Carla Cruz/Agência de Reportagem Saiba Mais
Ao que tudo indica, a reitora bolsonarista da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), Ludimilla Oliveira, dará adeus ao cargo junto ao presidente derrotado. Em um parecer encaminhado à Reitoria da UFRN, a Comissão de Processo Administrativo Disciplinar Discente (CPADD), montada para analisar o possível plágio cometido pela atual reitora da Ufersa, confirmou os indícios apresentados na denúncia e recomendou a aplicação da pena de exclusão da discente.
Com a decisão, Ludimilla Oliveira deve perder o título de doutora e não poderá mais ficar à frente da Reitoria da Ufersa.
O caso foi noticiado, com exclusividade pela Agência SAIBA MAIS. Das 195 páginas que compõem a tese de doutorado defendida pela reitora em 2011, em pelo menos 16 delas, há o que a comunidade acadêmica classifica como plágio. Isto é, cópias inteiras ou parciais de textos de outros autores, sem que a fonte seja citada ou haja uso de aspas, no caso de transcrições.
Com o título “De repente, tudo mudou de lugar: Refletindo sobre a metamorfose urbana e gentrificação em Mossoró-RN”, Ludimilla defendeu sua tese de doutorado junto ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Em 2020, alunos ficaram sabendo dos plágios e elaboraram a denúncia, que foi apresentada à Ouvidoria da Ufersa.
Autora da denúncia, a então coordenadora do Diretório Central do Estudantes (DCE) da Ufersa, Ana Flávia de Lira, comemorou o parecer da Comissão. “O sentimento é de que a justiça deve ser feita. A história vem sendo implacável com aqueles que estão do lado do golpismo e do que há de mais sujo na história política desse país”, disse, lembrando da perseguição que sofreu por ter uma posição política contrária à representada pela reitora.
A estudante de Direito e outros alunos da universidade acusam a reitora de ameaças, tentativas de silenciamento, intimidação e cerceamento da liberdade de expressão. Segundo o procurador da República Emanuel Ferreira, Ludimilla proferiu grave ameaça a Ana Flávia quando mencionou a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em resposta a comentário da estudante em uma rede social.
“Intervenção é coisa da ditadura!”
Nomeada pelo presidente Jair Bolsonaro, em 2020 – mesmo tendo ficado apenas em terceiro lugar na lista tríplice -, Ludmilla acumula uma série de polêmicas e tem sido alvo de protestos da comunidade acadêmica. Alunos e professores não aceitam a intervenção federal e defendem que o cargo seja ocupado por Rodrigo Codes, que venceu as eleições com 37,55% dos votos. Na época, a lista tríplice foi encaminhada ao Ministério da Educação, comandado pelo então ministro Abraham Weintraub.
O despacho da CPADD recomendando a exclusão de Ludimilla foi encaminhado ao reitor da UFRN, Daniel Diniz, que solicitou parecer da Secretaria da Procuradoria Federal da Universidade. Só, então, poderá decidir sobre o caso.
Veja o despacho: