessoas convidadas oficialmente, um grande público compareceu à praça de pedágio da Terceira Ponte.

Desconectada da realidade atual da economia brasileira sob o governo de Bolsonaro, a Agência do governo Casagrande que autoriza os aumentos ainda declarou que o pedágio da Terceira Ponte “se encontra reduzido conforme determinado pelo Juízo da 2ª Vara da Fazenda Pública Estadual, Municipal, Registros Públicos, Meio Ambiente e Saúde e que estão sendo adotadas as medidas necessárias para cumprimento das diretrizes estabelecidas no Acordão 01450/2019-1 do Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo”. Ou seja, o governo estadual ainda quer beneficiar a Rodosol com outro reajuste.