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Pesquisador da Ufes vê benefícios na modificação térmica em madeira de uso comercial

Pesquisa desenvolvida na Ufes descobriu novas técnicas no beneficiamento da madeira | Foto: Djeison Cesar Batista/Ufes

O processo de industrialização da madeira com modificação térmica ainda é pouco difundido no Brasil, mas revela diversos benefícios. Essa técnica que consiste no uso do calor para modificar as propriedades do material, é objeto de estudo do professor Djeison Cesar Batista, do Departamento de Ciências Florestais e da Madeira da Ufes.

“Ao trabalhar com espécies madeireiras e com madeira de menor qualidade, ao serem industrializadas pela modificação térmica, uma das vantagens é escurecer a madeira, deixando-a mais parecida com as madeiras tropicais, que têm maior valor e aceitação no mercado”, explica Batista. Ele acrescenta que o processo é completamente limpo do ponto de vista da sustentabilidade, pois é realizado sem nenhum tipo de produto tóxico, utilizando apenas calor e água.

Segundo o pesquisador, o processo garante um produto final com mais estabilidade dimensional. “Imagina que você tem um móvel de madeira e essa madeira tem afinidade com a água. Dependendo das condições, ela pode ganhar água do ambiente, o que aumenta suas dimensões e a faz inchar: isso é o que chamamos de instabilidade dimensional da madeira”, afirma. A instabilidade pode ocasionar empenamentos e afrouxamentos de ligações com outros pedaços de madeira ou com elementos metálicos (parafusos ou pregos). “A modificação térmica faz com que a madeira se torne mais estável. Trocando menos água com o ambiente, esses problemas da estabilidade dimensional da madeira podem ser bastantes minimizados”, complementa.

Outra vantagem da modificação térmica é proporcionar uma madeira mais resistente ao ataque de microrganismos, principalmente os fungos. “Madeiras mais jovens de florestas plantadas têm baixa resistência ao ataque de fungos. Ao passar pelo processo de modificação térmica, aumenta bastante a sua resistência e durabilidade”, explica o professor.

Produção nacional é pequena

O Brasil ainda não é forte na produção desse tipo de material, apesar de a técnica ser bastante usada na Europa, na China e no Canadá. “Dados de 2019 apontam uma produção no ano de 5mil metros cúbicos [m³] de madeira modificada termicamente no Brasil. É um volume muito baixo: só temos duas máquinas que fazem modificação térmica em escala industrial no país.”

Ainda que o Espírito Santo tenha uma vocação madeireira muito importante, com polos moveleiros e indústrias de celulose, nenhuma dessas máquinas se encontra no estado. “Um dos objetivos do nosso grupo de pesquisa é buscar parcerias com empresas do estado que tenham interesse em investir nesse processo, porque é bem promissor para o Espírito Santo”, avalia Batista.