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Vereador bolsonarista de Vitória quer combater o movimento LGBTQIA+ proibindo palavras neutras e inclusivas na Capital

“O movimento LGBTQIA+ tem realizado, de forma constante e organizada, uma defesa da mudança nas terminologias utilizadas para identificação das pessoas gays, lésbicas, trans e outros”, diz Davi Esmael (PSD), autor do projeto

O conservador ortodoxo Davi Esmael é o atual presidente da Câmara de Vereadores de Vitória | Foto: CMV

Em nova ataque contra o ensino de Vitória, o vereador bolsonarista e evangélico de direita de Vitória, Davi Esmael (PSD), protocolou o projeto de lei (PL) 20/2022 onde pretende proibir adoção de palavras neutras e inclusivas na Capital. Os novos termos aos poucos entram nos dicionários. Foi o que ocorreu com o conceito família no dicionário Houaiss, alterado há seis anos. No Houaiss o conceito antigo de “família” era: “Grupo de pessoas vivendo sob o mesmo teto (especialmente o pai, a mãe e os filhos”. Em 2016 o dicionário mudou para: “Núcleo social de pessoas unidas por laços afetivos, que geralmente compartilham o mesmo espaço e mantém entre si uma relação solidária”. Essa foi a forma que o Houaiss encontrou para reconhecer os casais LGBT.

Mas, evangélico Davi Esmael diz na Justificativa do seu projeto que “o movimento LGBTQIA+ tem realizado, de forma constante e organizada, uma defesa da mudança nas terminologias utilizadas para identificação das pessoas gays, lésbicas, trans e outros”. Sem conhecimentos na cátedra da Língua Portuguesa, o atual presidente da Câmara de Vitória prossegue na sua Justificativa: “O projeto de lei que ora apresento, pretende garantir que não se avance na descaracterização da Língua Portuguesa, com a tentativa de normalização do uso de pronomes neutros (todes, todxs e outras variações) para referência às pessoas que se identificam com um gênero diferente do seu sexo”. Leia a íntegra do projeto do vereador bolsonarista de Vitória, em arquivo PDF:

Processo-1722_2022-Projeto-de-Lei-20_2022

“Questões ideológicas”

“Desta forma, o presente projeto de lei objetiva garantir tal direito, para que nossa língua portuguesa seja preservada de questões ideológicas, assim como o direito a um ensino qualificado dos estudantes e profissionais”, finaliza o bolsonarista. O seu projeto tem o seguinte resumo, feito pelo vereador: “Estabelece medidas protetivas ao direito dos estudantes do Município de Vitória ao aprendizado da língua portuguesa de acordo com as normas e orientações legais de ensino, e dá outras providências”.

Em um dos cinco artigos da sua proposta, ele escreveu: “Fica expressamente proibida a denominada linguagem neutra na grade curricular e no material didático de instituições de ensino públicas ou privadas, assim como em editais de concursos públicos. Em entrevista ao portal G1 Brasil, o professor de língua portuguesa na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e doutor em linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Jonathan Moura, disse que a neutralidade de gênero na língua é abrangente e vai além de questões relacionadas a pronomes.

“Na ginecologia, profissionais já utilizam ‘pessoas grávidas’, em vez de ‘mulheres grávidas’, porque há a noção de que pessoas trans também podem engravidar e não necessariamente são mulheres. Isso também é neutralidade de gênero”, disse ele ao G1. .Somente adesão da população aos novos termos que uma palavra acaba conquistando o espaço dentro de um dicionário e se torna um termo oficial. “Uma linguagem precisa ser praticada para se manter viva, ou, neste caso, viver. Só assim ela passa a fazer parte do cotidiano das pessoas”, completa o professor da Fiocruz.