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Baseada na ciência, Ufes atualiza medidas de biossegurança para a volta ás aulas e exige uso de máscaras


A medida da Ufes foi anunciada uma hora após o governador do PSB capixaba, Renato Casagrande, anunciar que estava abolindo o uso de máscaras facial e da exigência do passaporte vacinal. As medidas de Casagrande estão sendo questionadas por especialistas


“A pandemia não acabou”, diz a Ufes ao anunciar exigência de uso de máscaras na volta às aulas a partir do dia 18 | Imagem: Ufes

Menos uma hora após o governador Renato Casagrande (PSB) ter anunciado o fim da exigência de máscaras facial e de apresentação de passaporte de vacinação, a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) divulgou nesta última quarta-feira (6) uma atualização das medidas de biossegurança para o retorno às aulas presenciais. As aulas retornam no próximo dia 18. Na atualização foi reforçada a exigência de uso de máscaras facial e de comprovante de vacinação para quem quiser entrar na universidade. Com base na ciência e não em interesses eleitorais em ano de eleição, a Ufes se fundamentou em fatos científicos.

O fim da exigência de uso de máscaras e de apresentação do passaporte vacinal no Espírito Santo atende às exigências de bolsonaristas e de empresários capixabas, que são declaradamente contrários às medidas de proteção. É muito cedo para cantar vitória. Ainda há muitos países com baixa cobertura vacinal e alta transmissão”, disse recentemente o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Covid não é um resfriado, diz governo alemão nesta última quarta-feira (6)

Também no mesmo dia em que o governador do PSB anunciou o fim da exigência de máscaras e de comprovação de vacinação contra Covid, uma medida que ameniza a rejeição política de Casagrande pelos bolsonarista e pelos empresários, principalmente os que organizam grandes eventos, a Alemanha advertiu que “Covid-19 não é um resfriado”. A declaração foi feita pelo ministro da Saúde da Alemanha, Karl Lauterbach.

Também, nessa mesma quarta-feira, o governo chinês anunciou ter registrado mais de 20 mil novos casos de Covid-19, o maior balanço diário desde o início da pandemia. Cerca de 80% das infecções foram contabilizadas em Pequim. A China aplica a estratégia de ‘Covid zero’, que inclui lockdown em regiões onde há foco de propagação, testes em larga escala e severas restrições às viagens internacionais. Mas desde março, os casos não param de aumentar, desde a chegada da variante ômicron.

Governador Casagrande

No anúncio oficial da abolição de máscaras e de passaporte vacinal, o governador capixaba não falou das exigências dos bolsonaristas e de empresários, contrários à continuidade da medida, e nem falou que a abolição das máscaras e do passaporte vacinal beneficiará o desfile das escolas de samba. O anúncio foi feito na véspera do início dos desfiles carnavalescos, que ocorrem a partir desta quinta-feira (7). As medidas não foram bem aceitas por especialistas, que além de achar inoportuna, ainda tira o incentivo de quem não completou as doses de vacinação contra Covid, de prosseguir com o esquema vacinal.

“Estamos mudando nosso modelo de gestão da pandemia no Espírito Santo. Pandemia que foi decretada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e só ela pode retirar essa classificação. Contudo, ela será tratada e gerenciada no Estado como qualquer outro assunto da área de saúde pública, sem a exigência de medidas qualificadas. É um passo importante baseado nos dados e pelo momento em que estamos vivendo. A vacinação foi a principal responsável por chegarmos até este momento. Reforçando que todas essas medidas qualificadas adotadas ao longo desses dois anos nos ajudaram a salvar vidas”, destacou o governador.

“A Matriz de Risco foi um grande instrumento que salvou vidas de capixabas. Ao longo da pandemia, conseguimos evoluir muito na assistência à saúde, tanto que conseguimos também ajudar pacientes de outros estados. Tivemos a capacidade de construir um legado mesmo diante de todas as pressões. Estamos com o coração alegre e a alma feliz por chegarmos a esse momento. Nossa equipe seguirá mobilizada para se reunir a qualquer momento que a pandemia exigir”, completou Casagrande.

