A destruição, de acordo com especialistas, ocorre devido o apoio que o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) dá para o desmatamento, com o desmantelamento dos órgãos de fiscalização e a falta de punição para os criminosos ambientais
Mais de 400 milhões de árvores foram derrubadas na Amazônia brasileira entre 1º janeiro e 15 de setembro de 2022, de acordo com dados inéditos do Monitor da Floresta do PlenaMata, uma iniciativa do MapBiomas, InfoAmazonia, Natura e Hacklab pelo fim do desmatamento. Nesse período, foram perdidas mais de 1,6 milhão de árvores por dia, uma média de 1.156 a cada minuto, 19 a cada segundo.
No entanto, no último mês, a velocidade da devastação acelerou ainda mais. Em 11 de agosto, o PlenaMata e o InfoAmazonia já haviam noticiado que o número de árvores derrubadas havia ultrapassado a marca de 300 milhões. Agora, em pouco mais de 1 mês (34 dias), o montante agrega mais 100 milhões de árvores tombadas, totalizando as 400 milhões derrubadas este ano.
Ao todo, desde o início do ano, a Amazônia perdeu quase 6 cidades do Rio de Janeiro (7.190 km²) em floresta. Só na última semana, foram 2.909 árvores derrubadas por minuto, ou 48 por segundo, mais do que o dobro (151%) em relação à velocidade média de árvores perdidas em 2022.
Efeitos do desmatamento
A floresta amazônica contribui para a manutenção do clima na Terra ao estocar grande quantidade de dióxido de carbono (CO2), um dos gases responsáveis pelo efeito estufa e aquecimento global. No entanto, um estudo liderado pela pesquisadora do Inpe Luciana Gatti e publicado em julho de 2021 na revista científica Nature aponta que o lado leste da Amazônia tem perdido a função de reter o gás carbônico.
A pesquisa, uma das mais completas sobre o assunto, apurou a concentração de CO2 em diferentes regiões da Amazônia entre 2010 e 2018 e mostrou que o nordeste e sudeste da floresta, os mais desmatados e queimados, já emitem mais dióxido de carbono do que absorvem, ou seja, tornaram-se fontes de emissão de CO2.
Em entrevista ao InfoAmazonia e PlenaMata, a cientista explica em detalhes o fenômeno “catastrófico” e alerta que o processo tem reduzido ainda a formação de chuvas na região e aumentado a temperatura a níveis preocupantes, com impactos na saúde humana, na segurança das populações e na economia brasileira, uma vez que o agronegócio é diretamente afetado pelas mudanças no clima.