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PMV gasta R$ 192 mil de recursos da cultura para pintar desenhos de mau gosto no Centro

“Horríveis essas ilustrações nada artísticas. Tem que deixar para quem entende de grafite, os muros ficarão piores Recurso público desperdiçado”, diz morador do Centro em comentário à nota oficial da Associação de Moradores do Centro de Vitória (Amacentro) nas redes sociais

Os contribuintes de Vitória estão pagando R$ 192 mil para pagar essas ilustrações de mau gosto no Centro de Vitória | Foto: Amacentro

Em um novo ataque ao Centro Histórico de Vitória, após a destruição da calçada histórica de pedras, construídas pelos escravos no Parque da Gruta da Onça, o prefeito de Vitória (ES), Lorenzo Pazolini (Republicanos) agora espalha pinturas de gosto questionável nos muros da terceira capital mais antiga do Brasil. Os desenhos sem riqueza artística não estão sendo colocados de graça, mas remunerados com dinheiro público à empresa Cores Que Acolhem Produções Culturais, Projetos e Consultoria Eireli, que está recebendo R$ 192 mil para pintar pouco mais de dois mil metros quadrados de muros.

A empresa, que tem como dono Stefan Marques de Souza, segundo a Associação de Moradores do Centro de Vitória (Amacentro)  foi selecionada pela administração de Pazolini processo de seleção e execução do Edital de Chamamento Público nº 004/2021 de Intervenção Artístico-Urbana (Lei Aldir Blanc), nas linguagens Grafite e Pintura Mural, promovido pela Secretaria Municipal de Cultura (Semec). A legisção garante recursos para obras verdadeiramente artísticas e não borrões nos muros, afirmam os moradores do Centro.

As ilustrações não são artistica, mas estão sendo bancadas por recursos de lei municipal de apoio às artes | Foto: Amacentro

AMACENTRO – ÍNTEGRA DA NOTA DE PROTESTO

Projeto cultural atropela moradores do Centro de Vitória

Prefeitura alterou resultado final de edital e empresa Cores que Acolhem não ouviu moradores.

Como sabem os capixabas, o Centro de Vitória, historicamente, tem sido um ponto pulsante de arte e cultura na cidade atendendo e atraindo artistas, moradores e visitantes. Por entender a importância desse setor para o Bairro, os munícipes e a Associação de Moradores do Centro de Vitória (Amacentro) vêm acompanhando com muita preocupação uma série de atropelos envolvendo um projeto de muralismo de grande proporção realizado por uma empresa com apoio da Prefeitura e recursos do Governo Federal.

Consideramos equivocado e distorcido o processo de seleção e execução do Edital de Chamamento Público nº 004/2021 de Intervenção Artístico-Urbana (Lei Aldir Blanc), nas linguagens Grafite e Pintura Mural, promovido pela Secretaria Municipal de Cultura (Semec),e vencido, após recurso, pela empresa Cores Que Acolhem Produções Culturais, Projetos e Consultoria Eireli. Vale mencionar que o projeto prevê o valor de R$ 192 mil para a intervenção em um pouco mais de 2.000 m² de muros.

MAS AFINAL, O QUE ESTÁ ACONTECENDO?

Após a assinatura do acordo com a Prefeitura passaram-se os dias e houve uma primeira reunião aberta na noite do dia 01/12/2021, no antigo Hotel Imperial, para alguns esclarecimentos relativos ao que estava previsto no Edital.

Na ocasião, ao invés de articular quais seriam os próximos passos, apresentar o cronograma das reuniões com os moradores e escutar suas sugestões (principalmente para a pintura na escadaria da Igreja do Rosário), a empresa apresentou um formulário de pesquisa com uma listagem previamente definida e que já estava sendo executada e sem identificação de localidade das pessoas que preencheram o referido questionário. Na mesma reunião, representantes da Amacentro fizeram uma série de pedidos e recomendações, sendo:

Revisão da metodologia de pesquisa, com reavaliação do formulário e sua listagem de temas (se possível, sem repetir imagens de bens históricos que já existem no Centro); enfoque maior nos moradores do Centro; e consulta a especialistas em história, artes, patrimônio e outras áreas (como está no Edital).

Apresentação prévia dos croquis para sugestões e aprovação; Inclusão de moradores na equipe de pintura; Não priorização das crianças, em detrimento à participação de artistas na realização das pinturas.

Até a presente data, nada do que foi firmado nesta reunião foi levado em conta e a empresa de iniciativa intempestiva começou as pinturas, ao menos em alguns painéis na Rua Graciano Neves, e não há qualquer indicação de que haverá acolhimento da opinião dos moradores.

Lembramos também que esses atropelos vêm na sequência de uma sucessão de equívocos. Primeiramente, o formato do edital foi questionado no Conselho Municipal de Política Cultural e não teve a acolhida do secretário de Cultura, Luciano Gagno. Ainda, e mais grave, foi questionado que o resultado final foi alterado pelo mesmo secretário, passando por cima da avaliação da banca de seleção, dando o prêmio ao Cores que Acolhem, que havia ficado em segundo lugar e entrado com recursos.

O QUE ESPERAMOS DAQUI PRA FRENTE?

A Amacentro reafirma a sua posição que foi inicialmente marcada, no primeiro momento, em diálogo com o grupo vencedor. Solicitamos a apresentação dos croquis, assim como dos especialistas em História e Cultura envolvidos na formulação de todo o projeto que será realizado em nossa comunidade, pois julgamos parte do diálogo necessário previsto no Edital em seu tópico “6.1 c”. Entendemos que o trabalho deva ser realizado por artistas com experiência comprovada em Grafite e/ou Pintura Mural.