O único candidato da esquerda capixaba ao cargo de governador do Espírito Santo, o capitão Vinicius Sousa, do PSTU, com o número de urna 16, ao participar da sabatina entre os postulantes ao Palácio Anchieta, em evento realizado pelo Conselho Regional de Contabilidade do Espírito Santo (CRC-ES), defendeu a redução na quantidade de municípios. “Nós temos 78 municípios e isso quer dizer que é mais de 70 secretarias municipais, 78 Câmaras municipais, burocratizando muito as relações. Precisamos de municípios que tenham capacidade de fazer a captação de recursos, processos licitatórios e que tenham um corpo técnico necessário para o desenvolvimento dos municípios e para a sua desburocratização”, assinalou.
A sua proposta é pertinente, uma vez que é comum observar no Espírito Santo o uso da estrutura das Prefeituras como um loteamento de cargos entre os antigos cabos eleitorais e até entre pastores evangélicos que trouxeram os votos dos membros de sua congregação para prefeito. Esse é o caso que ocorre em municípios da Grande Vitória, onde o prefeito colocou o filho de um aliado político do município vizinho em um cargo comissionado, dentro se seu gabinete, com salário mensal de exatos R$ 23.964,02. Há municípios que somente existem devido a acordo entre deputados e lideranças políticas, para gerar dezenas de empregos para aliados políticos em cargos na prefeitura e na câmara de vereadores.
Em atenção a pergunta da presidente do CRC-ES, Carla Tasso, sobre a proposta para a desburocratização, o capitão Vinicius terminou a sua resposta complementando: “Mas, infelizmente essa não é e nem vai ser a realidade da maioria dos municípios, que somente existem para abrigar o conjunto de política local com cargo de vereador, de secretário, etc. O desenvolvimento econômico, tecnológico, passa por uma ruptura no atual modelo de Estado. Que chame a classe trabalhadora e que os próprios servidores para que possam ditar os rumos de cada um dos setores, acatando os desejos e dos anseios dos conselhos populares de cada uma das comunidades do Espírito Santo”.
Em relação a outra pergunta formulada pela dirigente do CRC-ES em relação a propostas para o fortalecimento do turismo regional, o único candidato da esquerda capixaba a governador respondeu: “Turismo para nós não é pintar parede e ajeitar o Estado para atrair o europeu. Não, nada disso, turismo, na nossa leitura, é o direito da nossa classe trabalhadora poder fazer turismo com a sua família”. Essa é a sua proposta para ampliar e qualificar o turismo, com geração de emprego no Espírito Santo.
Desenvolvimento econômico e críticas às privatizações
Na mesma sabatina, ao responder uma questão sobre proposta de desenvolvimento econômico, o capitão Sousa, do PSTU, aproveitou a oportunidade para fazer críticas ao processo de privatização da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), que segundo ele foi vendida muito abaixo do que vale. “A ciclovia na Terceira Ponte, que foi mencionada aqui, custou mais do que o porto. Que desprezo é esse pela classe trabalhadora tem produzido neste Estado? O trabalhador carrega esse Estado nas costas e é desprezado”, assinalou o capitão Sousa.
Também cutucou o “socialista” que governa atualmente o Estado e é candidato à reeleição, ao dizer que pretende retomara a ES Gás, caso seja eleito, “que foi privatizada (pelo atual governador do PSB). “Como socialista? Socialista que privatiza nossas empresas sem R$ 1,00 de dívida. Então, quando é feita essa entrega à iniciativa privada, não é de interesse do povo, porque deveria estar servindo à classe trabalhadora. E perceba, através do DER,.nós poderíamos tocar um grande plano de obras públicas com contratação direta. Não com contratação de grandes empreiteiras que tem relacionamento com o sistema político. Contratação direta, com o DER gerando emprego em cada uma das regiões desse Estado”, completou.
Sousa disse durante a sua participação no evento do CRC-ES que o Estado gasta com folha 30 e poucos por cento e poderia gastar até 55% e que há uma reserva líquida de caixa de 32% do ano passado. “Então, são R$ 6 bilhões. Nós queremos que esse dinheiro seja investido na geração de emprego e na estrutura desse Estado”, afirmou.
“Não acredite que um governador fará transformação”
No encerramento, Vinicius Sousa agradeceu ao CRC-ES e deixou a seguinte mensagem: “Não acredite, irmão trabalhador, que será a eleição de um governador de Estado, qualquer que seja o eleito, mesmo eu que estou te dizendo isso que vai fazer uma transformação. A transformação só é possível se for feita diretamente pela classe trabalhadora”.
