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Ausência do prefeito de Vitória (ES) na cerimônia oficial de 7 de setembro despertou atenção de políticos capixabas


Apesar de ter sido cumprimentado quatro dias antes dentro de uma igreja evangélica pelo candidato a governador pelo PSB, Pazolini tem desavença com o Casagrande. E, na ausência a cerimônia, evitou um novo contato com o desafeto. Num único evento, a Igreja Batista divulgou junto aos seus fiéis três candidatos às eleições deste ano


Faltando menos de um mês para a eleição, igreja evangélica reúne lado a lado dois candidatos a governador (Casagrande e Auxifax), um candidato a deputado estadual (Davi Esmael) e Pazolini, cabo eleitoral de Erick Musso ao Senado Vídeo: YouTube

A ausência do prefeito bolsonarista de Vitória (ES), Lorenzo Pazolini (Republicanos) nas cerimônias oficiais deste último 7 de setembro continua gerando comentários no meio político, já que é público que existe uma animosidade entre ele e o candidato a governador pelo PSB, Renato Casagrande (PSB), que devido atual legislação eleitoral continua exercendo o cargo de governador efetivo. O que gera maior intriga é que Pazolini, que é cabo eleitoral do atual presidente da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) e candidato ao Senado, Erick Cabral Musso, também do Republicanos, se cumprimentaram e ficaram lado a lado quatro dias antes.

Pazolini, que tem buscado votos para Musso, foi ao culto da Primeira Igreja Batista de Vitória (PIB) presidido pelo presidente da Convenção Batista do Estado do Espírito Santo (CBEES), pastor Doronézio Pedro de Andrade, que comemorava 119 anos de existência daquela igreja. Os candidatos não pediram votos, mas foram apresentados aos membros da igreja evangélica, oraram e tiveram bênçãos dos pastores. A íntegra do culto pode ser vista clicando neste link.

Também em busca de votos, os candidatos a governador Casagrande e o também candidato a governador pelo partido Rede, Audifax Charles Pimentel Barcelos. Pazolini ainda levou junto o outro cabo eleitoral de Erick Musso, o vereador de Vitória a candidato a deputado estadual, o evangélico bolsonarista Davi Esmael Menezes de Almeida (PSD). Os três políticos candidatos as eleições deste ano ficaram lado a lado e se cumprimentaram na noite deste último domingo (4), junto com Pazolini.

No ato político, pastor evangélico não convidou candidatos de esquerda

Para justificar a presença dos políticos conservadores e bolsonaristas – para a ação política dentro do templo da Primeira Igreja Batista de Vitória, o pastor Doronézio não convidou o candidato comunista ao governo do Estado, o capitão Vinicius Sousa, do PSTU) – o pastor pediu para que os fiéis orassem por eles. O curioso é que o candidato a governador Audifax não está exercendo nenhum cargo público e para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) declarou exercer atualmente a profissão de economista.

A pregação de natureza política do pastor se iniciou quando faltava 36 minutos para acabar o culto que durou duas horas e um minuto. “Louvado seja Deus por esse tempo tão precioso. Nós estamos caminhando para o final de nosso culto. Como pastor e como Igreja eu tenho tido alegria. E não sei se você sabe disso, porque Renato Casagrande e Lorenzo Pazolini são dois homens bem casados, boas famílias e são bem religiosos. E com Renato Casagrande meu governador, eu tenho uma caminhada mensal de oração, de leitura da palavra e de pregação para o coração dele”, disse o pastor Doronézio no seu discurso em favor do candidato às eleições 2022.

“Queria convidá-los como Igreja agora. É uma palavra de gratidão. E depois vamos ouvir o nosso prefeito, que há uma placa juntamente com Davi Esmael. Vem cá governador. Podemos receber com palmas. É o nosso governador, é autoridade”. O candidato a governador Casagrande pegou o microfone e cumprimentou os eleitores evangélicos presente dentro daquele templo evangélico. “Minha gratidão a igreja, ao pastor. Nesses 119 anos eu acompanhei mais de 30 anos da igreja”.