Ufes: “A pademia não acabou”

Já a Ufes, disse que o Plano de Biossegurança foi atualizado para o retorno seguro das atividades presenciais acadêmicas e administrativas a partir do início do primeiro semestre letivo de 2022, em 18 de abril, quando a Ufes entra na Fase 4 do seu Plano de Contingência. Nessa etapa, está prevista a volta das atividades presenciais com controle de riscos, objetivando minimizar, ao máximo, a disseminação do vírus da covid-19. Para isso, o Plano recomenda uso de máscara, não aglomeração de pessoas, aproveitamento de ventilação natural – preferencialmente – e esquema vacinal completo, entre outras medidas.

“É importante destacar que a pandemia ainda não acabou. Apesar de todos os indicadores epidemiológicos estarem numa fase bem confortável, com número bem baixo em relação a outros momentos, as medidas de precaução ainda têm que continuar sendo mantidas”, lembra Leila Massaroni, coordenadora do Comitê Operativo de Emergência para o Coronavírus da Ufes (COE-Ufes), que elaborou o Plano de Biossegurança.

O documento foi desenvolvido com base em evidências científicas, em avaliação das mudanças da situação epidemiológica da doença por meio dos indicadores oficiais – taxa de transmissão, número de casos confirmados, número de óbitos e taxa de ocupação de leitos de enfermaria e de centro de terapia intensiva –, na cobertura vacinal – estadual e da população acadêmica da Ufes – e nas decisões das autoridades sanitárias do Espírito Santo.

Vacinação e máscara na Ufes

A vacinação contra a covid-19 está entre as medidas apontadas no Plano. Conforme decisão já tomada pelo Conselho Universitário expressa na Resolução 34/2021 e reforçada pela Resolução 4/2022, para o acesso às dependências da Ufes, a comprovação do esquema vacinal é obrigatória para todas as pessoas que circulem na Universidade, inclusive participantes de eventos acadêmicos, culturais, artísticos e esportivos, com exceção das que apresentarem justa causa de saúde que isente de vacinação contra a covid-19 comprovada, mediante apresentação de declaração médica contendo assinatura do médico e carimbo com nome e CRM legíveis ou certificação digital.

O Plano de Biossegurança também estabelece o uso de máscaras em todos os ambientes da Universidade, com indicação de retirada do acessório apenas nos momentos de alimentação. A medida inclui terceirizados e visitantes. Também estão no documento orientações sobre lavagem frequente das mãos, uso de álcool em gel – disponibilizados nos campi – e etiqueta respiratória: “ao tossir ou espirrar, proteger a boca com o cotovelo; usar lenços descartáveis e jogá-los no lixo logo em seguida; evitar tocar olhos, nariz e boca; e evitar lugares fechados e com aglomerações”.

Salas de aulas

Em salas de aulas, será mantida a quantidade usual de cadeiras. Haverá indicação do número máximo de pessoas permitidas simultaneamente em áreas de uso comum, como salas de aula, secretarias, refeitórios, banheiros e bibliotecas. Também será providenciada sinalização para as regiões de grande fluxo de passagem, como portarias, corredores e filas, a fim de alertar que não é permitida a aglomeração de pessoas. “Não se fala no distanciamento social como antes, mas não pode haver aglomeração. Temos que observar essa recomendação dentro dos espaços da Universidade para que não haja grande concentração de pessoas”, afirma Massaroni. O distanciamento de um metro continua em áreas como cinema e dormitórios.

Outro cuidado destacado pela coordenadora do COE/Ufes é o aproveitamento da ventilação natural. “Onde for possível, portas e janelas devem permanecer abertas. Além disso, devem ser incentivadas atividades ao ar livre, como nos momentos de alimentação”. Sobre a limpeza dos espaços físicos, substâncias sanitizantes serão disponibilizadas nas pias, gabinetes ou dispensadores. A orientação é o descarte de resíduos, luvas e equipamentos de proteção individual (EPIs) corretamente.

