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Prefeituras de Vila Velha e de Guarapari são acusadas de deixar esgoto a céu aberto

Esgoto a céu aberto em Ponta da Fruta é ignorado pela Prefeitura de Vila Velha | Foto: Moradores/Redes sociais

Todo mundo sabe que políticos profissionais não gostam de realizar obras de infraestrutura, principalmente as redes de esgoto, porque não tem a visibilidade e garantia de votos de um ginásio esportivo coberto, um asfalto e uma rua ou a recuperação da pracinha do bairro. Esse é o caso de prefeitos e ex-prefeitos de Vila Velha e de Guarapari, que há quase nove anos iniciaram a obra de tratamento de esgoto sanitário nos bairros de Ponta da Fruta e Nova Ponta da Fruta, em Vila Velha, e Recanto da Sereia, em Guarapari e, como era de se esperar, não concluíram.

Diante desse descaso, nesta última quinta-feira (10), os moradores e os líderes comunitários dessas comunidades foram ouvidos pela Frente Parlamentar de Fiscalização de Obras de Coleta e Tratamento de Esgoto. O colegiado é da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) e tem como presidente o deputado estadual Fabricio Gandini (Cidadania). Ao abrir o encontro informou que esteve na região, a pedido dos moradores, para conhecer o panorama relacionado aos problemas com o esgoto não tratado.

“É uma região tão linda e importante para o Espírito Santo. Vamos nos empenhar para buscar uma solução”, prometeu. O diretor de Engenharia e Meio Ambiente da Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan), Pablo Andreão, foi à reunião e disse que também esteve reunido com os moradores da região há seis meses para explicar a situação.

O representante da Cesan disse que duas empresas deixaram as obras e que foram punidas conforme a legislação. “É uma obra com 50 mil metros de rede. Da Barra do Jucu a Recanto da Sereia. Está praticamente tudo pronto, faltam uns 5 mil metros de rede”, afirmou. Sem que tenha sido dada uma solução concreta para os moradores, Andreão disse que “a Cesan passou a atuar em duas frentes: uma voltada para minimizar os impactos nas comunidades até que a obra fosse retomada e outra destinada a encontrar uma nova empresa para concluir os trabalhos, o que foi finalizado essa semana com a homologação da licitação aberta para o término da obra”.

Mais promessas e reclamações

“O vencedor foi um consórcio (formado por uma empresa de Serra com duas de São Paulo). Acredito que dentro de 30 dias comece a mobilização. O prazo vai ser de 12 meses para acabar a obra. Incluímos a questão da pavimentação, que tinha algumas reclamações”, informou. Um dos líderes comunitários presentes na Ales foi o presidente da Associação de Moradores de Nova Ponta da Fruta, Nilson Cardoso.

Ele apresentou diversos ofícios fazendo questionamentos à Cesan que ficaram sem respostas. Segundo Cardoso, muitas pessoas que possuem casa de veraneio na região com a pandemia do novo coronavírus passaram a residir no local, o que contribuiu para piorar o problema do esgoto no bairro. “Já tem rede de esgoto escorrendo na Praia dos Surfistas. Ninguém pode tomar banho na praia mais”, lamentou.

Já a presidente da Associação de Moradores de Ponta da Fruta, Dilcinéia Meier, mostrou uma série de slides com problemas deixados pela não conclusão das obras, como vazamento de esgoto nas ruas, na praia e na lagoa do bairro. Também criticou o descaso da Cesan com as elevatórias que foram construídas e estão abandonadas sem funcionamento.

Ela informou que a ordem de serviço foi dada em 2013, mas que já no ano seguinte a obra foi parada pela primeira vez. De lá para cá ocorreram diversos retornos e novas paralisações até que, em 2019, parou de vez. “Trouxe problemas para a comunidade. Aconteceram várias ligações clandestinas. Somos um bairro turístico. A gente pede a conclusão das obras o mais breve possível”, clamou.

A representante de Recanto da Sereia, Fátima Caus, pediu rapidez na conclusão das obras, alegando que os moradores vêm passando por situações desconfortáveis por causa do esgoto. “Um ano é muito tempo. Vocês tinham que avaliar com mais carinho, a gente pede respeito. Nossa situação é dramática. Espero que vocês concretizem as obras e entreguem para as comunidades”, ponderou.

“Quebram a rua e não consertam”

Vários moradores dos bairros afetados acompanharam a reunião e fizeram cobranças aos representantes da Cesan. As principais reclamações foram sobre a quantidade de caminhões sugadores disponibilizados pela empresa (três) para retirar o esgoto das ruas, as ligações irregulares feitas por moradores, a falta de fiscalização dos órgãos públicos e as empreiteiras contratadas pela companhia, que quebram as ruas para realizar obras e não consertam o pavimento.

No final da reunião Gandini deixou agendada uma nova reunião para o próximo dia 20 de abril e também uma visita na região para verificar as dificuldades apontadas pelos moradores. “Nossa expectativa é que a empresa tenha assumido o contrato (na data da reunião), tenha tido ordem de serviço, assumido a obra e venha aqui apresentar (o cronograma das obras)”, concluiu. Além dos citados, participaram da reunião os gerentes da Cesan Daniel Caulyt (Obras) e Lincoln Belfi (Operação e Manutenção).