Em entrevista ao portal Século Diário, o cabo da Polícia Militar do Espírito Santo (PMES), Vinícius Querzone de Oliveira Sousa, 32 anos, um dos coordenadores nacionais do Movimento Policiais Antifascismo no Estado, enalteceu a retomada, no Espírito Santo, das ações da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito com o intuito de fazer frente à onda de direita que passou a controlar o setor evangélico.
“Esse movimento parte de uma constatação de que há espaço para o crescimento da politização antifascista nas igrejas para se contrapor a lideranças que manipulam o povo política e ideologicamente, deixando muitos irmãos acuados”, disse. Em um texto que corre nas redes sociais é feita a seguinte afirmação: “O Brasil vive uma transição religiosa e assiste à ascensão da direita evangélica. Seus grupos organizam uma bancada parlamentar, bloqueiam o avanço dos direitos humanos, manipulam imensos rebanhos por meio de pautas moralistas e a venda de soluções falsas ao povo.”
Desmistificar
Querzone tenta desmistificar um dos pilares do fascismo dentro das igrejas evangélicas, dizendo que a frente tem como intuito “desconstruir a cultura do medo, a teologia da prosperidade, a partir de textos bíblicos”. Para isso considera os ensinamentos de Jesus, para enfrentar os poderosos, por meio de exemplos e ensinamentos que estão na Bíblia.
A mesma frente condena a “crescente participação militar nas instâncias de poder e multiplicação de discursos e práticas de ódio visando intimidar e calar os defensores dos direitos humanos, que compõem um grave quadro de corrosão da democracia e de fragilização das instituições republicanas. Tudo isso a serviço de um projeto iníquo de retirada de direitos do povo trabalhador, crescentemente privado do pão e do futuro”.
PMES e os atos golpistas no Estado
A PMES vem sendo criticada por vir permitindo que grupos golpistas e antidemocráticos ocupem ruas, praças e logradouros históricos no Espírito Santo. Esse é o caso que ocorre na Prainha, em Vila Velha (ES), onde grupos bolsonaristas vem perturbando os moradores e os comerciantes da região, com interdição da rua e barulho de carros de som 24 horas por dia. Outro local onde os baderneiros vem mantendo ocupada é a rua em frente ao Tiro de Guerra, em Linhares (ES). A PMES vem ignorando a sua obrigação de zelar pela ordem pública e pela defesa da democracia.
A mesma PMES que ignora os atos golpistas, vem promovendo ataques aos seus subordinados que querem zelar pela ordem democrática e que participam do Movimento Policiais Antifascismo no Estado. Esse foi o caso do cabo PM Vinícius Querzone de Oliveira Sousa. Em novembro do ano passado, a mesma PM que deixa correr solto os atos golpistas no Estado, abriu um Processo Administrativo Disciplinar (PAD), contra o cabo. Na ocasião, a Portaria 0097/2021 foi assinada pelo corregedor, coronel Moacir Leonardo Vieira Barreto de Mendonça. Ele foi acusado de “manchar” a imagem da PMES.
O rol de acusações contra o policial que luta pela democracia ainda foi acrescido de: divulgar conteúdo que atenta contra a hierarquia e de “autorizar, promover e participar de manifestação criticando autoridade militar ou civil com termos ofensivos, pejorativos ou desrespeitosos.” Para essas últimas acusações foram citados os artigos 65 e 66 do Código de Ética da PMES”.