Acessibilidade

Os tutores que auxiliam pessoas com deficiência e que precisam ficar mais próximos a elas necessitam redobrar os cuidados com o uso correto da máscara, higienização das mãos e utilização também de protetor facial. O Plano de Biossegurança alerta as pessoas que utilizam cadeira de rodas, muletas ou bengalas para a necessidade de observar a higienização frequente das mãos antes e após o uso dos equipamentos de apoio.

No caso de pessoas com deficiência auditiva que se comunicam pela Língua Brasileira de Sinais (Libras), não é orientado o uso de máscaras transparentes, pois embaçam. Também não é recomendada a retirada das máscaras pelos seus interlocutores; nem o uso de protetor facial sem máscara por baixo. Equipamentos de proteção individuais específicos e protocolos para essas situações estão sendo avaliados e viabilizados pelo Núcleo de Acessibilidade da Ufes (Naufes) e pelo COE.

Monitoramento

Os docentes, técnicos-administrativos em educação, trabalhadores terceirizados e estudantes que tiverem suspeita ou confirmação de covid-19, ou tiverem contato domiciliar com caso confirmado, devem imediatamente informar à sua chefia, encarregado ou coordenador de curso e não comparecer à Universidade. Todos os sintomáticos precisam buscar a testagem (antígeno ou RT-PCR) e manter isolamento pelo período de sete dias.

A partir de 18 de abril, estará disponível no site coronavirus.ufes.br o sistema Monitoraufes, para receber informações sobre a ocorrência de sintomas respiratórios e os resultados dos testes de Covid. O formulário eletrônico do sistema também ficará acessível por meio de QRCode em pontos estratégicos nos campi. Os resultados serão extraídos semanalmente e encaminhados ao COE/Ufes.

Em casos de surtos de Covid, a Universidade seguirá a norma da Secretaria Estadual de Saúde que define ações para ambientes escolares. Segundo o documento, o fechamento da unidade deve ser avaliado quando 10% ou mais da comunidade acadêmica tenha teste positivo. “Os 10% podem ser analisados em sala de aula ou em um setor. Mas avalio que essa possiblidade está bem distante, pois o percentual de vacinação está bem elevado na Ufes”, aposta Massaroni.

Comprovante de vacinação

Conforme a Comissão de Acompanhamento de Situação Vacinal Covid-19/Ufes no Relatório Vacinal Completo, elaborado com base nos comprovantes de vacinação lançados pelos servidores no Sistema de Registro Eletrônico de Frequência (SREF), do quantitativo total de servidores docentes, técnico-administrativos e estagiários da Ufes, 96% já apresentaram comprovante de vacinação contra a covid-19.

Trecho do Plano de Biossegurança da Ufes

MEDIDAS DE PRECAUÇÃO

As principais medidas de biossegurança contra a covid-19 são:

vacinar-se com o esquema completo, de acordo com a orientação das autoridades sanitárias;

usar corretamente a máscara;

– permanecer em sua residência quando apresentar sintomas gripais;

– buscar os serviços de saúde de sua referência para realizar consulta médica

quando apresentar sintomas gripais;

– os indivíduos que testaram positivo para a Covid e não apresentarem

sintomas deverão realizar isolamento domiciliar por um período de 7 dias,

– realizar testes (antígenos e RT-PCR) para identificação de indivíduos

portadores do vírus conforme orientações das autoridades sanitárias;

– lavar as mãos com água e sabão e/ou higienizar com álcool a 70%;

– manter portas e janelas abertas, proporcionando que os ambientes estejam

arejados;

– evitar, dentro do possível, a aglomeração de pessoas;

– limpar as mãos antes de encostá-las em áreas como olhos, nariz e boca;

– conter a tosse ou o espirro com lenço descartável ou levando o rosto na

parte interna do cotovelo;

– limpar objetos tocados regularmente com álcool líquido a 70%;

– utilizar lenço descartável e desprezá-los em local adequado;

– não compartilhar objetos pessoais; e

– seguir todas as instruções das autoridades sanitárias.