Além do delegado de Polícia Civil Loreno Pazolini, que é o prefeito de Vitória (ES) desde janeiro de 2020, nesta semana foi eleito o delegado de Polícia Civil Leandro Piquet para ser o presidente da Câmara de Vereadores. Ambos são do Republicanos
Com a escolha do delegado de Polícia Civil e vereador Leandro Piquet Azeredo Bastos (Republicanos) para a presidência da Câmara de Vitória (ES), a Capital do Espírito Santo passa a ser comandada por dois delegados de Polícia. No Executivo, continua até final de 2024 o também delegado de Polícia Civil, Lorenzo Pazolini (Republicanos). Em sessão extraordinária nesta última segunda-feira (2), de um total de 14 vereadores presente foram11que votaram a favor do vereador, inclusive com o voto da vereadora Karla Coser (PT), uma abstenção do ex-presidente da Câmara, Davi Esmael (PSD) e um único voto contrário da vereadora e deputada estadual eleita e diplomada Camila Valadão (PSOL).
O vereador Armando Fontoura Borges Filho, o Armandinho Fontoura (Podemos) havia sido escolhido para ser o novo presidente, mas não pode tomar posse porque está preso na Penitenciária de Segurança Média 1, por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, por suspeita de promover ataques à democracia. Em atenção a pedido feito pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES), a juíza plantão judiciário da 1ª Região de Vitória (ES), Giselle Onigkeit, determinou o afastamento do vereador Armandinho Fontoura, mas deu a garantia que ele vai continuar recebendo o salário mensal de R$ 8.966,26.
Em seu discurso de agradecimento, o novo presidente lembrou que o legislativo municipal viveu dias difíceis, onde no mesmo dia ocorreu a publicação de uma sentença de cassação de um vereador (Gilvan Aguiar Costa, PL, cassado por infidelidade partidária) e a prisão de Armandinho. “Foi uma grande e terrível surpresa para nós, em plenário. Passamos dias muito difíceis”, destacou. “Entretanto, tivemos a maturidade e a firmeza para seguir a frente. Tomar as decisões que este parlamento merece”, completou.
“Vamos dar lugar ao respeito e ao diálogo. Até quem possui diferenças políticas em relação ao meu posicionamento me concedeu apoio. Isso demonstra maturidade de nosso parlamento, o qual não posso deixar de agradecer novamente a vocês vereadores. Contem comigo para o exercício do mandato. O meu objetivo é tornar esse parlamento o local mais plural e acolhedor, o centro de referência produtor das boas políticas que dá melhor gestão. Um poder independente e moderado. Uma ponte para com os outros poderes e instituições, em favor da cidade de Vitória. Somente com o apoio de vocês, meus colegas, será possível fazer essa construção”, continuou Piquet.
Em sua justificativa pelo único voto contrário, a vereadora e deputado estadual eleita e diplomada, Camila Valadão (PSOL) fez questão de justificar e destacar que não se trata de nenhum motivo pessoal. “Do ponto de vista pessoal, a minha relação com o vereador é muito boa. Durante o meu exercício do mandato, por parte do vereador, eu tive total respeito, solidariedade e, aliás, do ponto de vista do plenário, ele é um parceiro nos diálogos. Então, eu faço questão de deixar isso explicito. Mas, essa é uma casa política e sendo uma casa política, os nossos votos aqui tem a ver com a política e não com as relações interpessoais. Quando dialoguei com o vereador ainda pré-candidato à Presidência, eu disse para ele: O senhor integra o mesmo partido do prefeito desta cidade, da qual sou oposição. Portanto, não posso dar meu voto na presidência de alguém que integra o partido do prefeito Lorenzo Pazolini.”
Quem é Piquet
Segundo a Câmara de Vitória, o novo presidente é carioca, tendo nascido no Rio de Janeiro em 8 de outubro de 1982, formado em Direito pela Universidade Cândido Mendes (RJ) e veio morar em Vitória em 2012, quando veio trabalhar como delegado da Polícia Civil. É casado com Luana Patriota é pai do pequeno Eros, de um ano. Especialista em Gestão Policial Militar e Segurança Pública (2019) pela Academia de Polícia Militar do Espírito Santo (APM/ES) e pós-graduado em Direito Público (2011) pela Universidade Católica de Petrópolis, Leandro já trabalhou como subsecretário de Estado de Integridade Governamental e Empresarial (2016/2018).
Ele ainda atuou como corregedor Geral do Estado do Espírito Santo (2018/2019) e representante da Secont perante o Ministério da Justiça na Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro – ENCCLA (2017/2018). Foi presidente do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Estado do Espírito Santo (Iases) em 2014, atuando como diretor nos dois anos seguintes. No Iases, auxiliou na ampliação das atividades socioeducativas, triplicando o número de adolescentes nos espaços pedagógicos. Como subsecretário de Estado de Integridade Governamental e Empresarial instituiu o novo procedimento investigativo voltado para a identificação de fraudes e corrupções praticadas por pessoas jurídicas contra a Administração Pública.
Delegado na ativa
Ao contrário do prefeito de Vitória, o delegado Pazolini, que se licenciou do cargo público para exercer o mandato de deputado estadual e o atual de prefeito de Vitória, Leandro Piquet continua na ativa exercendo o cargo de delegado de Polícia. Durante o período eleitoral, quando Piquet disputou sem sucesso o cargo de deputado estadual pelo Republicanos, houve troca de acusações entre ele e o governador Renato Casagrande (PSB).
Ele alegou naquela ocasião que havia sido transferido da delegacia Especializada de Pessoas Desaparecidas (DEPD) na Praia do Canto, Vitória, seu reduto eleitoral, para o Plantão da Delegacia de Homicídios, que lhe impõe conflito de expediente com o cargo de vereador. Apesar dos conflitos, o portal da Transparência do Governo do Estado atesta quer o delegado Piquet recebeu em dezembro último o rendimento bruto de R$ 40.915,54, incluindo o salário normal de dezembro de R$ 18.507,41 e esse mesmo valor a título de 13º salário, gratificação de serviço extra (R$ 1.800,72), auxílio alimentação liquido (R$ 300,00) e outro auxílio alimentação relativo ao 13º salário de R$ 300,00.