A legislação eleitoral (Lei 9.504/97) proíbe propaganda de candidatos dentro de templos religiosos no Brasil. Mesmo assim, as igrejas bolsonaristas insistem em desrespeitar a legislação em vigor
Circula amplamente pelas redes sociais um vídeo onde o ex-ministro de Ciência e Tecnologia do governo Bolsonaro e astronauta Marcos Pontes (PL-SP) vai pedir votos em um culto da bolsonarista Igreja evangélica Batista, organizado pela Convenção Batista Brasileira, e foi contestado por um fiel. “”Tá errado fazer isso aqui. Essa é a casa do Senhor. Aqui não é lugar de política. Vocês estão todos errados. Eu vim aqui emprestar a minha voz para o culto, eu não vim aqui para fazer isso”, diz um membro daquela organização religiosa que vem transformando seus tempos em comitê eleitoral.
De acordo com o jornal Estado de Minas, a contestação ocorreu no último dia 29 de agosto, uma segunda-feira, quando uma igreja Batista de São Paulo promovia a celebração dos 80 anos da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil. Sem nenhum pudor, o ex-ministro bolsonarista, que é candidato ao Senado pelo PL em São Paulo, pediu votos e ainda deu o número de urna. O pastor, engajado na política de extrema-direita, antes de passar a palavra para Marcos Pontes, ainda de dizer para falar o nome e qual o cargo que pretende. “E nós vamos orar por vocês”, completou.
Pontes diz que foi como convidado pela igreja Batista
O ex-ministro começou justificando a sua presença alegando que foi convidado. Depois o mesmo pastor passou a palavra para outro candidato bolsonarista. Dessa vez foi dada a palavra ao coronel aviador Sílvio Malheiro (PTB-SP), da reserva da Força Aérea Brasileira (FAB) e que concorre ao cargo de deputado federal pelo bolsonarista PTB. Este outro candidato começou a se pronunciar dizendo: “Glória a Deus por esta oportunidade maravilhosa de estar aqui entre irmãos”.
Foi ai que um dos membros daquela igreja se irritou em ver a sua congregação se transformando em um comitê eleitoral bolsonarista O pastor deixou por menos e disse: “Vamos prosseguir. Só o nome e qual função pretende, só isso”. O jornal mineiro lembra que a legislação eleitoral (Lei 9.504/97) proíbe propaganda de candidatos dentro de igrejas e templos religiosos no Brasil. Esses espaços são classificados como bens de uso comum, assim como cinemas, ginásios e estádios. Por isso, quem pede voto durante atos religiosos – de qualquer religião – pode ser punido com multas de R$ 2 mil a R$ 8 mil.