Retirado do comando da Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo em 7 de outubro deste ano, pelo governador reeleito Renato Casagrande (PSB), por exigência de prefeitos capixabas conservadores, que barganharam o apoio no segundo turno das eleições, em troca da saída de Nésio Fernandes do comando da Secretária de Estado da Saúde, ele, está de “férias” em Brasília. Nésio, que foi peça fundamental no combate ao Covifd-19 no Espírito Santo, se encontra em posição melhor e em destaque nacional. Além de exercer a sua função de presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), está participando do Grupo de Transição (GT) do presidente eleito e diplomado Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo matéria assinada pelo jornalista Vitor Vogas, do portal de notícias ES360, e que pode ser lida clicando neste link, Casagrande decidiu ceder às pressões de prefeitos de direita e retirou Nésio, um afiliado ao PCdoB, da equipe do seu governo através da concessão de umas “férias” prolongadas. A decisão para sacrificar o então secretário da Saúde ocorreu em uma reunião política com os prefeitos no dia 6 de outubro, que foi realizada no Hotel Golden Tulip, na Enseada do Suá, em Vitória (ES).
Prefeitos de direita que apoiaram Casagrande exigiram a cabeça de Nésio
Estavam presentes 73 dos 78 dirigentes municipais, entre prefeitos e vice-prefeitos. Alguns desses apoiadores declarados do então candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), como foi o caso de um dos prefeitos da Grande Vitória. O prefeito conservador que falou em nome dos descontentes foi Enivaldo dos Anjos (sem partido), que comanda o município de Barra de São Francisco. Outro a defender o apoio a Casagrande, em troca da retirada de Nésio do governo estadual foi o atual prefeito e desafeto político do então secretário da Saúde, Lastenio Cardoso, de Baixo Guandu.
A alegação dos prefeitos conservadores foi a ideologia não alinhada a Bolsonaro. Os prefeitos alegaram que Nésio é “comunista” e que se formou em Medicina em Cuba. Além de externarem o negacionismo bolsonarista com a ciência e, entre os pontos sem fundamento técnico para acusar o então secretário, a adoção no Espírito Santo da recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de manter o isolamento social, deixando as pessoas em casa, para evitar o colapso do sistema hospitalar. Esse, por sinal, foi o mesmo argumento do bolsonarista Carlos Manatto (PL), que disputou o governo do Estado com Casagrande.
Grupo de transição do futuro Governo Lula
No início deste mês, o mesmo portal ES360 lembrou que Nésio continua de “férias” e deu informações complementares sobre a situação de destaque nacional. Lembrou que no dia 1º de dezembro último, o vice-presidente eleito e diplomado, Geraldo Alckmin, por meio de publicação oficial (no DOU), o designou como membro do GT da Saúde para o futuro Governo Lula. Também foi lembrado que o substituto de Nésio, o médico Tadeu Marino, é um secretário de Estado “interino” da Saúde.
“Fiz parte do grupo dos representantes dos Partidos que construiu o capítulo saúde do programa de governo do presidente Lula. Após a eleição passamos a contribuir institucionalmente com o Conselho Nacional de Secretários de Estado da Saúde – CONASS, com as demandas apresentadas pela Coordenação da Saúde da Equipe de Transição”, afirmou Nésio em entrevista ao citado portal de notícias. “O presidente Lula nos encomendou pessoalmente soluções para três temas que o incomodam: o acesso a média e alta complexidade no SUS, atualização do enfrentamento a Covid-19 e como recuperar rapidamente as coberturas vacinais no Brasil. O desafio da segunda etapa é construir propostas para os primeiros 100 dias de governo”, complementou.
Ao ser questionado sobre a possibilidade de vir a ocupar um cargo no Ministério da Saúde do futuro governo Lula, ele respondeu: “A composição do Ministério poderá expressar a amplitude da frente que elegeu o presidente Lula e deverá atender as expectativas do próprio presidente e da sociedade em relação à saúde. Acredito que uma agenda pragmática de modernização e estruturação do SUS será urgente”.