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Quadrilha de caçadores continuam promovendo tráfico de animais silvestres no Espírito Santo


Os criminosos atuam com requintes de crueldade, matando os macacos-prego fêmea para roubar os filhotes, além de destruir os ninhos de pássaros


Criminosos continuam atuando na caça criminosa de animais silvestres no Norte capixaba e matam as macacas para roubar os filhotes | Fotos: BPMA e Gabriela Vivacqua-Núcleo de Conservação da Faúna

Quadrilhas de caçadores continuam atuando sem repressão na caça e tráfico de animais silvestres no Espírito Santo. “Essa caça desenfreada é fruto de uma cultura histórica. Além disso, a caça esportiva foi mais incentivada com a facilitação do acesso a armas de fogo. Precisamos mudar isso, com educação, conscientização, informação sobre as leis e os crimes ambientais”, disse a ativista que preside o Instituto Ambiental Reluz, Renata Oliveira Bomfim.

A declaração foi feita durante reunião da Comissão de Proteção ao Meio Ambiente e aos Animais da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) nesta semana. Na sua explanação, Renata Bomfim assinalou que a atuação dos criminosos ocorre há 15 anos no Norte capixaba e no Rio de Janeiro. “Eles entram nas florestas, pegam os animais, matam as mães para capturar os filhotes, depois os comercializam. Isso é crime”, ressaltou.

Proposta para a criação de um grupo de trabalho

Segundo a ativista ambiental, a caça é uma prática trazida desde a época da colonização. “Essa caça desenfreada é fruto de uma cultura histórica. Além disso, a caça esportiva foi mais incentivada com a facilitação do acesso a armas de fogo. Precisamos mudar isso, com educação, conscientização, informação sobre as leis e os crimes ambientais”, propôs. Ela ainda solicitou ao colegiado a criação de um grupo de trabalho, com participação de representantes de áreas naturais, conselhos e órgãos fiscalizadores, com o objetivo de diminuir o problema da caça no Espírito Santo.

Além da caça, outra ameaça aos animais silvestres é a perda do habitat. Por isso, Renata Bomfim também falou do fenômeno da floresta vazia. “Existe uma tendência de desmatamento para construção de condomínios, que não pode continuar. Não somos contra o desenvolvimento das cidades, mas não podemos derrubar a Mata Atlântica dessa forma. Temos o privilégio de ter um braço do Rio Jucu cortando nossa reserva (RPPN Reluz), então somos testemunhas do assoreamento e de outros problemas causados por desmatamentos”, alertou.

O médico aposentado e também ativista ambiental Adalberto da Cunha propôs que a comissão faça visitas a alguns empreendimentos. Ele citou que mora em um condomínio em Domingos Martins que é um exemplo de como é possível preservar a mata, mesmo com moradia. “Convido os parlamentares a conhecerem o local, que tem enorme área verde, e também outros condomínios que estão surgindo por Santa Teresa, São Roque do Canaã e outras regiões de montanha, que não estão com essa preocupação”, exemplificou.

Adalberto ainda sugeriu que os parlamentares façam projetos de lei para estimular o turismo ecológico, de observação de aves, botânica e flora. “Isso pode conseguir minimizar essa destruição que vem acontecendo com as matas. Temos um compromisso com o futuro, precisamos ter isso em mente. Não só os animais são afetados, mas o ser humano também”, observou.

Operação Aveas Corpus, em novembro último

Em novembro do ano passado a PF prendeu integrantes da quadrilha de caçadores, mas eles voltaram a praticar o mesmo crime, segundo denúncia feita nesta semana na Assembleia Legislativa capixaba | Foto: Divulgação/PF

No dia 9 de novembro do ano passado, a Polícia Federal (PF) desenvolveu a Operação Aveas Corpus, onde promoveu a prisão de integrantes da quadrilha, identificou oito criminosos que atuavam na captura de filhos de várias espécies em Vila Valério, São Gabriel da Palha, Nova Venécia e Águia Branca. Na mesma ocasião apreendeu oito filhos de papagaio Chauá. Mas, os criminosos voltaram atuar normalmente após o término da operação policial. De acordo com a PF, cada filhote de papagaio é vendido pelos caçadores por cerca de R$ 100.

O intermediário os revende para o comerciante na baixada fluminense, no Rio de Janeiro, por R$ 150 e os animais são vendidos por até R$ 3 mil ao comprador final. A principal espécie de papagaio traficada pelo grupo investigado é o papagaio Chauá, mas também se verificou outras espécies, tais como a Maracanã-verdadeiro e a Maritaca.

Além das aves, a organização criminosa também comercializa outros animais que tenham valor comercial. As investigações constataram a venda de macacos-prego (também ameaçado de extinção), coleirinhos, corrupiões, corujas e de filhotes de jacaré. No caso dos macacos-prego, apenas os filhotes eram capturados, uma vez que os animais adultos são muito agressivos. Para conseguir pegar os filhotes os caçadores abatiam as mães.