fbpx
Início > Apib, que já denunciou Bolsonaro no TPI por genocídio, acionará Judiciário para cassar medalha dada ao presidente

Apib, que já denunciou Bolsonaro no TPI por genocídio, acionará Judiciário para cassar medalha dada ao presidente


A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) afirmou que vai tomar providências judiciais para anular a concessão de medalhas aos inimigos dos povos indígenas. A Apib já denunciou Bolsonaro no Tribunal Penal Internacional (TPI) por genocídio aos índios brasileiros


Governo Bolsonaro desvirtuou a medalha, criada em governos anteriores, e que deve ser dada a quem contribuiu para a causa indígena. Neste ano, a medalha foram dadas para os inimigos dos índios e até acusado por genocídio indígena | Imagem: Apib

A medalha do mérito indigenista concedida pelo delegado que comanda o Ministério da Justiça, Anderson Torres, a um grupo de bolsonarista, incluindo o próprio presidente Jair Bolsonaro (PL) foi denunciada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) como sendo a “Medalha do Genocídio Indígena”. “Esta manifestação repudia a portaria do Ministério da Justiça e Segurança Pública, publicada dia 15 de março, que concede a ‘Medalha do Mérito Indigenista’ para o presidente genocida Jair Bolsonaro e diversas pessoas que compõem o primeiro escalão do Governo e operam as políticas de destruição do Governo”, diz a Apib.

“Alertamos desde os primeiros dias do governo de Jair Bolsonaro as ameaças e constantes violações cometidas contra os povos indígenas no Brasil aplicadas pelo seu desgoverno. Assim, não seria diferente no último ano e nas vésperas das eleições. Bolsonaro e aliados seguem perseguindo as organizações políticas, lideranças, nossas terras e riquezas. A todo custo querem nos destruir. Não bastasse isso, agora querem homenagem em nosso nome?”, questionou a Apib.

Gesto subalterno do delegado-ministro da Justiça

Num gesto de subalterno que quer agradar o chefe, o delegado-ministro, que é o responsável pela seleção dos nomes dos agraciados, concedeu a medalha para os integrantes do governo Bolsonaro que vem promovendo a destruição da floresta amazônica e responsáveis pela política de dizimar os indígenas no Brasil. Além do presidente, receberam a medalha todos que nada fizeram em favor dos indígenas.

Consta da lista: outros nove ministros do governo federal: Walter Braga Netto (Defesa), Tereza Cristina (Agricultura), Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral), Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura), João Roma (Cidadania), Marcelo Queiroga (Saúde) e Bruno Bianco (Advocacia-Geral da União).

O recebimento da medalha pelo pior inimigo dos índios foi visto como um deboche | Foto: Divulgação

Cinismo

“Sabemos quais as estratégias. A todo custo e com cinismo usam das armas midiáticas e institucionais para dizer que nos apoiam. Nossa liberdade, nossa cultura, ancestralidade, nosso território e nossas riquezas naturais não estão à venda e nem são negociáveis! Repudiamos e denunciamos essa atitude debochada para que possam entender que a luta do movimento indígena é pela vida dos nossos povos. O indigenismo é uma tradição séria e não deve ser titulada para aqueles que não respeitam nossa cultura e modo de vida. A Apib vai tomar as providências legais para anular esta portaria do Ministério da Justiça”, afirmou a entidade de representação dos povos indígenas.

Apib já denunciou Bolsonaro no Tribunal Penal Internacional por genocídio

Bolsonaro é inimigo da saúde indígena, tanto que durante a pandemia da Covid-19 trabalhou para agravar a crise sanitária e humanitária. Ele desestruturou a saúde indígena e por isso foi denunciado internacionalmente por genocídio. Em 2021, a Apib protocolou um comunicado no Tribunal Penal Internacional (TPI) para denunciar Bolsonaro por Genocídio. Solicitamos que a procuradoria do Tribunal de Haia examinasse os crimes praticados contra os povos indígenas pelo presidente Jair Bolsonaro, desde o início do seu mandato, com atenção ao período da pandemia da Covid-19.

São inúmeros os ataques de Bolsonaro contra os índios brasileiros. Durante a realização da Assembleia Geral das Nações Unidas em 2019, o atual presidente usou do seu tempo destinado ao discurso de abertura, para atacar sem provas o cacique Raoni Metuktire , que em governos anteriores recebeu por merecimento a medalha que agora é dada aos opositores dos índios, dizendo que o cacique “era peça de manobra usado por governos estrangeiros”.

Aliado dos garimpeiros ilegais, dos madeireiros que derrubam e roubam árvores nativas em território indígenas, ainda neste ano Bolsonaro afirmou que ser contrário à demarcação de novas terras indígenas. O seu governo é autor de vários projetos de lei onde legaliza o roubo de minerais em território dos índios para favorecer aos interesses econômicos de mineradoras, entre essas a Vale. Esta última já protocolou vários pedidos de exploração em terras dos índios, para legalizar o roubo de minerais preciosos.