Um grupo de mais de 60 parlamentares americanos e brasileiros divulgou nesta quarta-feira (11) uma declaração conjunta na qual condena “atores autoritários e antidemocráticos da extrema direita” que agem em conluio para atacar as democracias do Brasil e dos EUA. O WBO (Washington Brazil Office) foi responsável pela articulação da iniciativa entre os parlamentares dos dois países. A íntegra do comunicado original pode ser conferida clicando neste link.
Na declaração conjunta, o grupo se refere aos ataques ao Capitólio, em Washington, em 6 de janeiro de 2021, e aos ataques à Praça dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro de 2023, em Brasília.
Para os parlamentares envolvidos na iniciativa, “não é segredo que agitadores da extrema direita no Brasil e nos EUA estão coordenando esforços”. Exemplo disso são os encontros entre o deputado federal Eduardo Bolsonaro e ex-assessores de Donald Trump, como Jason Miller e Steve Bannon, que “encorajaram Bolsonaro a contestar os resultados das eleições no Brasil”.
Os parlamentares lembram que Bannon sofreu duas condenações nos EUA por ter se negado a colaborar com as investigações sobre sua relação com grupos extremistas que invadiram o Capitólio, nos EUA, e diz que “todos os envolvidos devem ser responsabilizados”, referindo-se às conexões com os golpistas que agem no Brasil também.
A declaração conjunta conclui dizendo: “Assim como os extremistas de extrema direita estão coordenado seus esforços para minar a democracia, devemos permanecer unidos em nossos esforços para protegê-la. Para salvar a democracia em nossos dois países e no resto do mundo, instamos todos os representantes eleitos de nossos dois países, independentemente do partido político, a se unirem ao nosso chamado.”
Sintonia entre os atos terroristas dos Estados Unidos e Brasil
Parlamentares norte-americanos que trabalham nas investigações sobre a invasão ao Capitólio iniciaram conversas para cooperar com legisladores brasileiros sobre as investigações das manifestações antidemocráticas em Brasília.
De acordo com os parlamentares envolvidos na iniciativa, promovida pelo Washington Brazil Office (WBO), “não é segredo que agitadores da extrema direita no Brasil e nos Estados Unidos estão coordenando esforços”.
Eles citam como exemplo os encontros do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, que se reuniu após as eleições presidenciais do ano passado com Trump e seus ex-assessores Jason Miller e Steve Bannon, “que encorajaram Bolsonaro a contestar os resultados das eleições no Brasil”.
Parlamentares americanos que assinam:
1. Adam Schiff
2. Adriano Espaillat
3. Alexandria Ocasio-Cortez
4. Barbara Lee
5. Becca Balint
6. Bernie Sanders
7. Brad Sherman
8. Cori Bush
9. David Cicilline
10. Grace Meng
11. Greg Casar
12. Hank Johnson
13. Ilhan Omar
14. Jamaal Bowman
15. Jamie Raskin
16. Jan Schakowsky
17. Jesús “Chuy” Garcia
18. Jill Tokuda
19. Lloyd Doggett
20. Mark Takano
21. Maxwell Frost
22. Nikema Williams
23. Nydia Velazquez
24. Paul Tonko
25. Pramila Jayapal
26. Rashida Tlaib
27. Raúl Grijalva
28. Robert Garcia
29. Sara Jacobs
30. Sheila Cherfilus-McCormick
31. Susan Wild
32. Sylvia R. Garcia
33. Troy A. Carter
34. Yvette D. Clarke
35. Zoe Lofgren
Parlamentares brasileiros que assinaram:
1. Dep. Airton Faleiro (PT-PA)
2. Dep. Alessandro Molon (PSB-RJ)
3. Dep. André Janones (AVANTE-MG)
4. Dep. Áurea Carolina (PSOL-MG)
5. Dep. Benedita da Silva (PT-RJ)
6. Dep. Bira do Pindaré (PSB-MA)
7. Dep. Camilo Capiberibe (PSB-AP)
8. Dep. Célia Xakriabá (eleita) (PSOL-MG)
9. Dep. Chico Alencar (PSOL-RJ)
10. Dep. Dandara Tonantzin (PT-MG) (eleita)
11. Sen. Eliziane Gama (CIDADANIA-MA)
12. Dep. Érika Hilton (PSOL-SP) (eleita)
13. Dep. Erika Kokay (PT-DF)
14. Sen. Fabiano Contarato (PT-ES)
15. Dep. Fernanda Melchionna (PSOL-RS)
16. Dep. Gleisi Hoffmann (PT-PR)
17. Dep. Guilherme Boulos (PSOL-SP) (eleito)
18. Dep. Henrique Vieira (PSOL-RJ) (eleito)
19. Dep. Ivan Valente (PSOL-SP)
20. Dep. Jandira Feghali (PCdoB – RJ)
21. Sen. Jaques Wagner (PT-BA)
