Não houve decisão judicial para que o Centro de Vitória fosse discriminado, enquanto os redutos eleitorais do atual prefeito, Jardim Camburi e Jardim da Penha, tivessem a programação dos blocos carnavalescos mantidas neste final de semana. O que ouve foi apenas uma “recomendação” do Ministério Público determinando a seletividade em uma proibição voltada exclusivamente no Centro de Vitória, lembram os organizadores
De nada adiantou a retirada ao alvará de licença para o desfile dos blocos carnavalescos no Centro de Vitória (ES), porque houve um protesto político-cultural e os blocos foram para a rua, com muito samba neste último sábado (25) e que se repetirá neste domingo (26). Além da alegria, houve inúmeros pedidos de “Fora Pazolini” e foi lembrada a discriminação que o atual prefeito, Lorenzo Pazolini (Republlicanos) com o Centro Histórico de Vitória.
A alegação da Prefeitura de Vitória (PMV) para proibir os desfiles dos blocos carnavalescos Esquerda Festiva, PelaDonas do Centro e Prakabá, é que havia uma Notificação Recomendatória assinada pelo promotor de Justiça de Vitória, Marcelo Lemos Vieira, pedindo um cancelamento seletivo dos desfiles, apenas para a região histórica da Capital do Espírito Santo. A recomendação foi feita exclusivamente para o Centro de Vitória, deixando liberado os desfiles do reduto eleitoral do atual prefeito, os bairros Jardim Camburi e Jardim da Penha. Mas, não havia nenhuma decisão judicial dando uma ordem seletiva, permitindo numa região e proibindo em outra.
Como o ato é um protesto político-cultural, não há necessidade de alvará e o ato vai ser novamente realizado neste domingo, ao som de muito batuque e alegria, nas ruas do Centro Histórico de Vitória. Os blocos carnavalescos estão convidando a população para participar, com muita alegria, dos atos deste domingo.
A deputada estadual Iriny Lopes (PT), que esteve presente no ato político-cultural deste último sábado, preferiu abrir seu comentário na sua conta no Facebook com uma frase do músico João Bosco: “Não põe corda no meu bloco, não vem com seu carro chefe, não dá ordem ao pessoal. Não traz lema, nem divisa, que a gente não precisa que organizem nosso Carnava;’ E completou: “É isso aí. Os blocos do centro se uniram num grande ato contra a censura imposta pelo Ministério Público e o prefeito de Vitória, que decidiram proibir a saída dos blocos do centro nesse final de semana. Pelo direito à cultura popular, resistimos.”
O vereador de Vitória, André Moreira, também presente no ato deste sábado, disse através do Facebook: “E teve bloco, sim senhor. Rua 7 com o blocão, reunião dos blocos que fazem o melhor Carnaval de Vitória, no Centro da cidade.” Para comprovar a sua afirmativa, o vereador ainda postou um vídeo mostrando a animação do Centro Histórico. A Associação dos Moradores do Centro de Vitória (Amacentro) usou o Facebook para falar sobre a animação dos blocos neste final de semana.
“Com muito samba, alegria e irreverência os foliões do Centro botaram os blocos na rua e desceram dançando e cantando a emblemática rua 7 para protestar contra a autoritária e arbitrária decisão do prefeito Lorenzo Pasolini de proibir o desfile de blocos neste sábado (25) e domingo (26). Os moradores e moradoras do Centro Histórico aderiram a manifestação e curtiram mais um pouquinho a felicidade do carnaval”, disse a entidade que representa os moradores do Centro de Vitória.
Já o vereador Vinicius Simões, que tem base eleitoral no Centro Histórico não foi visto no protesto político-cultural deste sábado e não se pronunciou sobre a discriminação dos blocos do Centro, em relação aos blocos de Jardim Camburi, bairro que dá sustenção política ao atual prefeito e que teve desfile com apoio logístico da Prefeitura. Na sua conta no Facebook, não comentou sobre o assunto. Ao ser procurado, através do WhatsApp, não deu retorno.
A vereadora de Vitória, Karla Coser, comentou através do Facebook sobre a discriminação e o descaso de Pazolini para com o Centro. O uso de dois pesos e duas medidas foram o foco de seu comentário, ao analisar a disparidade entre a proibição no Centro e a permissão mantida no seu reduto eleitoral, onde o Bloco Kustelão desfilou no bairro onde Pazolini mora com ostensivo apoio da PMV. E, o mesmo ocorreu neste domingo com o Bloco Te Pego Lá Fora, em Jardim da Penha.
“O que aconteceu ontem (sábado) foi a gota d’água! Olha a diferença de tratamento que o prefeito Pazolini deu para um bloco [histórico e muito importante, eu mesma já fui quando era criança!] em Jardim Camburi em comparação com os blocos do Centro de Vitória. Trio elétrico imenso – sonho dos nossos blocos – com banner da prefeitura e tudo; Limpeza das ruas com equipe da PMV na mesma noite, com direito a carro especial, e limpeza até da rampa de acesso de condomínio particular; Carro pipa da PMV para amenizar o calor dos foliões”, disse Karla Coser.
“Vejam só: é ainda mais cruel e o descaso é proposital, eleitoreiro (afinal, não fiquei sabendo de nenhum grito de “fora Pazolini” vindo de lá). Ele não iria abandonar o maior reduto eleitoral da cidade, Jardim Camburi, como fez com o Centro né? Apesar disso tudo o Carnaval de rua do Centro de Vitória aconteceu e foi lindo! Mas vamos martelar dia e noite pra que ninguém esqueça a falta de respeito ao Carnaval do Centro de 2023. E seguiremos resistindo”, prosseguiu a vereadora do PT.
“E que o Kustelao, o Boemios do Jardam, o Tô Bebo, o Namoro Mas Não Caso, o Esquerda Festiva, o Puta Bloco, o Regional, todos os blocos de todos os bairros tenham tratamento isonômico pela gestão no ano que vem! Talvez o Prefeito precise relembrar o princípio da impessoalidade da Constituição”, completou.