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Vera Lucia, candidata do PSTU à Presidência, defende em Vitória (ES) revogação de medidas contra trabalhadores


“Nós precisamos acabar com a farra dessa grande burguesia nacional e internacional”

Vera Lúcia Salgado, pré-candidata à Presidência pelo PSTU

Vera Lúcia Salgado, que vai disputar a Presidência nas eleições deste ano, se encontra em Vitória (ES) | Foto: Divulgação/PSTU

Em sua segunda visita ao Espírito Santo, a pré-candidata Presidência da República, nas eleições deste ano, pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), Vera Lúcia Salgado, interrompeu a sua visita ao Espírito Santo para conceder uma entrevista exclusiva a este portal Grafitti News. Ela, após almoçar nesta sexta-feira (13), falou sobre as ações que defende, como a privatizar as antigas estatais que foram vendidas para empresários, um governo da classe trabalhadora, legalizar as drogas para acabar com o tráfico e garantir tratamento para os dependentes químicos. E defendeu transporte, saúde e educação estatal.

Vera veio ao Espírito Santo para participar do lançamento da pré-candidatura do capitão PM Vinicius Sousa à governador do Espírito Santo e do técnico administrativo da UFES e professor da rede municipal de Vila Velha. Felipe Skiter, que concorrerá ao Senado pelo PSTU. O lançamento está programado para este sábado (14), às 17 horas, no Restaurante Sabor no Fogo, na Rua da Lama, em frente ao Bar Abertura, em Jardim da Penha.

Vera Salgado veio participar do lançamento de pré-candidaturas do capitão Vinicius Sousa à governador e de Felipe Skiter para senador | Imagem: PSTU

A pré-candidata à Presidência pelo PSTU é negra, nordestina nascida em Inajá, no sertão pernambucano, e cresceu em Aracaju (SE), Vera Lúcia Salgado fará 55 anos no dia 12 de setembro. Ela tem graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Sergipe, e em 2018 concorreu à Presidência da República pela mesma sigla. Naquela ocasião, quando o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) foi eleito, Vera Salgado ficou na 11ª posição entre 13 concorrentes, com 55.762 votos ou 0,05% do total.

Leia a seguir uma síntese da entrevista:

Propostas que defende para saúde, educação e transporte

Resposta: Apesar dos governos, nós precisamos garantir o sistema (SUS) como o principal serviço de saúde púbica prestado à população. Da mesma forma que o transporte e a educação porque não há interesse dos grandes capitalistas com a classe trabalhadora. Nós queremos que o transporte público seja estatal. Queremos que essas empresas estatizadas sejam controladas pelos trabalhadores. E o sistema público de saúde e de educação também.

Se hoje você não tem dinheiro, tem muita dificuldade de ficar vivo. Boa parte dos recursos públicos hoje, da União, é destinado a dívida pública, ou seja, juro, amortização, a própria renegociação da dívida. No último orçamento que foi aprovado agora pelo Congresso Nacional e pelo governo Bolsonaro, R$ 1,8 trilhão são para a dívida pública. Com esse dinheiro nós podemos investir em saúde, educação, transporte e investir no salário mínimo que precisa ser dobrado. E garantir o salário mínimo para os trabalhadores que estão no desemprego. Enquanto a gente revoga as reformas trabalhistas, da previdência, o teto de gastos e, ao mesmo tempo, a gente vai ter um plano de obras públicas, que também gera emprego desde o planejamento até a sua construção. Tudo isso é possível ser feito neste país. O problema é que toda a riqueza que existe no Brasil é destinada para os cofres particulares e por grandes empresários nacionais e internacionais.

Para além dos serviços de transporte e educação pública, nós também precisamos investir em emprego em saneamento básico. São necessidades primárias da classe trabalhadora e que é negada neste país. E não é que a classe trabalhadora produza riqueza.

Fome e o desemprego – como reverter?

Resposta: A fome e o desemprego faz parte do nosso programa, que pode ser acessado através do site do PSTU. Precisamos revogar todas essas reformas contra a classe trabalhadora brasileira. Não só essas do governo Temer para cá, porque há também a mesma desgraça para trás. Também precisamos reduzir a jornada de trabalho para o máximo de 30 horas (semanais). Que seja entre 20 a 30 horas, é o suficiente para o nível de desenvolvimento tecnológico que existe. Para isso é preciso investir em um plano de obras públicas, de construção de rodovias, escolas, creches, mais hospitais e tudo que se precisa neste país.

Com relação a fome, de imediato tem que dobrar o salário mínimo e tem que pegar esses recursos da dívida pública. Não vou dar dinheiro para esses cinco bancos e utilizar esses recursos para dobrar o salário mínimo para quem está trabalhando e dobrar o salário para quem está desempregado. Mas, junto com isso, precisamos que os trabalhadores da agroindústria, do campo, juntamente com os operários da indústria de alimentos e os trabalhadores da distribuição, que tem que estar juntamente com a população e ver quais são os principais produtos produzidos no país.