E completou: “Estamos em uma revolução. Não uma revolução burguesa. A revolução que está sendo apresentada aí, colmo avanço em outros Estados, foi o avanço dos grandes capitalistas e não repercutiu em mais empregos para o povo e nem em mais salários para o povo. O povo continua na miséria. Isso não resolve. Nós queremos uma nova estrutura de Estado, voltada para atender às necessidades da classe trabalhadora. Vem com a gente. Eu sou o capitão Vinicius Sousa, candidato a governador com o número 16.e conto com seu apoio no próximo domingo.”
“Programa voltado à classe trabalhadora”, diz o candidato do PSTU
“Aproveito este momento para trazer um programa voltado à classe trabalhadora. O único programa voltado a classe trabalhadora. Nós queremos alterar a estrutura deste Estado e para isso é necessário a revolução social. Uma verdadeira revolução, partindo do trabalhador, para que eles façam a gestão deste Estado de cada um de seus setores. Nós vimos ontem (última terça-feira, 27) acontecer mais um episódio, que foi um debate (da Rede Gazeta/Globo) voltado apenas aos candidatos dos grandes partidos com assento no Congresso e que impediu a participação de qualquer um que não esteja no Congresso e que queira transformar esse sistema”, iniciou.
“Mas, não podem participar dos debates ao vivo e que é a grande imprensa. A quem pertence essa grande empresa? A mesma burguesia que é dona do Estado. São os grandes milionários. Não são os pequenos comerciantes. São os latifundiários. Esses sim, percebam a intimidade com que o ex-governador Paulo Hartung trata hoje o grupo intitulado Suzano. É a Aracruz Celulose. Essa empresa poluidora.Traz mortes para as populações indígenas, quilombolas, destrói o nosso solo com monocultura de eucalipto, que suga as águas e os recursos do solo. É um plantio que não obedece a boa técnica. Portanto, não serve ao nosso Estado. A riqueza produzida por essa empresa, que poderia estar voltada a amenizar os transtornos gerados e a servir a classe trabalhadora com grande plano de obras públicas e gerar empregos. Nada disso está a nossa disposição. Está a serviço dos milionários, assim também como nosso minério”, declarou durante a sua fala na sabatina do CRC-ES.
Reduzir o número de municípios
“A questão da desburocratização e do desenvolvimento econômico, que está relacionado à tecnologia, é que para desenvolver a economia do Espírito Santo, do Brasil, é preciso enfrentar o modelo de Estado. Nós temos um Estado submisso ao imperialismo, ao sistema financeiro internacional que não prioriza as nossas necessidades. O nosso papel, o papel do Brasil, segundo esse sistema imperialista na divisão internacional do trabalho é o de exportador de matéria prima. Então, qualquer progresso que nós desejamos para o Brasil, ele exigira uma ruptura com esse modelo. Por isso a revolução é necessária, a ruptura é necessária. Perceba presidente, nós tínhamos até poucas décadas 30% da indústria no PIB, hoje está abaixo de 10%. A tendência, infelizmente, é o contrário do que nós necessitaríamos para gerar empregos de qualidade.
E para essa desburocratização seria também necessário chamar a classe trabalhadora para, através de plebiscitos, reduzir o número de municípios. Nós temos 78 municípios e isso quer dizer que é mais de 70 secretarias municipais, 78 Câmaras municipais, burocratizando muito as relações. Precisamos de municípios que tenham capacidade de fazer a captação de recursos, processos licitatórios, tecnológicos e que tenha um corpo técnico tanto com contabilidade quanto arquitetura e com cada um nas áreas técnicas necessárias para o desenvolvimento dos municípios e para a sua desburocratização. Mas, infelizmente essa não é e nem vai ser a realidade da maioria dos municípios, que somente existem para abrigar o conjunto de política local com cargo de vereador, de secretário, etc. O desenvolvimento econômico, tecnológico, passa por uma ruptura no atual modelo de Estado. Que chame a classe trabalhadora e que os próprios servidores possam ditar os rumos de cada um dos setores acatando os desejos e dos anseios dos conselhos populares de cada uma das comunidades do Espírito Santo.
