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Sob os gritos de miliciano e de Fora Bolsonaro, presidente da Funai é expulso de evento da ONU na Espanha

Marcelo Xavier, presidente da Funai no governo Bolsonaro, foi expulso de evento da ONU em Madri, na Espanha | Video: YouTube

O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai) no governo Bolsonaro, delegado da Polícia Federal, Marcelo Xavier, foi alvo de um protesto durante uma reunião realizada nesta última quinta-feira (21) na sede do Ministério das Relações Exteriores da Espanha, em Madri, durante um evento promovido pela ONU. Ele saiu do auditório e ainda ouviu gritos de Fora Bolsonaro.

A “expulsão” e ocorreu durante a XVI Assembleia Geral do Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e Caribe (Filac), que contava com a presença de indígenas e organizações que lutam em favor dos seus direitos. Xavier chegou na surdina, tentando não ser reconhecido, mas foi visto por um indigenista que trabalhou na Funai.

Foi o ex-funcionário da Funai, Ricardo Rao, ativista que atua a favor dos direitos dos indígenas, que estava presente no auditório onde o encontro era realizado quem denunciou a sua presença. Ele foi em direção à frente da sala e, em voz alta, acusou Xavier de ser “miliciano” e responsável pelas mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, ocorridas em junho, no Vale do Javari, na floresta amazônica.

“Miliciano” e “responsável pelas mortes de Bruno e Dom Phillips”

“Este homem não é digno de estar entre vocês. O Itamaraty é uma vergonha, está sendo babá de miliciano”, afirmou Rao. “Marcelo Xavier é um miliciano. Esse homem é responsável pela morte de Bruno Pereira. Esse homem é responsável pela morte de [Dom] Phillips. Você é um miliciano, Xavier. Bandido, vai para fora”, disse.

Não houve reação à manifestação do indigenista e os presentes assistiram à saída de Xavier com um silêncio que só foi interrompido por um grito em espanhol de “Fora Bolsonaro”. Ricardo Rao era servidor da Funai e foi exonerado no início do governo Bolsonaro, em 2019. Desde então, se exilou na Europa porque teme ser assassinado por causa do trabalho de fiscalização que fez para coibir invasões e garimpo ilegal em terras indígenas.

Rao foi colega de Bruno Araújo Pereira no Curso de Formação de Política Indigenista da Funai. No início do seu exílio, viveu em Kristiansand, extremo sul da Noruega. Ele foi abrigado na condição de asilado.