De forma hipócrita ou não, Casagrande disse “Quero cumprimentar o prefeito Pazolini, o vereador Davi”, disse Casagrande. E arrematou: “Obrigado porque as orações ajudam a gente a ter equilíbrio e serenidade para conduzir o Estado neste momento de muita turbulência. A serenidade e o equilíbrio… a paciência e a harmonia faz a gente buscar a paz que dialoga e que procura conviver com quem pensa diferente. Então essa é a minha gratidão à igreja nesses 119 anos de prestação de serviço espiritual, mas também na prestação de serviço de desenvolvimento social do nosso Estado”.

Grupos políticos diferentes

Situados em grupos políticos e ideológicos opostos, Pazolini e Casagrande sempre mantiveram rusgas no relacionamento político. Houve vários embates entre os dois. Foi assim no caso das obras de embarque e desembarque de passageiros do futuro sistema aquaviário em Vitória. O município não deu a licença para a obra. Outra briga foi a falta de abastecimento de água em diversos bairros da capital atendidos pela Cesan, administrada pelo governo estadual.

Nessa outra briga, o prefeito chegou a entrar, por meio da Procuradoria Geral da Prefeitura, com um processo administrativo contra a concessionária de água e esgoto. O imbróglio entre as partes só terminou com a intermediação pelo Procon de um acordo que definiu pela imediata retomada do abastecimento de água aos bairros afetados e a não cobrança das contas de fevereiro.

Pazolini fez acusação de corrupção no governo estadual

Mas, as desavenças entre os dois chegou ao ápice no dia 14 de maio deste ano, quando Pazolini fez graves acusações de corrupção contra o governo estadual, sem fornecer provas documentais, fotos ou vídeos. Diante do público que compareceu na inauguração da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Padre Guido Ceotto, em Jardim Camburi, Pazolini começou as acusações como se estivesse narrando uma fábula.

“E nessa reunião me falaram o seguinte: Prefeito nós queremos levar investimento pra Vitória. E eu disse assim, ótimo. Prefeito, nós queremos levar obras pra Vitória, e eu falei que bom, nós estamos ansiosos pra isso. Prefeito Pazolini, nós vamos investir X na cidade de Vitória porque é a capital do nosso Estado, e eu disse obrigado autoridade X. Só que no final tinha um porém. E agora eu vou contar pra vocês porque tenho esse dever e vou começar a fazer essa reflexão e o meu compromisso com a cidade de Vitória”, disse o prefeito para os presentes.

“A licitação tinha ganhador!!! A obra tinha que ser executada pela empresa tal. Eu vou repetir aqui, essa reunião se encerrou nesse momento em que eu bati na mesa e levantei. A licitação tinha vencedor sem ter começado. E a obra só poderia ser executada, presidente Erick Musso, por determinada empresa, e é por isso que estamos vendo o que estamos vendo no Espírito Santo. É por isso que tem tenda, que tem álcool em gel no Espírito Santo. E eu vou começar a revelar e dialogar com a cidade contando o que está acontecendo no Estado do Espírito Santo. E faço hoje a primeira dessas confidencias como cidadão, e não como prefeito”.

“E o que estou dizendo eu tenho como provar. Eu vou repetir o que foi dito, prefeito, vamos levar, mas tem ser com fulano de tal pra fazer a obra. Eu bati na mesa e sai dessa reunião. Essa é a cidade do Estado que nós não queremos. Retornar a antes de 2003, o Espírito Santo não quer e não merece. Passar pelo que nós passamos, o Espírito Santo não quer e não merece. Enquanto eu estiver vivo e Deus me der saúde vou defender essa cidade, vou defender esse Estado. Enquanto eu estiver saúde vou defender Vitória e vou defender o Espírito Santo de coisas que nós temos visto. Enfim, quero agradecer”, finalizou. As brigas foram parar em queixa em delegacia da Polícia Federal.