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Secretario da Prefeitura de Vitória pede demissão logo após ser acusado de LGBTfobia


O ex-secretário se recusou apoiar a realização da 11ª Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Vitória (ES), que vai ocorrer no próximo dia 31 de julho. Ele alegou que “a comunidade LGBTQIA+ não faz parte da nossa política”

Logo após Deborah Sabará anunciar ter feito BO contra o então secretário bolsonarista (foto, no detalhe à direita), por LGBTfobia, Luciano Gagno pediu demissão do cargo na Prefeitura de Vitória (ES) | Fotos: Facebook

O bolsonarista Luciano Picoli Gagno pediu demissão do cargo de secretário municipal de Cultura da Prefeitura de Vitória (PMV) logo após ser denunciado por LGBTfobia em Boletim de Ocorrência (BO) registrado na Polícia Civil. A denunciante é a coordenadora de Ações e Projetos da Associação Grupo Orgulho, Liberdade e Dignidade (Gold), Deborah Sabará. Ela vem sendo alvo dos bolsonaristas da PMV e da Câmara de Vereadores de Vitória, onde um desses vereadores teve uma ação de transfobia aceita pela Justiça capixaba.

Poucas horas depois, o bolsonarista acusado na Polícia de ser LGBTfóbico pediu demissão do cargo de secretário municipal. A gestão bolsonarista da PMV confirmou o pedido de desligamento. O BO foi feito assim que o então secretário de Cultura fez, categoricamente, a seguinte afirmação: “A comunidade LGBTQIA+ não faz parte da nossa política”.

A coordenadora Associação Grupo Orgulho, Liberdade e Dignidade (Gold), Deborah Sabará, mostrou o BO feito numa Delegacia de Polícia, o que apressou o bolsonarista a pedir conta | Vídeo: Facebook/Associação Gold

Além de bolsonarista, a PMV está impregnada de evangélicos radicais de direita e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que vem praticando a política do ódio na Capital do Espírito Santo. “Acabei de registrar Boletim de Ocorrência e de abertura de inquérito contra o secretário Luciano, de Cultura de Vitória. Não podemos nos calar com homofobismo. Vamos ter manifesto sim. A população LGBT vai para a rua sim. Vamos fazer um manifesto lindo, pacifico e cheio de energia que tem a população LGBT”, disse Deborah em vídeo que postou no Facebook.

Após o registro do BO, a próxima etapa é apresentar o crime de discriminação à Defensoria Púbica do Espírito Santo (DPES) , com o intuito de obter medidas judiciais qu8e façam com que a atual gestão bolsonarista da PMV garanta o evento para a realização da 11ª Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Vitória. O ato será iniciado com uma concentração na Vila Rubim para seguir até o sambódromo. Os bolsonaristas ignoram o efeito econômico de uma paradfa LGBTQIA+ para o turismo local, como maior ocupação hoteleira, maior movimento de restaurantes, táxis e do comércio.

Independente dos bolsonaristas da Prefeitura de Vitória querer ou não, a 11ª Parada do Orgulho LGBTQIA+ vai ser realizada no Sambão do Povo, em 31 de julho, e a Associação Gold está convidando a população para comparecer | Vídeo: Facebook

Postura LGBTfóbica da administração do bolsonarista Pazolini

O prefeito bolsonarista de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos) vem sendo, sistematicamente, acusado de praticar uma administração que restringe os direitos da população LGBTQIA+ da cidade. “Há muito que já desconfiámos da postura LGBTfóbica da atual gestão da Prefeitura de Vitória e hoje tivemos a confirmação. O secretário de Cultura de Vitória, Luciano Gagno, disse com todas as letras que a gestão não vai destinar recurso para eventos que levantem essa bandeira (LGBTQIA+)”, disse a dirigente da Gold.

“É importante explicar que nossa solicitação não iria gerar custos extras para a prefeitura, visto que nossa solicitação junto a Secretaria de Cultura era de palco, iluminação, som e atrações culturais, itens que já estão no orçamento da secretaria, licitados e com recurso financeiro disponível para contratação”, assinalou Deborah.

O XI Manifesto LGBTQIA+ de Vitória está agendado pela Associação Gold para ocorrer no próximo dia 31 de julho, no Sambão do Povo, no Bairro Mário Cipreste, em Vitória. Deborah Sabará lembra que “depois de uma suspensão forçada e necessária, devido à pandemia, estamos de volta com o Manifesto LGBTQIA+ (ou se você preferir Parada LGBTQIA+)” e ela faz o convite: “Vamos celebrar nossa existência, dançar, abraçar, beijar, ser felizes e mandar um recado aos LGBTfóbicos: Não voltaremos para o armário. Bora colorir as ruas de Vitória?”

Quem é o secretário que pediu demissão?

Luciano Picoli Gagno tem 38 anos e foi candidato derrotado à vereador por Vitória nas eleições de 2020. Ele concorreu pelo partido Solidariedade. Para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ele disse que tem grau de ensino superior completo e que tem como ocupação a função de professor de ensino superior. Ele declarou ter recebido de doações de campanha no total de R$ 6.951,62, sendo três repasses da direção municipal do Solidariedade no total de R$ 5 mil e mais oito repasses no total de R$ 1.951,62 do então candidato a prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos).

Já nas despesas de campanha atestou para o TSE que gastou exatos R$ 5 mil, constando a devolução dos mesmos R$ 1.951,62 recebidos de Pazolini para a conta “Eleição 2020 Lorenzo Silva de Pazolini”. Gastou R$ 4.980 para Carlos Moises Vieira da Silva, para assessoria de comunicação, gerenciamento de redes, composição e gravação de jingle eleitoral e coordenação de campanha para rede social. E devolveu R$ 20,00 para o Solidariedade.

Gagno declarou ter R$1.960.951,72 em bens, sendo dois veículos (um caminhão MB 1620 ano 2008/2009, no valor de R$ 130 mil e um automóvel Renault, avaliado em R$ 20 mil); um apartamento na Praia da Costa, em Vila Velha, no valor de R$ 1,8 milhão; uma conta corrente no Banestes com R$ 10.929,41 e uma conta corrente no Bradesco com depósito de R$ 22,31. Ele se declarou para o TSE como sendo casado e de cor branca.