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Ufes contribui para implantação de redes acadêmicas em países do terceiro mundo

Cabos submarinos interligam as pessoas, através da internet, em todos os continentes do mundo | Imagem: Reprodução/internet

A Ufes, por meio do Laboratório de Telecomunicações da Universidade (LabTel), está participando de uma proposta inovadora, que tem o objetivo de viabilizar infraestrutura de redes acadêmicas em países do terceiro mundo por meio de infraestrutura virtualizada. O projeto foi motivado pelo caso de Cabo Verde, país que está na rota do cabo submarino Ellalink, que liga a América do Sul à Europa, mas não se habilitou às fibras deste cabo destinadas à academia (Projeto BELLA) por não possuir uma rede acadêmica própria.

Iniciado em 2022, o projeto piloto de uma rede acadêmica virtualizada visa à redução de custo inicial de infraestruturas e promete auxiliar o desenvolvimento científico e tecnológico do país, interligando pesquisas de diferentes universidades e instituições do mundo. Os primeiros resultados serão apresentados este mês.

Nomeado como Rede de Ensino e Pesquisa as a Service (RENaas), o projeto foi uma iniciativa dos pesquisadores do Labtel e da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), em conjunto com a universidade Trinity College Dublin (Irlanda), que submeteu com sucesso a pesquisa ao Programa de Inovação da Géant, federação europeia das redes acadêmicas.

Como funciona

O RENaaS propõe criar uma rede virtual em sobreposição a uma estrutura física já existente. Com isso, será possível oferecer os recursos de uma rede nacional de pesquisa com um custo reduzido. O trabalho tem como base um projeto em desenvolvimento pela startup Vixphy denominado SAWI – Savvy Access through Worldwide Internet (Acesso Inteligente através da Internet Mundial), como habilitadora de Provedores Virtuais de Acesso à internet. O RENaaS se beneficia também de outros projetos da Géant, como o RARE/freeRtr.

Esse tipo de plataforma proposta pelo RENaaS permite a interação entre elementos virtuais programáveis e a estrutura física, por meio das técnicas de aprendizado de máquina. “A estrutura física (hardware) sempre será necessária. A rede virtual aproveita do básico fornecido pela rede física, incorporando funcionalidades via software”, explica o professor do Departamento de Engenharia Elétrica e pesquisador do Labtel, Moisés Ribeiro, que integrou a equipe do projeto.

Ele afirma que a infraestrutura já existente no local vai permitir a implantação rápida de conectividade e reações a congestionamentos e falhas.  Por ser baseada em nuvem, também será favorável na disponibilização de serviços relevantes às instituições, como a Eduroam, famosa rede sem fio desenvolvida para a comunidade internacional de educação e pesquisa.

“Nós usamos esta conectividade para desviarmos os tráfegos para a nuvem. Lá, montamos os equipamentos e fazemos interligações entre outras nuvens montado uma rede própria completamente virtual”, completou Ribeiro.

O projeto conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Espírito Santo (Fapes), Géant, Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional.

Rede de colaboração

A rede acadêmica é uma ferramenta essencial para desenvolvimento técnico-científico de um país, sendo uma rede de internet própria que não se interliga com as públicas ou comerciais.

“É uma rede basicamente composta por computadores e o objetivo dela é interligar universidades e centros acadêmicos para desenvolver pesquisa e transmitir informações diretamente de uma para outra”, explica o coordenador e pesquisador do LabTel Marcelo Segatto.

O professor afirma que as redes acadêmicas são importantes na ampliação do processo de internacionalização da universidade. “Mais do que ampliar, essa dinâmica, permite a sobrevivência das pesquisas. Não há laboratório de pesquisa no mundo que não trabalhe num esquema de rede de colaboração”, destaca.

Segatto reforça que a internacionalização é algo fundamental para a área da pesquisa. O LabTel, por exemplo, possui atualmente 10 pesquisadores internacionais, dois deles naturais de Cabo Verde, que chegaram para cursar pós-graduação na Ufes e permaneceram atuando como professores do Laboratório.