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Bolsonaristas usam vídeo com falso “bispo” católico para atacar o STF e a democracia


A CNBB diz, em nota, que o cidadão com roupas que arremete ao expectador do vídeo a um religioso católico, não é da Igreja Católica Apostólica Romana e nem o “Santuário” pertence à Arquidiocese de Belo Horizonte (MG)


Bolsonaristas mentem ao divulgar em suas redes sociais que o cidadão “dom Wesley” seja um bispo da Igreja Católica, fato negado pela CNBB | Imagem: Reprodução de vídeo fake news nas redes sociais bolsonaristas

Os bolsonaristas insatisfeitos com a derrota do atual presidente de extrema-direita, Jair Bolsonaro (PL), intensificaram desde o fim das eleições a divulgação de fake news. Entre as mentiras difundidas está um falso “bispo” de um suposto “santuário” que seria sediado em Belo Horizonte (MG). O “bispo” fake usa o nome de “Dom Wesley” de um tal “Santuário de São Miguel”. Em um vídeo divulgado nas redes sociais bolsonaristas, ele se veste com uma roupa que lembra um padre católico e não utiliza palavras religiosas, mas destila o ódio bolsonaristas e instiga as Forças Armadas a provocar um golpe antidemocrático e acabar com a democracia brasileira.

O Grafitti News foi procurar por quem responde pela Igreja Católica no Brasil, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), para saber se esse bispo existe de fato ou se era um fake news. E também foi questionada a veracidade do “Santuário de São Miguel”, em Belo Horizonte (MG). A resposta da CNBB foi curta: “O referido bispo não faz parte da Igreja Católica Apostólica Romana. O Santuário também não faz parte da Arquidiocese de Belo Horizonte.”

Na verdade, o “bispo” se faz passar por um religioso católico, para poder estimular o ódio contra a democracia e o desrespeito ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde nesse vídeo ele faz críticas ferozes para quem se propõe ser um religioso de fato. Ao se procurar informações sobre quem é esse cidadão que faz um discurso político de extrema-direita e que não usa, em nenhum momento palavras religiosas, descobre-se de que ele é de uma seita que se autodenomina “Igreja Católica Apostólica Carismática.”

O “santuário” onde o suposto religioso gravou o vídeo ofendendo os ministros do STF e Lula fica na Rua dos Guaranis, no centro comercial antigo de Belo Horizonte, local não recomendado pelos próprios mineiros por ser perigoso | Imagem: Google View Street

Sede em BH fica em local não recomendado pelos próprios mineiros

O tal “santuário” não é aquele prédio antigo e imponente como a palavra arrete, mas uma lojinha comercial, pintada de azul escuro, localizada na Rua dos Guaranis, 155, no Centro antigo de Belo Horizonte. O local, de acordo com pessoas residentes em Belo Horizonte, que foram ouvidas, fica numa região perigosa e não recomenda da cidade. É dali que o “bispo” gravou o vídeo ofendendo os ministros do STF e o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, a quem o ofendeu ao chamar de “bode diabólico.”

Esse movimento político ultraconservador e supostamente “religioso” surgiu 29 anos atrás na cidade paulista de Araraquara e foi criado por um cidadão mineiro chamado Fernando Fraga. Nos registros consta sendo uma organização religiosa e tem no quadro societário como presidente o sócio José Ricardo Padavani. E tem como atividade principal, com o código 9491000, a exploração de “Atividades de organizações religiosas ou filosóficas.” A seita não esconde que é uma organização política e entre seus projetos está a formação de uma bancada de parlamentares nos Estados e no Congresso Nacional.