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Para o mundo, Bolsonaro não existe mais. Lula é aguardado como a estrela da COP27

Lula já está em Sharm el-Sheikh, no Egito | Foto: Arquivo da COP15, em Copenhagem, na Dinamarca

O presidente eleito brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, chegou ao Egito, onde ocorre a 27ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP27) à 0h12 desta madrugada do feriado de 15 de novembro, pelo horário de Brasília e 19h12 desta última segunda-feira (14) pelo horário local. Lula e sua comitiva foi de carona em um jato do empresário fundador da Qualicorp e proprietário da Qsaúde José Seripieri Júnior, que pousou na cidade egípcia de Sharm el-Sheikh, balneário onde ocorre a COP27. Para o mundo, o derrotado presidente Jair Bolsonaro (PL) não existe mais. Segundo a imprensa francesa, “Lula é esperado como uma estrela na COP27”.

“Lula é esperado como uma estrela no Egito” é o título de uma matéria jornalística publicada pelo jornal francês Les Echos. De acordo com o diário, o presidente eleito deverá detalhar seus engajamentos para lutar contra o desmatamento da Amazônia. “Diplomaticamente isolado durante o mandato do presidente da extrema direita e ‘climatocético’, Jair Bolsonaro, o Brasil tem uma nova esperança”, afirma Les Echos.

Les Echos: ‘Lula é esperado como uma estrela no Egito’ – Reprodução/Les Echos

De acordo com a Rádio France Internacional, “o jornal sublinha que o governo de Bolsonaro foi desastroso para o meio ambiente e lembra que, a cada ano de seu mandato, a destruição da Amazônia deu um salto e acumulou tristes recordes: mais de 38 mil km2 de mata sumiram do mapa. A expectativa é que Lula já anuncie medidas concretas na COP27, especialmente sobre a redução da emissão de gases de efeito estufa, que registraram um aumento de 12% no ano passado, um recorde desde 2005.

Les Echos explica que Bolsonaro deu muitos poderes ao agronegócio e reduziu o orçamento para a gestão do meio ambiente. “Na Amazônia, as terras foram tomadas por exploradores agrícolas em toda impunidade e as explorações ilegais de minérios explodiram”, ressalta. Além disso, o Brasil enfrenta outros problemas, como a pobreza, que também deu um salto durante o governo Bolsonaro. Tirar 33 milhões de pessoas da insegurança alimentar será outra prioridade de Lula, diz o jornal.

Já o site da francesa TV CNews é destacado que Lula deverá participar das negociações nesta terça (15) e quarta (16) na COP e se reunirá com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e com o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi. O canal afirma que ONGs e associações pretendem entregar ao líder petista um documento com mais de 200 páginas com propostas para salvar a Amazônia e colocar um fim ao desmatamento.

Já a emissora francesa BFMTV ressalta que Lula deve pronunciar um aguardado discurso em Charm el-Cheikh, em sua primeira viagem fora do país desde sua eleição, no último 30 de outubro. “A participação do líder petista na COP27 deverá ser o sinônimo de uma ruptura radical em relação à política ambiental adotada por Bolsonaro”, diz o canal.

Mural pintado à mão pelo Coletivo Sem Medo no Pavilhão da Juventude da COP27, que cria intervenções de arte pública com mulheres | Foto: Laura Quiñones – ONU

COP27: foco em água, mulheres e mais negociações sobre perdas e danos

Segundo a ONU, a organizadora da COP27, esta segunda semana do evento tem foco em água, mulheres e mais negociações sobre perdas e danos. Quando a segunda, e última, semana da COP27 começou nesta última segunda-feira (14), Simon Stiell, secretário executivo de Mudanças Climáticas da ONU, lembrou aos negociadores que as pessoas e o planeta estão contando com o processo para ver resultados. “Vamos usar nosso tempo restante no Egito para construir as pontes necessárias para progredir em 1,5oC, adaptação, finanças e perdas e danos”, disse ele.

Durante uma atualização informal, o presidente da COP27, Sameh Shoukry, disse que, embora os negociadores tenham concluído o trabalho em algumas questões, “ainda há muito trabalho pela frente”.“Se quisermos alcançar resultados significativos e tangíveis dos quais possamos nos orgulhar, agora devemos mudar de marcha e complementar as discussões técnicas com mais engajamento político de alto nível”, disse ele.

Shoukry acrescentou que as partes atualmente “precisam de mais tempo” para discutir questões relacionadas à mitigação, adaptação, perdas e danos, gênero e agricultura e pediu ajuda aos co-facilitadores. O presidente da COP parecia confiante de que um documento final seria entregue no prazo. “Espero que pouquíssimas questões permaneçam em aberto até a noite de quarta-feira, 16 de novembro, quando o texto quase final será apresentado”, disse ele.

No final do dia desta segunda-feira, o embaixador Wael Aboulgmagd, representante especial para a COP27, reafirmou que a presidência está confiante de que as negociações terminarão na sexta-feira. Respondendo a perguntas de jornalistas, Aboulgmagd saudou a volta dos diálogos climáticos China-EUA, anunciado na cúpula do G20 em Bali, Indonésia.

‘Parem com as táticas diversionistas’, pede a sociedade civil

Rachel Cleetus, da ONG Union of Concerned Scientists, reiterou durante uma conferência de imprensa que o estabelecimento do mecanismo de financiamento de perdas e danos com fundos para começar a fluir até 2024, deve ser incluído no documento final.

Ela também disse que a Iniciativa Global de Seguros do G7, lançada na COP27 pelos membros deste grupo econômico para fornecer financiamento a países que sofrem desastres climáticos, fortalecer esquemas de proteção social e seguro contra riscos climáticos, tem alguns “elementos úteis”, mas não substitui facilidade de financiamento de perdas e danos. Para ela, estava sendo empurrado como uma “tática diversionista”.

“Parece que muitos países ricos, incluindo os Estados Unidos, pensam que conseguir o item da agenda aqui na COP27 é a vitória. Isso não é um resultado que não seja uma vitória. E, a propósito, isso se deve inteiramente aos esforços incansáveis ​​de países vulneráveis ​​ao clima e defensores da justiça climática, sem mencionar a profunda perda de vidas e meios de subsistência em todo o mundo que vimos este ano”, argumentou ela.

Bangladesh, Paquistão e Gana estarão entre os primeiros destinatários do financiamento do ‘Escudo Global’, anunciou a Alemanha, presidente do G7, na segunda-feira na COP27. “A balança está completamente desequilibrada. Os países estão colocando dinheiro na escala de milhões e as necessidades que admitiram estão subindo para bilhões e trilhões”, disse o especialista.