Agentes fazem diligências na Terra Indígena
A Polícia Federal (PF) informou na tarde desta última segunda-feira (6) que enviou agentes à Terra Indígena Yanomami, em Roraima, para investigar o assassinato de três jovens indígenas cometido por garimpeiros que atuam ilegalmente na área. A chegada da equipe da PF foi registrada pela equipe da TV Brasil, no polo base de Surucucu. As informações são da Agência Brasil.
O crime teria ocorrido ontem (5) e a informação foi divulgada Júnior Hekurari, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’Kuana (Codisi), uma das principais lideranças da região de Surucucu, no extremo oeste do estado e próxima à fronteira com a Venezuela.
Segundo o relato, eles foram atingidos por disparos de arma de fogo. Um deles foi morto na região do Homoxi e os outros dois na região de Parima. As duas áreas têm forte presença de garimpeiros.
A reportagem da Agência Brasil também recebeu vídeo com imagens de um acampamento de garimpeiros, em local não identificado da Terra Indígena Yanomami. Na gravação, uma pessoa não identificada fala sobre a presença de muitos garimpeiros na região e informa a morte de um deles, possivelmente em confronto com indígenas. Até o momento, no entanto, não há confirmação sobre esse incidente.
Ainda na tarde de hoje, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, concede entrevista coletiva em Boa Vista para atualizar informações sobre a crise humanitária do povo Yanomami. Ela passou a noite passada no polo base de Surucucu para ver de perto a situação. A ministra também fez um sobrevoo por diversos pontos de garimpo no território demarcado.
Afetados pela presença do garimpo ilegal em suas terras há anos, os indígenas Yanomami têm sofrido com casos de desnutrição, doenças como malária e pneumonia, além de violência, incluindo episódios de agressões e assassinatos. A situação se agravou nos últimos quatro anos.
Também nesse domingo, foi registrada a morte de mais uma criança indígena, vítima de desnutrição grave e desidratação. Equipes médicas chegaram a pedir a remoção da criança para Boa Visa, mas o mau tempo na região impediu a decolagem da aeronave.
Desintrusão
Mais cedo, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse que o governo iniciará nesta semana a transição da fase de assistência humanitária e fechamento do espaço aéreo na Terra Indígena Yanomami em Roraima, para a fase policial, de caráter coercitivo contra garimpeiros e financiadores da atividade mineral.
Segundo Dino, a expectativa é de que, até o fim desta semana, 80% das 15 mil pessoas envolvidas com garimpo ilegal na região já tenham deixado o local.
Como o crime do garimpo atua em terras indígenas
No vídeo acima, obtido através de postagens dos próprios garimpeiros em redes sociais, é possível presenciar uma sucessão de crimes. Destaca-se a derrubada de árvores da floresta amazônica, destruição do solo e do subsolo com o uso de mercúrio, para extração ilegal de ouro em territórios indígenas. É possível ver o uso abusivo de aviões e helicópteros, onde os que usam prefixos fictícios, que não constam no cadastro da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), enquanto outros entram e saem das reservas indígenas sem nenhum prefixo. Mas, ainda há aviões e helicópteros com prefixo de outros países, o que configura invasão do espaço aéreo brasileiro por aeronaves estrangeiras.
Mas, os vídeos postados pelos garimpeiros e a coletânea do vídeo acima não mostram os crimes mais desumanos praticados por essas pessoas, como estupro de mulheres indígenas, o roubo de medicamentos contra malária nos postos de saúde instalados dentro das reservas dos índios. Não mostra o roubo que os garimpeiros promovem nas plantações indígenas, contribuindo para a falta de sustento dos donos das áreas onde os criminosos invadiram para roubar o ouro. Também não mostra o uso do mercúrio, que vem provocando o envenenamento dos rios, a morte de peixes, uma das fontes de alimentação dos índios.
Mas, vale a pena ver como os garimpeiros criminosos atuam dentro dos territórios dos índios. Agem na certeza da impunidade, que foi garantida durante os últimos quatro anos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). No final do vídeo é possível ver algumas ações do Exército e da Polícia Federal, reprimindo a atividade ilegal e criminosa de garimpeiros.