O vice-reitor da Ufes, Roney Pignaton, acompanhou o primeiro embarque de estudantes finalistas do curso de Oceanografia da Universidade no navio-escola Ciências do Mar III, um Laboratório de Ensino Flutuante (LEF) com modernos equipamentos que vai proporcionar aos alunos uma experiência embarcada de sete dias. Esta é a primeira viagem da embarcação ao Espírito Santo.
A visita ao navio aconteceu nesta quinta-feira (9), e também contou com a presença do pró-reitor de Extensão, Renato Neto (à esquerda da foto, de camisa azul clara). A expedição é composta por 14 estudantes da Ufes e um professor, além de um pós-doutorando, que vai conduzir um experimento de pesquisa com um robô submarino (ROV), e uma enfermeira, ex-aluna do curso de Enfermagem da Ufes, para auxiliar os alunos com possíveis problemas de mal-estar gerados pelo balanço das ondas.
Pignaton destacou que essa é uma importante etapa na formação dos estudantes de Oceanografia. “É uma oportunidade única para os estudantes, pois permite que as práticas aprendidas nos laboratórios físicos da Universidade possam ser executadas no ambiente real. Apesar das pesquisas que serão feitas por estudantes de pós-graduação, essas pesquisas estão a reboque da graduação, pois o objetivo desse projeto é dar oportunidade para que os estudantes de graduação implementem na prática aquilo que eles aprenderam na teoria”, disse.
O grupo permanece em alto-mar até o dia 16 de março. O roteiro da expedição vai até a Foz do Rio Doce, entra por mais de 270 quilômetros em alto mar e, depois, retorna para Vitória. Durante a viagem serão coletadas amostras de água e sedimentos em profundidades diferentes para medir os impactos da ação humana no mar e os impactos da tragédia da barragem de Mariana, e para analisar geoquímica de todo o material coletado. Entre os equipamentos de última geração que serão utilizados pelos pesquisadores está o Side Scan Sonar, um sonar de varredura lateral que faz uma espécie de ultrassonografia do fundo do mar, chegando nessa expedição a uma profundidade de até 2 mil metros.
Entre os dias 17 e 19, a embarcação deverá receber outras visitas e fará uma pequena viagem com os professores do curso, que também conhecerão melhor os equipamentos do navio. No dia 19, o navio será entregue para o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) de Piúma e, posteriormente, retornará para Niterói, onde se localiza sua base operacional.
Convênio
A experiência dos estudantes é parte de um convênio firmado em novembro de 2022 entre a Ufes e a Universidade Federal Fluminense (UFF), que administra o Ciências do Mar III. O navio é compartilhado entre instituições de ensino da região Sudeste que oferecem cursos na área de Ciências do Mar e integra o projeto LEF, tendo outros três navios “irmãos” espalhados pelo litoral brasileiro. Eles foram desenvolvidos pelo Ministério da Educação (MEC) por meio do Programa de Formação de Recursos Humanos em Ciências do Mar (PPGMAR).
O professor do Departamento de Oceanografia da Ufes Agnaldo Martins (no centro da foto, de óculos, com alguns dos estudantes), que é responsável pelo programa didático da disciplina Embarque Supervisionado e acompanhará os estudantes, reforça que esta é uma importante aquisição para a infraestrutura da Universidade. “Agora, poderemos ministrar uma aula do curso no ambiente e utilizando os equipamentos que tanto mencionamos em aulas teóricas”, afirma.
Martins explica que o projeto LEF foi iniciado quando foi constatada a existência de cerca de 45 cursos de ciências do mar espalhados pelo Brasil. Contudo, não existiam navios-escola para o treinamento dos estudantes. Por isso, o treinamento ocorria de “carona” em embarcações de instituições de pesquisas, universidades e empresas, mas que geralmente não forneciam as condições ideais para o aprendizado dos alunos.
“O objetivo deste navio não é pesquisa, mas ensino. As pesquisas podem e devem ocorrer porque o navio é equipado com instrumentos oceanográficos de última geração, que são os mesmos usados em pesquisas, mas a ideia do projeto é que os estudantes possam interagir com o navio e aprender o que geralmente não é possível em expedições onde eles vão ‘de carona’”, detalha o professor.