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FAO aponta que alta no preço dos alimentos no Brasil vem da exportação e do aumento dos insumos

O interesse no lucro com a exportação, provoca escassez de alimentos e alta de preços, diz FAO | Foto: Divulgação/JW Alimentos

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a agência especializada da ONU que trabalha no combate à fome e à pobreza por meio da melhoria da segurança alimentar e do desenvolvimento agrícola, apontou que o aumento nos preços de alimentos no Brasil decorre da preocupação dos produtores em exportar devido ao aumento global nos preços dos alimentos. Além da redução da oferta devido à exportação, a FAO ainda assinala que a inflação no preço da comida no Brasil decorre dos aumentos no valor da energia, fertilizantes e ração dos animais.

A agência da ONU prevê que diante da alta desses insumos básicos, “muitos agricultores podem desistir de produzir”. O órgão da ONU ainda detectou que houve uma redução de 1% no preço do açúcar brasileiro, “por causa das perspectivas de produção em grandes produtores mundiais como Índia e Tailândia, assim como melhorias das condições no Brasil”. Segundo a FAO, as preocupações com as condições das plantações e exportações são apenas uma parte da razão do aumento global do preço dos alimentos.

No mundo

A FAO, em nota à imprensa, destacou que no mundo o preço dos alimentos aumentou, no mês passado, batendo todos os recordes. Os dados foram detectados no Índice do Preço dos Alimentos para o mundo elaborado pela entidade. No âmbito global, a alta foi puxada pelos óleos vegetais e derivados do leite. Em média, o preço dos derivados do leite aumentou no planeta 6,4% em fevereiro se comparado a janeiro. Ainda é previsto uma alta significativa nos preços do milho e do trigo, para os próximos meses.

Já o preço dos derivados do leite aumentou 6,4% em fevereiro se comparado a janeiro. Neste caso, o fornecimento mais baixo que o esperado do produto na Europa Ocidental e na Oceania, assim como a demanda de importação no norte da Ásia e do Oriente Médio, foram apontados como motivo.

O índice de cereais da FAO está 3% mais caro que em janeiro puxado pelo aumento nos grãos duros, com os valores internacionais do milho subindo 5,1% devido a uma combinação de fatores como as condições das plantações na América do Sul, incertezas sobre as exportações da Ucrânia, além de uma alta no preço de exportação do trigo. O produto está 2,1% mais caro devido à incerteza do fornecimento global de portos do Mar Negro.

Girassol, óleo, arroz e carne

O girassol apresentou subida no preço de comercialização de 3,9% em fevereiro com a marca de 140,7 pontos. São 24,1% acima do nível do ano anterior, e 3,1 pontos a mais que em fevereiro de 2011. O Índice mapeia as mudanças de mês a mês dos preços internacionais dos alimentos básicos. O óleo vegetal subiu 8,5% em comparação a janeiro. A alta foi provocada pelos preços do óleo de palma, soja e do óleo de girassol. Mas o aumento mais acentuado nessa categoria foi a demanda global por importação, que coincidiu com alguns fatores laterais de oferta incluindo a queda da exportação do óleo de palma da Indonésia, que é o maior exportador global, as baixas previsões para a soja da América do Sul e as preocupações com a redução da exportação do óleo de girassol por interrupções na região do Mar Negro.

Outra alta foi a do arroz, que está 1,1% mais caro por causa da forte demanda por arroz perfumado do leste da Ásia e da valorização das moedas de alguns países exportadores frente ao dólar americano. Quem consome carne também notou uma diferença para cima no preço, de 1,1%, em comparação a janeiro com cotações da carne bovina alcançando um novo recorde entre a forte demanda global, ofertas restritas do gado para abate no Brasil e à alta demanda para reconstrução dos rebanhos na Austrália.

Enquanto os preços da carne suína subiram, os da bovina e de aves diminuíram, em parte devido, respectivamente, aos altos suprimentos exportáveis na Oceania e à redução das importações pela China após o fim do Festival da Primavera.