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Para saber se Marcos do Val está mentindo ou não, Alexandre de Moraes determina à PF para investigar


Objetivo é esclarecer a afirmação do senador de que teria recebido proposta para participar de um plano para provocar um golpe de Estado


Nesta última sexta-feira (3) o senador acabou dizendo que todas as denúncias foram feitas após conversas com o ex-presidente, que é seu aliado e confessou que o seu alvo é Lula e ministros do STF | Foto: Reprodução/Facebook

As inúmeras versões dadas pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES) sobre a participação direta do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em um golpe de Estado, que tinha como ponto de partida o uso de microfones em uma conversa que o senador teria com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o próprio Moraes determinou a abertura de uma investigação pela Polícia Federal. A sucessão de afirmações e desmentidos levou ao senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) a dizer que fará uma denúncia contra Do Val no Conselho de Ética do Senado.

Nesta sexta-feira (3), o senador eleito pelo Espírito Santo em 2018 com 863.359 votos acabou dizendo que estava mentindo ao dizer que iria renunciar ao mandato e que a confusão criada, entre afirmações e desmentidos, tinha como objetivo chegar ao plano de usar a imprensa para retirar Moraes da apuração dos processos que apuram os crimes de Bolsonaro e de seus aliados. Após usar a imprensa para o seu intento golpista, Marcos do Val se referiu à imprensa como sendo “marrom”, por ter divulgado o que ele próprio admitiu posteriormente como sendo mentiras e que seus alvos reais não é seu aliado Bolsonaro, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros do STF.

O que tem dito à imprensa é combinado com Bolsonaro

Ele ainda disse através de suas redes sociais que não vai abandonar o seu plano golpista: “Queria ter vocês me dando essa força. Não vou recuar. Daqui pra frente vai ser uma batalha cada vez maior, meu objetivo é tornar claro o crime de prevaricação dos ministros e do atual presidente da República.” Voltando-se ao seu público bolsonaristas, através de suas redes sociais, se dirigiu aos seus apoiadores de extrema-direita e pediu “blindagem” e “confiança”. Do Val acrescentou que não repassou à Polícia Federal as mensagens que trocou com a família Bolsonaro e declarou que todas as suas ações estão sendo “comunicadas” ao ex-presidente.

Marcos do Val em vídeo que reproduz trecho de sua fala e que circulou nesta sexta-feira (3) nas redes sociais

Do Val ainda chamou o deputado Eduardo e o senador Flávio Bolsonaro, filhos do ex-presidente, de “parceiraços” e acrescentou que os dois renovaram o pedido pra ele sair do Podemos e se filiar ao PL. Do Val foi eleito em 2018 pelo então PPS, que mudou o nome para Cidadania, para depois levar o mandato para o Podemos. Ele confessou à imprensa capixaba que teve dificuldades em conseguir suplentes para a sua chapa ao Senado e pegou “emprestado” os nomes de duas pessoas que nunca participaram em política, como uma secretaria do ex-vereador e atual deputado Fabricio Gandini, a desconhecida Rosana Marcia Foerste da Silva, para ser a sua primeira suplente e um também desconhecido “empresário”, Ronaldo Liberdi, para seu segundo suplente.

Decisão de Alexandre de Moraes para que a PF apure se há verdades ou mentiras no que Do Val andou falando nesta semana

O que diz Moraes no seu despacho

Alexandre de Moraes lembra em seu despacho que determinou à Polícia Federal que na noite da última quinta-feira (2), a Polícia Federal procedesse à oitiva do senador Marcos do Val, “por ter ele divulgado, em suas redes sociais, ter recebido proposta com objetivo de ruptura do Estado Democrático de Direito, circunstância que deve ser esclarecida no contexto mais amplo desta investigação, notadamente no que diz respeito a eventual intenção golpista, o que pode caracterizar os crimes previstos nos arts. 359-M (golpe de Estado) e 359-L (abolição violenta do Estado Democrático de Direito) do Código Penal (eDoc. 355).” Faça download e leia a íntegra do despacho do ministro Moraes, sobre a investigação de Marcos do Val, em arquivo PDF, clicando neste link,

Em seguida, Moraes relata a sua decisão: “Ouvido sobre os fatos, o senador Marcos do Val apresentou, à Polícia Federal, uma quarta versão dos fatos por ele divulgados, todas entre si antagônicas, de modo que se verifica a pertinência e necessidade de diligências para o seu completo esclarecimento, bem como para a apuração dos crimes de falso testemunho (art. 342 do Código Penal), denunciação caluniosa (art. 339 do Código Penal) e coação no curso do processo (art. 344 do Código Penal).”

Determinações

Moraes deu as seguintes determinações:

(1) seja autuada Pet autônoma e sigilosa, distribuída por prevenção a este Inq. 4.923/DF, a ser instruída, inicialmente, com a cópia do pedido da Polícia Federal para autorização da realização de sua oitiva (eDoc. 353), com o despacho de autorização (eDoc. 355) e com o inteiro teor de seu depoimento (eDoc. 360, fls. 19-24).

(2) a expedição de ofício à revista VEJA para que envie aos autos, no prazo máximo de 5 (cinco) dias, o inteiro teor dos áudios já publicizados das entrevistas concedidas pelo senador Marcos do Val à publicação;

(3) a expedição de ofício à CNNe à Globo News para que remetam aos autos, no prazo máximo de 5 (cinco) dias, a íntegra de quaisquer entrevistas já publicizadas concedidas pelo senador Marcos do Val;

(4) a expedição e ofício à empresa Meta Inc. para que encaminhe aos autos, no prazo no prazo de 5 (cinco) dias, o inteiro teor da live realizada pelo senador Marcos do Val em seu perfil no Instagram (@marcosdoval ), na madrugada do dia 2/2/2023.