22. Dep. Joenia Wapichana (REDE-RR)
23. Dep. Lídice da Mata (PSB-BA)
24. Dep. Luciene Cavalcante (PSOL-SP) (eleita)
25. Dep. Luiza Erundina (PSOL-SP)
26. Dep. Luizianne Lins (PT-CE)
27. Dep. Maria do Rosário (PT-RS)
28. Dep. Nilto Tatto (PT-SP)
29. Sen. Randolfe Rodrigues (REDE-AP)
30. Dep. Reginaldo Lopes (PT-MG)
31. Dep. Ricardo Silva (PSD-SP)
32. Dep. Rodrigo Agostinho (PSB-SP)
33. Dep. Rui Falcão (PT-SP)
34. Dep. Sâmia Bomfim (PSOL-SP)
35. Dep. Tabata Amaral (PSB-SP)
36. Dep. Talíria Petrone (PSOL-RJ)
37. Dep. Tarcísio Motta (PSOL-RJ) (eleito)
38. Dep. Túlio Gadêlha (REDE-PE)
39. Dep. Vivi Reis (PSOL-PA)
O papel da WBO
O WBO atuou para estreitar os contatos entre os parlamentares do Brasil e dos EUA que participam dessa iniciativa. A organização manteve interlocução com deputados e senadores no Congresso americano, em Washington, e no Congresso brasileiro, em Brasília, facilitando o contato e aproximando os protagonistas dessa iniciativa.
Em julho de 2022, o WBO já havia organizado a visita de um grupo de representantes de 19 organizações da sociedade civil brasileira a Washington. O grupo visitou na ocasião a sede do Departamento de Estado americano, além dos escritórios de diversos deputados e senadores, em Washington, incluindo alguns dos que participam agora desta iniciativa.
O intuito da visita, naquela ocasião, foi alertar interlocutores americanos para os riscos à democracia no Brasil, além de pedir que eles reconhecessem publicamente como legítimo o resultado da eleição de 30 de outubro, seja qual fosse o resultado.
Um dos resultados desse trabalho foi a adoção de uma declaração do Senado americano, aprovada por unanimidade, pedindo que o presidente Joe Biden rompesse relações com o Brasil caso Bolsonaro desse um golpe de Estado. A moção foi proposta pelo senador Bernie Sanders, com quem o grupo organizado pelo WBO esteve em julho.
“Nós vamos seguir trabalhando para estreitar vínculos entre os setores políticos democráticos dos dois países para formar uma frente internacional em defesa da democracia”, disse Paulo Abrão, diretor executivo do WBO.
“Esperamos que na visita de Lula ao EUA os temas da democracia e dos direitos humanos estejam no centro das atenções”, disse James N. Green, presidente do Conselho Diretivo do WBO.
Íntegra do texto
Declaração Conjunta: Parlamentares do Brasil e dos Estados Unidos unidos contra ações anti-democráticas
Enquanto membros do Legislativo do Brasil e dos Estados Unidos, estamos unidos contra os esforços de atores autoritários e antidemocráticos da extrema-direita para reverter resultados eleitorais legítimos e derrubar nossas democracias, incluindo os ataques recentes de 8 de janeiro, 2023 no Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal do Brasil, assim como os ataques de 6 de janeiro, 2021, no Capitólio dos EUA.
Não é segredo que agitadores da extrema-direita no Brasil e nos Estados Unidos estão coordenando esforços. Após as eleições brasileiras de 30 de outubro, o Deputado Federal Eduardo Bolsonaro se reuniu diretamente com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, juntamente com seus ex-assessores Jason Miller e Steve Bannon, que encorajaram Bolsonaro a contestar os resultados das eleições no Brasil. Recentemente, Bannon foi condenado em duas acusações criminais por não cumprir com uma intimação para prestar esclarecimentos sobre seu papel na insurreição de 6 de janeiro ao Capitólio dos Estados Unidos. Logo após as reuniões, o partido de Bolsonaro tentou invalidar milhares de votos nas eleições brasileiras. Todos os envolvidos devem ser responsabilizados.
Democracias dependem da transferência de poder pacífica. Assim como os extremistas de extrema direita estão coordenado seus esforços para minar a democracia, devemos permanecer unidos em nossos esforços para protegê-la. Para salvar a democracia em nossos dois países e no resto do mundo, instamos todos os representantes eleitos de nossos dois países, independentemente do partido político, a se unirem ao nosso chamado.