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No ES, casos de HIV/Aids aumentam 60% em 10 anos. Em 2021 foram 1.171 novos infectados


Os dados são da Secretaria de Saúde do Espírito Santo e estão sendo destacados neste mês, o dezembro vermelho, dedicado à luta contra a Aids


HIV/Aids apresenta crescimento no Espírito Santo | Foto: Freepik

No dezembro vermelho, mês de luta contra a Aids, o Boletim Epidemiológico HIV/Aids da Coordenação Estadual de IST/Aids da Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo aponta que em 10 anos houve um aumento de 60% de novos casos de HIV/Aids no Estado. Para fins de estatística, são considerados os casos em pessoas acima de 13 anos. Apenas no ano passado, foram registrados 1.171 novos casos, sendo 75,4% (883) de pessoas do sexo masculino. Entre homens, a faixa etária com a maior proporção foi a de 20 a 29 anos, representando 39% dos casos. A principal categoria de transmissão continua sendo a via sexual (81,6% dos casos).

Entre os anos de 1985 a dezembro de 2021, foram notificados 18.850 casos de HIV/ Aids de pessoas vivendo com HIV/Aids, sendo 12.950 casos do sexo masculino (68,8%) e 5.900 casos do sexo feminino (31,2%). Desses, 80,2% dos casos foram devido à transmissão sexual pelo vírus do HIV, prevalecendo uma média de três homens para cada mulher infectada desde do ano de 2006. Para quem desejar ler a íntegra do Boletim Epidemiológico HIV/Aids relativo ao Espírito Santo, em arquivo PDF, é só clicar neste link.

Identificou-se que os municípios de Vitória 50,9%, Vila Velha 67,4%, Serra 53,3%, São Mateus 44,6%, Conceição da Barra 31,8%, Montanha 42,2% e Colatina 30,6%, apresentaram maiores taxas de detecção do HIV/Aids, quando comparados ao indicador estadual com uma taxa de 28,5%, o que pode significar também maior acesso à saúde nestes municípios e consequentemente maior realização de exames e maior número de diagnóstico.

Região metropolitana lidera as estatísticas

Dentre essas macrorregiões de Saúde do Estado, em 2021, foi na Região Metropolitana onde ocorreu a maior taxa de detecção de HIV (35), representados por 859 novos casos o que corresponde a 73,3% de todos os casos notificados e diagnosticados no Estado do Espírito Santo. A Sesa ressalta que a Região Metropolitana é a região de maior população, correspondendo a 60% da população do Estado.

Os dados apontam um houve um predomínio do sexo masculino, totalizando 883 casos novos (75,4% do total de 1.171 casos em 2021). Ainda no sexo masculino a faixa etária com maior proporção ocorreu entre homens de 20 a 29 anos (345 casos com percentual de 39% no total dos casos masculinos). Em relação ao sexo feminino, foram 288 novos casos, sendo a faixa etária entre 35 a 39 anos e 40 a 49 anos (100 novos casos com percentual 34,7% no total dos casos femininos), apresentando um aumento expressivo, assim como no ano de 2019. A taxa de detecção, nestas faixas etárias, foi de 43 homens para 100 mil habitantes.

Em indivíduos do sexo feminino, assim como nos demais anos, o número de casos é menor comparado ao sexo masculino, totalizando 288 novos casos (24,6% do total de 1.171 casos em 2021). Em relação à faixa etária a maior proporção ocorreu entre as mulheres entre 35 a 49 anos (100 casos), demonstrando que entre as mulheres a faixa etária de infecção acontece mais tardiamente. A taxa de detecção, nesta faixa etária, foi de 13 mulheres para 100 mil hab. A principal categoria de transmissão continua sendo a via sexual (64,2% dos casos). Em relação à categoria de exposição, pode-se observar que a maior prevalência ocorre entre os homens que fazem sexo com homens (HSH), seguindo a tendência desde 2017.

Transmissão

A Aids é a doença causada pela infecção do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV é a sigla em inglês). Esse vírus ataca o sistema imunológico, que é o responsável por defender o organismo de doenças. O HIV pode ser transmitido no contato direto com sangue ou fluidos corporais de pessoas infectadas pelo vírus, como sêmen, fluidos vaginais, leite materno ou pré-ejaculatórios (na relação sexual sem camisinha), compartilhamento de agulhas e seringas, doação de sangue ou na gestação, trabalho de parto/parto ou pelo aleitamento materno.

Para que as pessoas tenham mais consciência sobre a doença e as formas de prevenção e tratamento, comemora-se em 1º de dezembro o Dia Mundial de Luta contra a Aids. De acordo com a médica e técnica da Coordenação Estadual de IST/Aids-Sesa-ES, Bettina Moulin Coelho Lima, “Uma pessoa com o vírus – ‘soropositivo’ – tem o vírus, pode transmitir o mesmo, sem qualquer sintoma. Após um tempo, a pessoa contaminada, sem tratamento, o vírus atacando as células de defesa, a pessoa pode começar a adoecer por falta das suas defesas naturais, e ter as ditas ‘doenças oportunistas’, como tuberculose, algumas formas de pneumonia, emagrecimento etc.”

Apesar de ainda não haver cura para a doença, há muito o que ser feito para controlá-la. “A partir do momento em que a pessoa tem o diagnóstico, já inicia o tratamento com medicação, que geralmente é esquema de 3 drogas diferentes. Pode não ter efeito colateral, mas pode haver dificuldade para dormir, dores de cabeça, diarreia, náuseas, fadiga, tontura e dor nas articulações dentre outros”, afirma a médica.

Bettina Lima destaca ainda que, com o tratamento adequado, é possível ficar com carga viral não detectada. Assim, com o vírus não atacando as células de defesa, a pessoa leva uma vida normal, inclusive não transmitindo o HIV para outras pessoas. Quando a pessoa está com carga viral não detectada não transmite o HIV, mesmo nas relações sexuais sem preservativos. Mas, por exemplo, se  uma mulher soropositiva quiser engravidar e estiver se relacionando com um soronegativo, “a pessoa que não tem o vírus deve tomar medicação (profilaxia pré-exposição, PReP)”, alerta a médica.

Outra situação relatada pela ginecologista envolve um recém-nascido, filho de mãe soropositiva. Nesse caso, com a gestante em tratamento e carga viral negativa e o bebê usando medicação antirretroviral durante 28 dias imediatamente após o nascimento, e não havendo aleitamento materno, a chance de se transmitir o vírus HIV para o recém-nascido é menor que 1%, segundo Bettina Lima.

Preconceito

Bettina Lima observa que o preconceito ainda existe e dificulta o tratamento adequado. “Muitas vezes o sofrimento da pessoa é maior devido ao preconceito do que com a própria doença. Isso pode fazer com que a pessoa não busque atendimento ou não tome medicação adequada para tentar esconder sua situação”, pontua.

A médica alerta que não há que se falar em “grupos de risco”, mas sim de pessoas que têm maior vulnerabilidade devido à troca frequente de parcerias sexuais, relações sexuais desprotegidas ou exposição a situações de risco.

Onde fazer um teste de HIV no Espírito Santo: