Colocada à venda em leilão por apenas R$ 327 milhões, a Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) é o primeiro porto público brasileiro a ser entregue em uma privatização feita pelo governo de extrema direita brasileiro, que tem a frente o presidente Jair Bolsonaro. A venda por um preço tão baixo compreende os terminais portuários da empresa no Centro de Vitória, em Paul, no município de Vila Velha e o Portocel, em Aracruz. Mas, os bolsonaristas inventaram mentiras para jogar a população contra os portuários e entre essas está a deturpação das conquistas feitas entre a categoria e a empresa, que é quem paga os salários e não o governo federal.
Foi diante dessas inverdades que o Sindicato Unificado da Orla Portuária do Estado do Espírito Santo (Suport-ES) trouxe nesta última segunda-feira (24) um esclarecimento à população, através do seu boletim Acontece no Cais, sob o título “Benefícios de Funcionários da Codesa são direitos legítimos conquistados em Acordo Coletivo”. Os esclarecimentos tiveram o aval da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), que fez a divulgação nacional.
Íntegra dos esclarecimentos dos portuários
Os benefícios dos funcionários da Codesa, de carreira ou comissionados, são direitos conquistados em Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) entre a companhia docas e o Suport-ES, sindicato legítimo para representar a categoria. Todas as conquistas são resultado de anos a fio de reivindicações, reuniões, acordos judiciais, manifestações e até greves, para não retroceder nos direitos adquiridos para os trabalhadores.
Ter salários, benefícios e auxílios maiores que os oferecidos no mercado geral quer dizer que esses trabalhadores têm um sindicato combativo, persistente nos seus propósitos, incansável diante de tantos nãos.
Também mostra que, na verdade, a grande maioria das empresas privadas paga menos do que deveria para garantir a subsistência adequada do trabalhador e de sua família.
A imprensa mesmo sofre com as mazelas da falta de anunciantes e a decadência do jornal impresso, e se rende ao idealismo econômico disfarçado de ideologia política para conseguir migalhas para se manter no mercado.
Aos jornalistas que estão nas redações é pago salário de fome, sem falar no estresse e no assédio moral. Eles desconhecem o que é ser bem remunerado e dar condições dignas às suas famílias, talvez por isso estranhem esse sentimento de dignidade conquistado por muitos portuários.
Ao contrário de muitos veículos de comunicação, a Codesa justifica sim sua existência: além de ser um porto estratégico simplesmente por sua localização geográfica, em 2021 bateu recorde de movimentação, com 8 milhões de toneladas operadas pelos portuários. Em 2020, o lucro foi de R$ 30 milhões.
A Codesa é autossustentável, o salário dos trabalhadores é pago pela companhia, e não pelo governo federal. É fruto do empenho de vários profissionais altamente capacitados e especializados, muitos operando dia e noite para receber o que lhes é devido no final do mês.
Tais benefícios também são conquistas de trabalhadores de outros terminais portuários e de empresas que trabalham com o justo reconhecimento aos serviços prestados.
A Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest), que idealizou o Relatório de Benefícios das Empresas Estatais Federais (Rebef), é o mesmo órgão que aprova os acordos coletivos celebrados entre Suport-ES e Codesa, também reconhecidos no Tribunal de Contas.
Além de gerar impostos para os municípios e Estado, também oferta empregos para cerca de 30 mil famílias que dependem da atividade portuária.
Tudo parece mais uma jogada do governo federal para colocar a opinião pública contra os trabalhadores das empresas estatais federais, numa disputa onde só quem quer levar a melhor são as multinacionais, que vão faturar com a compra da Codesa, apenas a primeira da lista de várias que vão ser vendidas à iniciativa privada a preço de banana.