Enquanto o Exército e o governo Bolsonaro permitem que grandes traficantes de drogas entrem livremente no Brasil e ameacem os povos indígenas na fronteira com A Colômbia e o Peru e ainda permite ação criminosa de madeireiros, garimpeiros e o agronegócio na destruição da floresta, é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quem dá esperanças aos defensores da natureza. O Exército e o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) estão apenas preocupados em fazer política de direita e se preocupam atualmente apenas com as eleições deste ano.
“Não haverá garimpo em terra indígena no nosso país”, afirma categoricamente Lula. E acrescentou: “A gente tem que ter coragem de dizer não haverá garimpo em terra indígena no nosso país” e que áreas protegidas “terão de ser respeitadas”. As afirmações foram feitas em São Paulo, diante de ambientalistas que lembravam a recente comemoração do Dia Mundial do Meio Ambiente.
Meio-ambiente deve ser uma política de Estado
Lula ainda criticou duramente o desmonte socioambiental promovido por Jair Bolsonaro e afirmou que meio ambiente terá de ser transformado “numa política de Estado de verdade e que, caso eleito, as instituições ambientais voltarão a funcionar e o Brasil vai restabelecer sua relação com o mundo.
“Foi um trabalho imenso demarcar as terras indígenas, as áreas de proteção ambiental. Desmontaram. Precisamos, daqui para a frente, fazer mais e melhor. Primeiro teremos que fazer um trabalho para restituir tudo que já tivemos. O Conama vai ter que voltar a funcionar, Ibama, ICMBio, todos terão que voltar a funcionar”, disse Lula.
Briga contra milicianos
“Estamos brigando contra uma parcela da sociedade organizada de forma miliciana. Enfrentar garimpeiro é uma coisa complicada porque a febre do ouro é algo que faz o cidadão fazer qualquer coisa para achar sua pepita. O Estado terá que estar presente. O Estado terá que dizer que não pode, não é o indígena. O Estado precisa assumir responsabilidade”, prosseguiu.
O ex-presidente também fez um aceno à sociedade civil, pedindo que cobre do governo ações nessa área. “Político precisa ter sempre o povo mordendo o calcanhar. Se vocês derem moleza, a gente pensa que está tudo bom. Um grito, às vezes, acorda a gente. Por isso, peço que vocês sempre sigam me cobrando”.
Presente ao mesmo encontro, o climatologista Carlos Nobre destacou a mudança de rumo que o país tomou ao longo dos últimos anos nas políticas ambientais. “Se formos olhar o Brasil de dez anos atrás, eu jamais poderia prever que deixaríamos de ser um grande protagonista ambiental. Há dez anos éramos o país do mundo com a maior redução da emissão dos gases de efeito estufa, foi quando tivemos o mínimo de desmatamento da série histórica desde a década de 1970 na Amazônia e, também, uma diminuição grande do desmatamento no Cerrado”, disse. “Infelizmente, hoje estamos vivendo o oposto dessa trajetória.