Depois a gente destina, prioritariamente, para os países da América Latina. Tem o Haiti, a Venezuela, Paraguai, Bolívia, ou seja, todos os países da América Latina, que são irmãos nossos e que passam as mesmas dificuldades que nós passamos aqui. E o Brasil tem mais condições de assegurar isso, desde que o controle seja feito pela classe trabalhadora.

Nós também queremos o governo da classe trabalhadora, que o Brasil nunca teve. A classe trabalhadora não precisa somente controlar a produção, fazendo isso de forma organizada. Seja em conselhos populares, nos sindicatos, nos movimentos populares, mulheres, negros, LGBTQI+, indígenas. Nós precisamos garantir a vida dos povos na floresta e assegurar os territórios indígenas, que vem sendo paulatinamente roubado, desde que esse país foi invadido até os dias atuais.

Racismo – o que propõe para combater?

Resposta: A classe trabalhadora, que é majoritariamente negra… Para essa parte da população negra e juntamente com boa parte dos indígenas que sobraram queremos a unidade entre negros e brancos. Ao mesmo tempo criar as condições para que a população negra tenha acesso à educação pública, transporte, moradia, trabalho, cultura, conhecimento, direito ao lazer. As mesmas condições de vida para os negros e brancos vamos poder exercer plenamente a nossa condição. Essa é a população que é mais vítima desse sistema. Vamos construir para que as mães e os pais não tenham que enterrar os filhos.

Precisamos assegurar a autodefesa, com uma polícia desmitarilizada, que ela possa eleger os seus comandantes e montar estratégias principalmente para os negros que são as principais vítimas, com a polícia trabalhando juntamente com a comunidade e ter essa segurança.

Com o mesmo sentido do combate às drogas. O melhor combate ao tráfico é legalizar. Ao legalizar, você descriminaliza as drogas. Aqueles que usam e que são viciados devem ser tratados como doentes e o Estado tem condições de garantir isso, inclusive, com a própria

Usar os recursos dos 315 bilionários do país, que detém a maior parte da riqueza aqui produzida e das maiores empresas, que também devem ser estatizadas e colocada sob o controle da classe trabalhadora. Estatizar todas as empresas que foram privatizadas. O critério é esse.

Petrobras – privatização – O novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida,

Resposta: Esse ministro é, na verdade, um grande empresário ligado às petroleiras. Para ele é extremamente importante que essa empresa seja privatizada dando lucro. Inclusive, ele é contra as mulheres. Ele acha que as mulheres têm que receber salários menores, porque elas engravidam e tem filho. É daqueles empresários que veem a classe trabalhadora (como a) que só deve servir para aqueles que dirigem. Não pensa nas necessidades humanas. A Petrobras é uma empresa de energia riquíssima. Vamos tirar isso das garras desse sujeito, desse ministro, dos acionistas dessa empresa, que promovem a cotação em dólar, enquanto a população não tem dinheiro para comprar gás. Conheci uma jovem, mulher, negra, pobre, que trabalha fazendo bicos, e ela me disse que tinha seis meses que cozinhava na lenha porque não tinha dinheiro para comprar gás. Quando ela recebe esse dinheiro do auxílio do governo, ou quando faz uma faxina, tem que escolher. Ou compra uma fralda para o filho, compra uma lata de leite, compra comida para os filhos ou compra o gás. Todo mundo fala que a comida a lenha é mais saborosa, mas ninguém sabe da dificuldade que é.

É inaceitável que um pais, como o Brasil, riquíssimo em petróleo, em várias fontes de energia, que tem alimentos de sobra nesse país, e por tudo que se produza, a gente tenha hoje 116 milhões que não tem comida.

Nós precisamos acabar com a farra dessa grande burguesia nacional e internacional. Começa por tirar Bolsonaro, mas também não pode ser Lula abraçado com a direita e com o centrão e a esquerda dizer

Hipótese do 2º turno Lula X Bolsonaro

Resposta: Nós estamos na pré-campanha. Até lá muita água vai rolar por debaixo dessa ponte. Até o primeiro turno a nossa tarefa central é a apresentação desse programa do PSTU. Caso tenha um segundo turno, quando chegar esse momento, aí a gente discute.

Aposentadorias – O que defende?

Resposta: Vou revogar todas as reformas da previdência que foram feitas. Desde Fernando Henrique Cardoso, passando por Lula, por Dilma, Temer e Bolsonaro. Todas as reformas. Ainda nem estamos falando de socialismo. Falo da previdência social da década de 1990. Ela foi paulatinamente desmontada, porque todos os recursos desses país é a dívida pública. Vamos revogar todas as reformas e toda a renda, não só das grandes fortunas, mas todo o lucro dos grandes empresários, em até 50%, a gente garante a previdência social para todo mundo. E, em condições adequadas, coisa que hoje é negada.

Palavras finais

Resposta: Hoje completa 134 anos da abolição oficial do Brasil. Essa abolição não nos trouxe nenhuma liberdade. Nós saímos das senzalas sem direita a terra, sem direito a casa e sem direito ao trabalho. O resultado disso é que nós somos a parcela da classe trabalhadora mais introvertida nesse país. A liberdade da classe trabalhadora e dos negros do Brasil ainda está por ser construída e está por ser conquistada.