O Sindicato dos Trabalhadores e Servidores Públicos do Estado do Espírito Santo (Sindipublicos) está denunciando o aumento de contágios de Covid-19 entre crianças e adolescentes após a imposição, pelo Governo do Estado, de retorno das aulas presenciais. O Sindicato apresenta dados para comprovar que a volta às aulas, sem a vacinação de professores e servidores, além dos alunos, foi uma decisão errada.
Segundo o Sindipublicos, no dia 2 de fevereiro, o Espírito Santo registrava 22.393 casos de crianças e adolescentes até 19 anos com Covid-19. Após 20 dias de retorno às aulas presenciais na rede estadual e particular, o Estado passou a registrar 23.884 casos. São 1491 novos casos, sendo que mais de 75 estão internados e 36 em UTI.
Desde o início da pandemia do novo coronavírus, o Espírito Santo registrou 4.012 casos em crianças até 4 anos, 3.043 de 5 a 9 anos e 16.829 de 10 a 19 anos. Desses, 24 vieram à óbito. O Sindipublicos procurou uma avaliação da conceituada epidemiologista capixaba, Ethel Maciel
Falta transparência
A especialista disse que não é possível afirmar que o retorno às aulas foi o único fator de aumento de casos, por isso ela recomenda o Estado dar transparência aos dados, apresentando assim quantos educadores e alunos estão sendo contaminados e a evolução da doença.
“Já sugeri isso ao Estado. Seria interessante abrir uma aba no painel Covid pra falar sobre os casos no ambiente escolar, assim como eles fizeram com os presídios, indígenas. Da forma que está agora não é transparente, a gente não tem como analisar o impacto do retorno nesses casos”.
Já quanto aos internados, Ethel destacou que “precisa ser analisado com muita atenção, porque já há análise dizendo que essas variantes, principalmente a do Reino Unido, é mais transmissível em criança e provoca caso graves. Importante estarmos alerta”.
PREOCUPAÇÃO
Todo esse aumento no número de casos tem preocupado os educadores. Inclusive há registros de professores que após o retorno às aulas foram contaminados. “Voltei as aulas, tivemos uma reunião presencial lá na Escola e mesmo com os cuidados fui contaminada. Foi mais de uma semana internada na UTI. Uma outra professora estava assintomática e transmitiu aos demais, eu precisei ser internada” comentou uma professora da rede estadual que preferiu não se identificar.
Novas variantes
Sobre o ambiente escolar, Ethel recomendou cuidados adicionais aos que já vem sendo adotados. “A gente já sabe que existem variantes circulando, que têm o poder maior de transmissão e os trabalhadores da educação deveriam ter EPIs específicos como máscara PF2 ou N95, assim como o face shield deveria ser o equipamento de proteção adicional dos trabalhadores da educação também. Idealmente eu acho que deveria esperar a vacinação e que fossem incluídos os educadores na próxima leva de vacinas”.
Diante a todos os fatos relacionados a contaminação pela Covid-19 em ambiente escolar, o Sindipúblicos está orientando que em caso de infecção, o educador deve buscar o sindicato e realizar o registro diante a doença ser considerada de cunho ocupacional. A entidade sindical reafirmou a sua defesa na inclusão de todos os educadores entre os grupos prioritários na vacinação. Apesar de o Governo estadual ter obrigado o retorno às aulas presenciais, não fez esforços para incluir os educadores no grupo prioritário de vacinação.