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Senadores querem convocar governo Bolsonaro para explicar compra de sistema de espionagem em ano eleitoral

O aplicativo da DarkMatter, em negociação pelo governo Bolsonaro, tem como objetivo infectar celulares e computadores, para roubar informações de oposicionistas, ativistas e jornalistas

O gabinete do ódio quer monitorar as conversas dos oposicionistas neste ano eleitoral | Foto: Reprodução/Facebook

A presidente da Comissão de Relações Exteriores, Kátia Abreu (PP-TO), afirmou em suas redes sociais que vai convocar ministros do governo de Jair Bolsonaro para esclarecer supostas negociações para aquisição de um sistema de espionagem. A senadora teme ameaças à democracia, por se tratar de um ano eleitoral e pelo fato de a tecnologia em questão, da empresa DarkMatter, ter sido usada em países totalitaristas para monitorar e silenciar opositores. As informações referentes ao legislativo são da Agência Senado.

O filho do presidente Jair Bolsonaro (PL) e vereador pelo Rio de janeiro Carlos Bolsonaro, do partido criado pela Igreja do Reino de Deus, o Republicanos, foi quem abriu as negociações com a empresa especializada em fabricar equipamentos de vigilância do cidadão, a DarkMatter, fundada nos Emiratos Árabes Unidos. A reunião ocorreu em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos e foi durante a farra com dinheiro público que os Bolsonaros e imensa comitiva foram na Feira Aeroespacial, a Dubai AirShow, que ocorreu no final do ano passado.

Áudio da Rádio Câmara falando sobre o interesse de senadores em apurar a compra do sistema de espionagem com dinheiro público

Espionagem com celular ou computador desligado

O interesse do gabinete do ódio, onde participam os bolsonaristas sob o comando direito dos filhos do presidente, é monitorar neste ano eleitoral os opositores ao governo de extrema direita e municiar o grupo paralelo com a ferramenta espiã. A DarkMatter desenvolveu um software espião capaz de infectar quaisquer dispositivos que estejam conectados a uma rede. Após a infecção, funciona de forma semelhante ao Pegasus da NOS israelense, tendo acesso a todas as informações do aparelho, microfone e câmeras, tudo isso sem o usuário saber que está sendo hackeado.

Além disso, o programa pode extrair dados até mesmo de dispositivos desligados. O programa da DarkMatter é uma ferramenta poderosíssima e que gera preocupação de ativistas e entidades que lutam pela democracia. Ainda segundo a reportagem de Jamil Chade e Lucas Valença, um integrante do gabinete do ódio, ligado ao vereador Carlos Bolsonaro, se encontrou com representantes da DarkMatter em um evento que ocorreu em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, a fim de negociar o software espião.

Em Dubai, o gabinete do ódio também mantiveram conversas com outra empresa desenvolvedora de softwares espiões, Polus Tech, chefiada pelo desenvolvedor israelense Niv Karmi, co-fundador do NSO Group. Os encontros escancaram o interesse do governo na aquisição destes programas, mas as negociações ainda não foram finalizadas. O NSO Group está no centro de algumas polêmicas e é acusado de comercializar o Pegasus com governos antidemocráticos que utilizaram o spyware para espionar adversários políticos, ativistas e jornalistas.

A prática da empresa israelense motivou o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a colocá-la em uma lista de proibição de comércio do país. Com a medida, nenhuma empresa americana pode estabelecer relações de negócios com a companhia israelense.