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É a história a nossa avalista, Ministro Flávio Dino, por Francisco Celso Calmon


“CNa política há interesses sempre. Não cabe a ingenuidade de achar que se o fulano foi indicado por alguém idôneo, o indicado também o seja


Flávio Dino e Lula no Maranhão Foto: Arquivo/Ricardo Stuckert/Reprodução GGN

Reprodução/Jornal GGN

É a história a nossa avalista, Ministro Flávio Dino

por Francisco Celso Calmon

Quando há ambiente e postura democrática as pressões surtem efeitos sem traumas, e mostram como é necessário o contraditório e suas consequências positivas.

Flávio Dino recuou da escolha do policial Camata, para a direção geral da PRF, indicação do Renato Casagrande, governador do ES e secretário-geral do PSB, político que, como todos sabem, foi o responsável por minar a candidatura própria do PT do senador Fabiano Contarato para o governo do estado.

Negociação PT e PSB que deixou sequelas na esquerda local, e essa quase nomeação seria mais um tremor na militância capixaba.

Casagrande é um quadro soberbo, não costuma dialogar com o PT para questões dessa ordem, além disso seu governo esteve prenhe de bolsonaristas. Se houvesse o diálogo teria evitado um certo desgaste do ministro Dino.

O que o caso provoca de reflexão são dois pontos. O primeiro é a falta de filtro, de RH para apurar o currículo do candidato. O segundo é a afirmativa do ministro de que o que importa é o presente e o futuro do indicado e não o pretérito.

Os governos Lula e Dilma indicaram 13 ministros para o STF e 33 para os tribunais superiores do Judiciário, e se as escolhas tivessem sido acertadas a laja jato e a república de Curitiba não teriam chegado a fazer o estrago que fizeram na democracia e na economia; inclusive o “mensalão” e a prisão do Lula, provavelmente, não teriam o mesmo desígnio de condenar inocentes e outros com rigor das penas sob pendores do punitivismo e não o do garantismo constitucional.

Não devemos esquecer as consequências desses erros.

Não somos o que dissemos que somos ou o que dizem que somos, somos o que a nossa história mostra e comprova.

Na política há interesses sempre. Não cabe a ingenuidade de achar que se o fulano foi indicado por alguém idôneo, o indicado também o seja.

Para sair do labirinto subjetivo é que a teoria administrativa criou a função de Recursos Humanos (RH), que através de critérios e técnicas avalia um candidato. Para isso também existem os órgãos de investigação e informação.

A questão é essencialmente metodológica e não subjetiva.

Usando o critério óbvio de verificação do currículo e da história do selecionável e, outrossim, se há pendências com a justiça, a escolha não será por faro, por QI (quem indicou) ou por compadrio.

A pessoa não é que diz que é, ou o que dizem que é, e sim o que mostra a sua história.

Com a radiografia na mão faz-se o diagnóstico e decide.

A frente política do segundo turno que colaborou na vitória do Lula é ampla e de interesses contraditórios. O que a uniu foi o adversário comum: o bolsonarismo.

Não cabe em hipótese alguma o governo ter bolsonaristas preenchendo cargos políticos.

É necessário que Lula e ministros tenham em mente que seus atos são pedagógicos, para o bem ou para o mal, para a educação ou deseducação política do povo, especialmente dos militantes. E foram esses militantes que informaram quem é Edmar Camata.

Havendo transparência de nomes sugeridos, seguindo uma metodologia na qual o QI (quem indicou), não é exclusivo e determinante critério, a possibilidade de erro é muito pequena.

Contudo, a essa altura da véspera da posse, o grave equívoco dessa indicação demonstra que não se apreendeu com a história dos erros de Lula e Dilma nos governos passados. Mostra também uma atitude louvável de correção imediata do Flávio Dino, evitando fogo no parquinho.

Democracia é isso.

Francisco Celso Calmon, coordenador do canal pororoca e ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça