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Base petista quer lançar um nome independente ao Senado e não aceita imposições de Casagrande


Os nomes dos direitistas Ricardo Ferraço e Rose de Freitas, respectivamente para a vice-governador e para o Senado, sem que tenha havido diálogo com o PT, está sendo considerado inadmissível pelos filiados do PT capixaba


As bases do PT no Espírito Santo não aceitam a falta de diálogo do governador e pré-candidato à reeleição, Renato Casagrande, que quer impor nomes de direitistas como candidatos a vice-governador e ao Senado | Foto: Divulgação/PT nacional

O isolamento que o pré-candidato à reeleição do Governo do Espírito Santo, Renato Casagrande, impôs ao Partido dos Trabalhadores, ao anunciar como vice-governador o direitista Ricardo Ferraço (PSDB) e de apoiar a reeleição da também direitista Rose de Freitas (MDB), trouxe irritação à base petista no Estado. Diante disso, militantes do PT se reunirão no próximo dia 30, no auditório do Sindicato dos Bancários, no Centro Histórico de Vitória, para lançar um candidato avulso ao Senado.

Há dois nomes a serem escolhidos. A professora Célia Tavares, que disputou em 2020 a Prefeitura de Cariacica, e o ex-reitor da Ufes, Reinaldo Centoducatte. Para os petistas é inimaginável ver o partido pedindo votos para a chapa ao Governo estadual, que tem como vice o direitista Ricardo Ferraço, integrante de uma oligarquia política antiga de Cachoeiro de Itapemirim.

A militante Fernanda Tardin, que atua junto à coordenação do grupo de militantes petistas, disse que está confirmada a reunião para o dia 30, que irá tratar de estratégias para a campanha de Lula no Espírito Santo e a campanha para o Senado. “Posto que nossos pré-candidatos não retiraram seus nomes”, acentuou para o Grafitti News. Ela ainda lembrou que, como presidenta da Casa da América Latina, se recorda que Ricardo Ferraço, então senador, “esteve presente na fronteira (com a Venezuela) para proteger Guaidó (Juan Guaidó, um fantoche que os Estados Unidos transformaram em “autoproclamado presidente”).

O direitista Ricardo Ferraço, juntamente com outros sete senadores direitistas tentaram entrar na Venezuela para apoiar o fantoche criado pelo ex-presidente Donal Trump no país vizinho, mas foram barrados. Outra participação de Ferraço com golpistas latino-americanos foi em 2013, quando ele então no antigo PMDB e nessa ocasião presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado ajudou o então senador boliviano Roger Pinto Molina, opositor do governo de Evo Morales, que era acusado de corrupção e de ser narcotraficante. Molina estava como asilado político na Embaixada do Brasil em La Paz.

Ferraço atuou com destaque no golpe contra Dilma Rousseff

Além disso, Ricardo Ferraço foi um dos articuladores do golpe que tirou o mandato da presidente Dilma Rousseff em 2016, conforme texto que se encontra no portal oficial do PSDB e que pode ser conferido clicando neste link . Além disso, em 2017 o ex-senador Ricardo Ferraço, então no antigo PMDB e na ocasião presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, votou a favor da reforma trabalhista proposta pelo governo de Michel Temer. A reforma trabalhista, segundo os sindicalistas, foi a responsável pela retirada dos direitos dos trabalhistas e de impor a precarização no trabalho no Brasil.

“Está réu na Lava Jato por receber 400 mil reais”, se recorda Fernanda Tardin. O companheiro de chapa de Renato Casagrande foi acusado por dois delatores de que teria recebido R$ 400 mil na campanha eleitoral de 2010, quando se elegeu senador. Na lista de propina da Odebrecht Ricardo Ferraço tinha o codinome de “Duro”. Nessa ocasião, Ferraço divulgou vídeo, onde fazia a sua defesa e dizia “Nunca conversei com essas pessoas sobre esse ou sobre qualquer outro assunto. Esses delatores criminosos terão que provar em juízo se deram dinheiro e para quem deram. Fiquem absolutamente tranquilos, meus amigos, vou até às últimas consequências, na defesa da minha dignidade”.

Rose de Freitas esteve na mira da PF

A senadora pelo Espírito Santo que está terminando o mandato de oito anos e que disputa a reeleição com o apoio de Casagrande, Rose de Freitas (MDB-ES) foi alvo da Operação Corsários, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em 12 de maio do ano passado. Na ocasião, a PF divulgou que a operação visava apurar uma corrupção na Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) em R$ 9 milhões. O alvo foi Rose de Freitas, que teve a sua casa no Bairro Fradinhos, em Vitória (ES), revirada pelos policiais, que levaram presos o seu irmão Edward Freitas e o seu primo Ricardo Saiter.

Segundo a PF, a Operação Corsários teve início com o recebimento de denúncia de exigência de vantagens ilícitas por servidores da Codesa em contrato de locação de veículos. A Codesa era a área cedida pelo Governo federal para a parlamentar indicar os nomes dos ocupantes de cargos comissionados. As apurações revelaram a existência de uma verdadeira organização criminosa infiltrada na empresa pública, por meio da indicação de pessoas de confiança do grupo para postos chaves, permitindo dessa forma a interferência nos certames, o superfaturamento e desvio dos valores pagos nos contratos subsequentes.

Petistas querem Contarato como coordenador de Lula no ES

A base do PT no Espírito Santo se reuniu nesta última terça-feira (19) no antigo Hotel Imperador, agora denominada de Triplex da Resistência, que fica no início da Rua Sete de Setembro, no Centro Histórico de Vitória. Nesse encontro ficou acertado o fortalecimento político do senador Fabiano Contarato (PT-ES), que teve de retirar a sua candidatura a governador, devido a imposição do PSB, que participa nacionalmente de uma Federação com o PT, juntamente com o PV e PCdoB. Ao invés de indicar um integrante para a vice governadoria, Casagrande optou pelo direitista Ricardo Ferraço. E, para completar, apoia Rose de Freitas para mais oito anos de mandato.

Tardin questiona se Casagrande discutiu com o PT esses apoios ao PSDB e ao MDB. O partido do vice de Renato Casagrande, o PSDB, construiu uma Federação partidária junto com o Cidadania. A federação PSDB-Cidadania ainda não revelou quem apoiará para a presidência da República, mas em São Paulo, o diretório estadual do PSDB assinala uma possibilidade de apoiar a reeleição de Jair Bolsonaro (PL).