A Defensoria Pública do Estado do Espírito Santo, por meio do Núcleo de Defesa Agrária e Moradia (Nudam), ajuizou uma ação civil pública para que a empresa Suzano Papel e Celulose (que já teve o nome de Aracruz Celulose e de Fibria) indenize, por danos morais, a comunidade quilombola do Morro da Onça, em Conceição da Barra. Os moradores tiveram a saúde e plantações prejudicadas quando drones da empresa jogaram agrotóxicos na região. Para Instituição, o uso dos produtos químicos sobre a vegetação e o solo precisa ser limitado, para não causar ainda mais prejuízos.
De acordo com informações da comunidade, uma empresa prestadora de serviço da Suzano usou drones para aplicar agrotóxicos em uma área próxima às casas dos quilombolas. Segundo os moradores, pouco depois diversas pessoas sentiram mal-estar, como dores de cabeça. Além disso, a região de plantio da comunidade atingida pelo pesticida, provocou perdas em cerca de um hectare das plantações de mandioca, aipim e mudas de coco.
A Suzano teima em não querer pagar
A Defensoria oficiou a Suzano, solicitando a reparação integral dos danos materiais e morais. Além disso, a Instituição recomendou que as comunidades sejam consultadas antes do uso de agrotóxicos na região. A empresa respondeu os ofícios, afirmando que faria somente a reparação dos danos causados nas plantações e que a compensação de possíveis danos morais não seria feita, sob alegação de que não há moradores fixos no local atingido pelos agrotóxicos.
Além da indenização de R$ 200 mil por danos morais, a Defensoria Pública pede que a Suzano cumpra requisitos mínimos, que devem ser elaborados em conjunto com a comunidade, para pulverização aérea de agrotóxicos na região. A Instituição também pede que a empresa respeite a distância de mais de dois mil metros da área da comunidade quilombola, conforme determina a Resolução nª 24, do Conselho Nacional de Direitos Humanos.
Quem é a empresa
A Suzano Papel e Celulose S/A, com sede na Rodovia Indio Tibirica Km 1.295, Nº 685; Vila Sol Nascente, Suzano (SP) foi registrada no dia 16 de abril de 2014, com a finalidade principal de produzir celulose para papel. E como atividades secundárias: fabricação de produtos de papel, cartolina, papel cartão e papelão ondulado para uso comercial e de escritório, exceto formulário contínuo e comércio atacadista de papel e papelão em bruto.
O quadro de sócios e administradores é formado pelas seguintes pessoas: Carlos Anibal Fernandes de Almeida Junior (diretor); Walter Schalka (presidente); Fernando de Lellis Garcia Bertolucci (diretor); Aires Galhardo (diretor); Marcelo Feriozzi Bacci (diretor); Christian Orga Orglmeister (diretor) e Leonardo Barretto de Araujo Grimaldi (diretor).
O conglomerado tem 20 unidades industriais: Suzano S/A. (BA, Nova Viçosa); Suzano Papel e Celulose (MA, Governador Edison Lobão); Suzano S/A. (ES, Boa Esperança); Suzano S/A (RS, Candiota); Suzano Papel e Celulose (SP, Angatuba); Suzano S/A (MS, Três Lagoas); Suzano Papel e Celulose (MA, Porto Franco); Suzano Papel e Celulose (SP, Analândia); Suzano S/A (SP, Capão Bonito); Suzano S/A (ES, Pinheiros); Suzano S/A (SP, São José dos Campos); Suzano Papel e Celulose (SP, Paraibuna); Suzano Papel e Celulose (MA, Porto Franco); Suzano Papel e Celulose (MA, Imperatriz); Suzano Papel e Celulose (SP, Capão Bonito); Suzano Papel e Celulose (SP, Avaré); Suzano Papel e Celulose (MA, Chapadinha); Suzano Papel e Celulose (MA, Ribamar Fiquene); Suzano S/A (SP, Charqueada) e Suzano S/A (TO, Babaçulândia).
Vendas e lucro em crescimento
Na divulgação do desempenho do setor de papel referente ao terceiro trimestre deste ano (julho a setembro de 2022), a Suzano divulgou e que pode ser conferido neste link que o volume de vendas e de receita com o segmento papel vai muito bem. A empresa apontou o recente período eleitoral como um dos fatores que contribuíram para a expansão do negócio, devido ao uso de papel pelos candidatos.
A Suzano usou dados coletados pela entidade Indústria Brasileira de Árvores), a demanda de Imprimir e Escrever no Brasil (IBÁ), onde houve “um crescimento de 15,8% em julho e agosto de 2022, em relação ao mesmo período do ano anterior impulsionadas por uma demanda robusta nos segmentos editorial, cadernos e de papéis escolares e escritório (cutsize)”.