Atração de negócios e investimentos e Tasso falou a importância dos portos e da logística
Queria começar por essas questões especificamente. A Garoto pertence ao grupo transnacional e a maior indústria de alimentos do mundo, indústria cacaueira, que inclusive explora o trabalho escravo da África. E sub explora os trabalhadores por todo o mundo na medida das possibilidades. Esses capitalistas, se puderem sairmos da escravidão. A nossa história de cinco séculos, quatro de trabalho escravo como essencial da economia desse país. Isso não foi exceção. E ainda em vários continentes esse trabalho é praticado. Portanto, isenções fiscais a esses? Não, não. Nós temos que retomar essa riqueza, toda ela produzida pela classe trabalhadora.
Com relação ao porto, a Codesa, foi vendida a pouco por um valor abaixo do custo. A ciclovia na Terceira Ponte, que foi mencionada aqui, custou mais do que o porto. Que desprezo é esse pela classe trabalhadora tem produzido neste Estado? O trabalhador carrega esse Estado nas costas e é desprezado. Então, temos sim que investir em infraestrutura massivamente. Porto, rodovia, ferrovias. Só é possível fazer isso retomando as nossas riquezas. Por exemplo, com auditoria das concessões que são feitas, as isenções fiscais que são concedidas, todas elas aos grandes milionários, não podem existir. A retomada da ES Gás, que foi privatizada (pelo atual governador do PSB).
Como socialista? Socialista que privatiza nossas empresas sem R$ 1,00 de dívida. Então, quando é feita essa entrega à iniciativa privada, não é de interesse do povo, porque deveria estar servindo à classe trabalhadora. E perceba, através do DER,.nós poderíamos tocar um grande plano de obras públicas com contratação direta. Não com contratação de grandes empreiteiras que tem relacionamento com o sistema político. Contratação direta, com o DER gerando emprego em cada uma das regiões desse Estado. O Estado gasta com folha 30 e poucos por cento e poderia gastar até 55%. Há uma reserva líquida de caixa de 32% do ano passado. Então, são R$ 6 bilhões. Nós queremos que esse dinheiro seja investido na geração de emprego e na estrutura desse Estado. “Turismo para nós não é o que temos de pintar de parede e ajeitar o Estado para atrair o europeu. Não, nada disso, turismo, na nossa leitura, é o direito da nossa classe trabalhadora poder fazer turismo com a sua família. Então está gerando empregos e que nós iremos qualificar o turismo no Espírito Santo”, disse em resposta a pergunta sobre esse tema.
Encerramento da sabatina do CRC-ES
No encerramento o candidato do PSTU agradeceu ao CRC-ES pelo convite. “Não acredite, irmão trabalhador, que será a eleição de um governador de Estado, qualquer que seja o eleito, mesmo eu que estou te dizendo isso que vai fazer uma transformação. A transformação só é possível se for feita diretamente pela classe trabalhadora. Estamos em uma revolução. Não uma revolução burguesa. A revolução que está sendo apresentada aí, colmo avanço em outros Estados, foi o avanço dos grandes capitalistas e não repercutiu em mais empregos para o povo e nem em mais salários para o povo. O povo continua na miséria. Isso não resolve. Nós queremos uma nova estrutura de Estado, voltada para atender às necessidades da classe trabalhadora. Vem com a gente. Eu sou o capitão Vinicius Sousa, candidato a governador com o número 16.e conto com seu apoio no próximo domingo”, finalizou.
A sabatina promovida pelo CRC-ES ocorreu na manhã desta última quarta-feira (28), durante a reazalição de uma plenária daquele colegiado. O tema foi “Desenvolvimento econômico para o Estado do Espírito Santo e desburocratização”. O principal objetivo do encontro foi o de ouvir os projetos e propostas de cada candidato convidado, através de perguntas, tendo como tema desenvolvimento econômico, infraestrutura, tecnologia e desburocratização. O evento foi dirigido pela presidente do CRC-ES, Carla Tasso.
“Nosso objetivo neste dia de hoje não é confrontar e sim defender os interesses do nosso Estado”, disse Tasso na abertura. Foi dada a informação de que os candidatos José Renato Casagrande (PSB) Audifax Barcelos e Guerino Zanon não demonstraram interesse em participar, sob alegação de conflito de agenda, e que por isso não marcaram presença. O CRC-ES, ao contrário das emissoras de televisão que convidaram apenas os candidatos de centro-direita e bolsonaristas para seus debates, foi democrático e convidou todos os sete candidatos, sem exceção.