fbpx
Início > Com baixa adesão à vacinação contra poliomielite, o vírus pode voltar e o Brasil vir a ter muitas crianças com paralisia infantil, teme a OPAS

Com baixa adesão à vacinação contra poliomielite, o vírus pode voltar e o Brasil vir a ter muitas crianças com paralisia infantil, teme a OPAS


O Ministério da Saúde lembra que poliomielite e paralisia infantil é a mesma coisa e diz que é uma doença contagiosa aguda causada por vírus que pode infectar crianças e adultos e em casos graves pode acarretar paralisia nos membros inferiores. A vacinação é a única forma de prevenção. Todas as crianças menores de cinco anos devem ser vacinadas


Os pais que se recusam a vacinar seus filhos contra a poliomielite demonstram falta de amor aos seus próprios filhos e correm o risco de terem filhos com paralisia infantil. A vacina é o único meio de evitar o contágio com o vírus | Foto: Arquivo/OPAS

O retrocesso cultural no Brasil, desde a ascensão do governo do atual presidente Jair Bolsonaro (PL), principalmente na negação na ciência, contrata com o avanço cientifico e tecnológico mundial. Esse é o caso dos pais, que de forma irresponsável e cruel para com os seus próprios filhos, se recusam a levar as crianças para serem vacinadas preventivamente contra a poliomielite. Não há no Brasil uma legislação que obrigue a vacinar e com isso, a visão distorcida da realidade, leva ao País a ter o grave risco de retorno da doença, que foi oficialmente erradicada em 1990.

No Brasil não há lei que obrigue ou que responsabilize criminalmente os país que se recusam a vacinar os seus filhos contra a poliomielite. No Espírito Santo, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) se viu obrigada a estender a campanha de vacinação contra a pólio até o próximo dia 30, exatamente porque os pais capixabas não demonstraram amor aos seus próprios filhos e não levaram as crianças para se vacinar. A estupidez e a ignorância imperam, principalmente por que os pais acreditam em fake news que difundem mentiras contra a vacinação.

Atual cobertura vacinal contra a poliomielite no Brasil em relação ao mundo | Tabela OMS/Unicef/Ministério da Saúde

Ameaça de retorno da poliomielite

No Brasil, o último caso de infecção pelo poliovírus selvagem ocorreu em 1989, na cidade de Souza/PB, segundo o Ministério da Saúde. A estratégia adotada para a eliminação do vírus no país foi centrada na realização de campanhas de vacinação em massa com a vacina oral contra a pólio (VOP). Essa vacina propicia imunidade individual e aumenta a imunidade de grupo na população em geral, com a disseminação do poliovírus vacinal no meio ambiente, em um curto espaço de tempo. “Poliomielite e paralisia infantil são a mesma coisa”, assinala o Ministério.

Neste último sábado (24), a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) comemorou o Dia Mundial de Combate à Poliomielite. “Ao reconhecer o Dia Mundial de Combate à Pólio neste domingo, somos lembrados do que esta região pode alcançar quando trabalha em conjunto para manter as ameaças à saúde sob controle, quando protegemos os mais vulneráveis e garantimos que todas as pessoas tenham acesso a vacinas que salvam vidas”, disse a diretora da OPAS, Carissa F. Etienne.

É a mesma Opas quem afirma que o Brasil, República Dominicana, Haiti e Peru correm um risco muito alto de reintrodução da poliomielite, exatamente devido a ignorância dos pais em levar seus filhos para vacinar e, com isso, provocar queda na cobertura regional de vacinação contra a doença para cerca de 79%, o menor desde 1994. No Espírito Santo, segundo a Sesa, foram aplicadas pouco mais de 80 mil doses contra a Poliomielite, também conhecida como “Paralisia Infantil”, resultando numa cobertura de apenas 36%. No Brasil, a cobertura da Campanha está em 39,5%, sendo que a meta do Ministério da Saúde é de 95%, dentro do público-alvo formado por crianças menores de cinco anos.

Estados Unidos

Outro país, que saiu recentemente do governo do negacionista Donald Trump, que também está em estado de alerta sob o risco de da poliomielite voltar são os Estados Unidos. Nos últimos anos, Estados Unidos e Brasil registraram queda nas taxas de vacinação contra a poliomelite. Há um movimento antivacina promovido pela extrema-direita radical forte naquele país no Norte das Américas.

O médico e especialista em infectologia e saúde pública, Gerson Salvador, foi ouvido pela agência de notícias russa Sputnik e fez a seguinte declaração: “Junto com a queda na cobertura vacinal, houve o desmonte do Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente da atenção primária. A gente teve, em 2016, o início do governo [de Michel] Temer. O então ministro Ricardo Barros declarou que o SUS era grande demais, que ele não cabia no Orçamento”, iniciou.

“A gente teve uma queda no orçamento no SUS, principalmente da atenção primária. Isso acabou impactando na redução de equipes de estratégia de saúde da família, uma redução de agentes comunitários de saúde. Houve queda do investimento no próprio Programa Nacional de Imunizações (PNI). A coordenadora do PMI declarou na CPI da Covid-19 que não tinha recursos para fazer campanhas como a gente tinha, de uma maneira muito intensiva (tal como tínhamos) nos anos 1980, 1990, 2000″, relembra ele”, finalizou.