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Programa Voto com Orgulho comemora a eleição de 20 candidatos LGBTI+, incluindo uma governadora lésbica

Programa Voto com Orgulho comemora a eleição de 20 candidatos LGBTI+, incluindo uma governadora lésbica | Imagem: Reprodução/Internet

A eleição do último domingo (2) foi motivo de comemoração no meio LGBTQIA+. Segundo o presidente da Aliança Nacional LGBTI+, Toni Reis, o Programa Voto Com Orgulho, de 356 pessoas LGBTI+ candidatas, que concorreram ao cargo de governador/a, senador/a, deputado/a estadual e deputado/a federal em quase todos os Estados brasileiros, 20 dessas pessoas foram eleitas, sendo uma governadora, cinco deputados/as federais, 13 deputados/as estaduais e um deputado distrital.

De acordo com a Aliança Nacional LGBTI+, das candidaturas eleitas, 6 são lésbicas, 5 mulheres bissexuais, 4 mulheres trans, 2 gays, um homem bissexual e dois sem registro na fonte do cadastro quanto à identidade de gênero / orientação sexual. Um terço das pessoas eleitas (7) são do Estado de São Paulo. E a maioria por partido é do PSOL com 9 pessoas eleitas, seguido do PT com 5.

Candidaturas LGBTI+ eleitas no Brasil no último domingo (2) | Tabela: Programa Voto Com Orgulho/Aliança Nacional LGBTI+

Governadora lésbica é reeleita no Rio Grande do Norte

De acordo com a entidade, o Rio Grande do Norte reelegeu a Governadora Fatima Bezerra (PT), a única mulher eleita no primeiro turno assumidamente lésbica. Tomando por base o total das candidaturas, São Paulo foi o estado com o maior número de candidaturas LGBTI+, com 66, seguido de Minas Gerais com 33 e Rio Grande do Sul com 31. Em relação à filiação partidária, foram representados 24 partidos políticos, liderados pelo PSOL com 108 candidaturas, representando 30% do total. E são 233 candidaturas que ficaram para a suplência.

O PT teve 73 candidaturas (21%), PSB 38 (11%) e PDT 33 (9%). 213 pessoas LGBTI+ se candidataram a deputado/estadual e 11 a deputado/a distrital. Foram 122 pessoas LGBTI candidatas a deputado/a federal, 3 a senador/a, 5 a governador/a e 1 a vice-governador. 77 se identificaram como gays, 53 como lésbicas, 62 como bissexuais (masculino e feminino), 42 como mulheres trans e 16 como travestis, 3 como homens trans, 4 como não binárie e 7 como pansexual.

Placar no primeiro turno das candidaturas LGBTI+ | Imagem: Entidades participantes do programa Voto Com Orgulho

MG, SP e RS elegeram deputadas federais trans, lésbica e bissexual

No estado de Minas Gerais foi eleita para deputada federal a vereadora de Belo Horizonte e mulher trans Duda Salabert (PDT) e também mulher bissexual, Dandara (PT). Já São Paulo, para a câmara federal, elegeu a vereadora da cidade de São Paulo e mulher trans negra Erika Hilton (PSOL). Também para o legislativo federal, o Rio Grande do Sul elegeu a vereadora lésbica negra Daiana Santos (PCdoB) e Pernambuco, o homem gay, Clodoaldo Magalhães (PV). Erika Hilton e Duda Salabert estão entre as 50 pessoas mais votadas do país.

O Estado de São Paulo elegeu o maior número de parlamentares para uma Assembleia Legislativa, somando um total de seis pessoas LGBTI+/Coletiva eleitas, sendo 4 (PSOL), 1 (PT) e 1 (PCdoB). Destes um homem bissexual, Guilherme Cortez (PSOL), uma lésbica negra reeleita, a cantora Leci Brandão (PcdoB), uma mulher bissexual Thainara Faria (PT), a mulher bissexual Ediane Maria do Nascimento e mais dois mandatos coletivos LGBTI+ (PSOL). Já o estado do Rio de Janeiro elegeu três mulheres negras, sendo uma mulher trans, a professora Dani Balbi (PCdoB), uma lésbica negra, a vereadora de Niterói Verônica Lima (PT) e uma mulher bissexual reeleita, Dani Monteiro (PSOL).

O estado de Minas Gerais elegeu para deputada estadual a lésbica Bella Gonçalves (PSOL). Apesar de ter uma maior concentração de pessoas eleitas na região Sudeste, houve também a eleição para as Assembleias Legislativas do estado do Acre, a mulher bissexual Dra. Michelle Melo (PDT), do Distrito Federal, reeleito e mais votado, o homem gay Fabio Felix (PSOL), de Sergipe, a mulher trans Linda Brasil (PSOL) e de Pernambuco, a lésbica Rosa Amorim (PT).

Avaliação

Para Cláudio Nascimento, diretor de políticas públicas da Aliança Nacional LGBTI+, que faz parte da equipe do Programa Voto Com Orgulho, projeto este que monitorou as eleições: “a votação de domingo trouxe um fato novo muito importante,  que foi de eleger, pela primeira vez, pessoas trans para deputada federal num país que mais mata pessoas trans no mundo e o aumento da eleição de pessoas LGBTI+, com destaque para as mulheres lésbicas, bissexuais e trans para o legislativo estadual possibilitando maior representação nesses espaços.

No entanto, os dados também mostram que o número de pessoas LGBTI+ eleitas em comparação com as pessoas LGBTI+ que se candidataram e o número de cadeiras no poder legislativo é desproporcional e mostra que ainda temos muito a caminhar. Temos uma grande dificuldade em obter apoio, recursos e tratamentos adequados dentro dos partidos políticos o que retrai a capacidade de representação política das agendas por direitos de nossa comunidade. Mas é fundamental comemorar o crescimento de nossa representação”

“Expressiva eleição de pessoas trans”

“É importante reconhecer a expressiva eleição de pessoas trans para cargos no legislativo e de outras pessoas LGBTI+. É um número importante e histórico em relação as eleições anteriores, porém é preciso chamar a atenção da sociedade quanto ainda o preconceito prejudica as candidaturas LGBTI+ e como é urgente que os partidos políticos valorizem e apoiem verdadeiramente as nossas candidaturas. É fundamental ter uma cota de recursos e tempo de televisão para que essa representação política LGBTI+ seja maior no processo eleitoral e nos partidos políticos”, prosseguiu.

Para Toni Reis Presidente da Aliança Nacional LGBTI+ etambém da equipe do Programa Voto Com Orgulho fez a seguinte avaliação: “Trabalharemos com as pessoas eleitas para que construamos estratégias de visibilidade e organização política para que nos próximos pleitos tenhamos uma maior representação. Assim, nos dias 25 e 26 de novembro, realizaremos no Rio de Janeiro, durante a programação oficial da 27ª Parada do Orgulho LGBTI+, o primeiro encontro de pessoas LGBTI+ e aliadas eleitas neste pleito juntamente com vereadoras/es LGBTI+, uma parceria entre o Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBTI+, a Aliança Nacional LGBTI+ e a organização internacional Global Equality Caucus”, concluiu.