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Café conilon em Jaguaré: uma história de trabalho e desenvolvimento

Nesta última quinta-feira (14) foi comemorado o Dia do Café | Foto: divulgação/Nicoli Agro

A economia baseada no café é o fator principal de desenvolvimento do município de Jaguaré. De incipiente povoado no início do século XX, quando a região pertencia ao município de São Mateus e era habitada pelos índios aimorés, a um município hoje rico e com forte potencial de crescimento que tem cheiro e sabor de café. Muito café!

Tudo começou com a chegada dos primeiros migrantes em meados da década de 1940. Nesse período, começaram a chegar a Jaguaré os primeiros habitantes que trabalharam a terra para produção de culturas diversas. Foram agricultores procedentes da região centro-sul do Estado. Castelo, rio Novo do Sul, Venda Nova do Imigrante, Cachoeiro de Itapemirim e Vargem Alta.

Esses primeiros agricultores foram incentivados à migração impulsionados pelo interesse do Governo do Estado em povoar a região norte. Eles, então, se fixaram na Ponte do Rio Barra Seca em junho de 1946. Eram os primeiros “jaguarenses”, membros das famílias Altoé, Sossai, Brioschi, Perdezini, Coco e, posteriormente, Cerutti, Cesconeto Facco, Falchet e outras. Vindas das terras do sul, essas famílias tinham como atividade de subsistência, a cultura do café, porém em terras com clima mais ameno dos que o encontrado em Jaguaré.

Do arábica para o kouillou

Assim, os colonos trouxeram as primeiras sementes de café arábica, tradicionalmente plantado no sul do Estado, que não é o tipo adequado para a região, porém, com topografia mais plana. Apesar das dificuldades, os produtores insistiram com a cultura do arábica que teve uma produção de destaque em 1953, sendo que no ano seguinte, surgiu a primeira máquina de pilar café de Jaguaré, de propriedade de José Sossai. E foi a partir desse período que surge o plantio do café conilon. 

A variedade coffea canefora é originária do Congo, na África e é conhecida mundialmente como café robusta. Especialistas explicam que, na verdade, existem algumas variedades da coffea canefora. Duas muito importantes são robusta e a kouillou, que recebeu esse nome por ter sido encontrada por pesquisadores franceses às margens do rio “Kouilou”, no Congo, em 1980. Depois de ser introduzida no Brasil, a partir do Espírito Santo, a variedade passou a ser chamada de conilon.

Conilon e emancipação

A variedade conilon foi introduzida na região de Jaguaré que, aos poucos, se formava, por produtores ligados à cooperativa de produtores do município de São Gabriel da Palha, no início da década de 50. A variedade mais adaptada ao clima local passou empolgar os produtores, pois, apresentava alta produtividade. Essa característica incentivava sentimentos de liberdade econômica e social até que, em 1981, a região se separou do município de São Mateus dando origem ao município de Jaguaré.

Hoje, o Espírito Santo é o maior produtor de café conilon do Brasil. No Estado, jaguaré é o município que apresenta a maior produção. Tal rendimento da cultura rende dividendos importantes para o município. O município responde pela terceira maior produção de conilon do Estado sendo ultrapassado por Linhares e São Mateus, municípios muito maiores, em termos territoriais. A produção em Jaguaré ultrapassa os cento e oito milhões de reais.

Cadeia de produção democrática

O prefeito de Jaguaré, Marcos Guerra, ressalta o caráter formador e transformador envolvido na cultura do café no município, que virou um pilar de sustentação com o passar do tempo.

“Veja que o município se estruturou pautado pela cultura do café e da pimenta. Principalmente do café conilon, desde o início da história de Jaguaré até os dias de hoje sendo, inclusive, a luz que aponta o caminho de desenvolvimento futuro do município. Jaguaré está fadado a ser um município robusto, forte assim como a nossa cadeia do café, que é democrática, pois todos ganham”, afirma o prefeito.

Com a proximidade do período de colheita, toda a cadeia produtiva do café só tem a comemorar. Cerca de 5 mil pessoas chegam ao município para trabalharem na colheita do café conilon, em um período de 60 dias, que rende em média 800 mil sacas.

A colheita representa uma renovação para toda a cadeia produtiva, dos trabalhadores no plantio à exportação passando pela comercialização, o estabelecimento de viveiros e indústrias de beneficiamento do grão. Levantamento recente da Secretaria de Finanças do município aponta que a participação da produção agrícola no repasse do ICMS de Jaguaré é de 38,5%.

A maior parte desse percentual diz respeito a toda a cadeia do café mostrando, assim, a importância do produto para o desenvolvimento do município. Nos últimos três anos, o café representou 33% do ICMS recolhido pelo município acrescentando mais de 7 milhões de reais aos cofres do município. Para 2022, a expectativa é de produção recorde do café conilon em Jaguaré. Para comemorar, brindando com um bom café kouillou!