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Bolsonaro reúne embaixadores para difundir mentiras sobre o processo eleitoral brasileiro

Bolsonaro convocou os embaixadores estrangeiros no Brasi para difundir mentiras sobre o processo eleitoral braszileiro l Foto: Clauber Caetano/Presidência da República

O presidente Jair Bolsonaro elevou suas alegações de fraude eleitoral de uma questão de política interna para política externa, aumentando os temores internacionais de que ele contestaria as próximas eleições. Ao serem questionados pelo jornal Folha de São Paulo, embaixadores que participaram da reunião de 47 minutos, que ocorreu no Palácio do Planalto nesta última segunda-feira (18), compararam o gesto de Bolsonaro ao que o ex-presidente americano Trump fez com as eleições presidenciais americanas.

Em resumo, os embaixadores ouvidos relataram que Bolsonaro tentou desviar o foco dos problemas gerados pela incompetência de seu governo em solucionar, como inflação elevada e preços abusivos dos combustíveis, para atacar o processo eleitoral. O entendimento é que ele guardou, com esse ato, munição para questionar a possível derrota sua frente ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É uma tática “trompista”, resumiram alguns desses embaixadores, em referência aos distúrbios causados nos Estados Unidos pelo ex-presidente Donald Trump.

Lula reagiu ao encontro através de suas redes sociais | Imagem: Twitter

Mentiras

“É uma pena que o Brasil não tenha um presidente que chame 50 embaixadores para falar sobre algo que interesse ao país. Emprego, desenvolvimento ou combate à fome, por exemplo”, disse Lula através de sua rede social. “Ao invés disso, conta mentiras contra nossa democracia”, completou.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin, fez um comentário sobre a reunião de Bolsonaro com os embaixadores durante a abertura de um evento virtual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Sem citar o nome de Bolsonaro, Fachin disse “criam-se, nesse caminho de desinformação, encenações interligadas, como, aliás, está a assistir hoje o próprio país”. E prosseguiu: “Há um inaceitável negacionismo eleitoral por parte de uma personalidade importante dentro de um país democrático, e é muito grave a acusação de fraude a uma instituição, mais uma vez, sem apresentar provas”. “Tentar sequestrar a ação comunicativa e, ao assim fazê-lo, sequestrar a opinião pública e a estabilidade política”, completou.

 “O que foi essa reunião com os embaixadores? Para mim, foi um ensaio do discurso da derrota. Fiquei chocado com o tom, com a forma, com a substância”, disse em transmissão pelas redes sociais o pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PMB e ex-ministro da Educação do governo Bolsonaro, Abraham Weintraub. “Estava realmente murcho, pedindo, quase por favor: ‘eu sou democrata, vou respeitar o resultado, mas pô, não é justo’. Muito pipi mole, o pipizinho dele bem mole”, atacou o ex-ministro Abraham Weintraub, que ainda chamou o presidente de “impotente” várias vezes. “Pipi mole total. Haja Viagra do Exército. E não sei se dá conta”, completou.

Assista a íntegra da fala de 47 minutos e 20 segundos de Bolsonaro com os embaixadores | Vídeo: TV Brasil/YouTube

New York Times

Segundo matéria jornalística publicada pelo The New York Times (NYT) sobre o encontro de Bolsonaro com o embaixadores estrangeiro, “muitos diplomatas no evento ficaram abalados com a apresentação, incluindo a sugestão de Bolsonaro de que a maneira de garantir eleições seguras era através de um envolvimento mais profundo dos militares do Brasil”. O NYT atribui essa declaração a dois diplomatas presentes no evento e que falaram sob condição de anonimato.

Segundo o jornal americano, esses diplomatas temiam que Bolsonaro estivesse preparando as bases para uma tentativa de contestar os resultados das urnas se perdesse. “Menos de três meses antes da eleição presidencial, Bolsonaro parece estar aderindo ao plano do ex-presidente Donald J. Trump. Como Trump antes das eleições de 2020 nos EUA, Bolsonaro está atrás nas pesquisas. E, como Trump, Bolsonaro parecia estar desacreditando a votação antes que ela acontecesse, em um suposto esforço para aumentar a confiabilidade e a transparência”, prossegue o NYT em sua matéria.

No final do texto, o NYT fez a seguinte observação: “No final das declarações de Bolsonaro na segunda-feira, houve um breve silêncio enquanto ele estava diante da audiência. Alguns dos membros do gabinete reunidos com o presidente iniciaram, rapidamente, a fazer aplausos. Muitos dos diplomatas variados também aplaudiram educadamente”.