Autonomia administrativa e financeira das universidades e o fim da lista tríplice para o presidente da República escolher quem será reitor, para que assim seja respeitada à vontade na escolha, por votação, feita pela comunidade, são as principais solicitações
O reitor da Ufes, Paulo Vargas, recebeu o deputado federal Helder Salomão na última sexta-feira (24), no Gabinete da Reitoria, para uma reunião na qual foram apresentadas as prioridades da Universidade. O encontro contou com a presença do vice-reitor, Roney Pignaton, de pró-reitores e gestores da Universidade.
O deputado reafirmou seu compromisso em apoiar as pautas da Ufes e entregou nas mãos do reitor Paulo Vargas documento que demonstra emendas individuais no valor R$ 4,5 milhões destinadas à Ufes, que ele aprovou para o orçamento deste ano. “Emendas parlamentares não podem ser o principal, mas sabemos que são importantes”, disse.
Desvincular o financiamento
O reitor evidenciou que o problema central é o modelo de financiamento das instituições federais de ensino superior, que, na opinião dele, não pode estar vinculado ao teto de gastos do governo federal.
“Temos legislações anacrônicas que precisamos rever. É preciso fazer avançar a pauta da autonomia administrativa e financeira das universidades, adequar a legislação que regula esses assuntos. As instituições têm funcionado com deficiência de pessoal, tanto de docentes quanto de técnicos. Precisamos construir um modelo adequado de financiamento dentro de uma perspectiva de mais autonomia”, avaliou o reitor.
Fim da lista tríplice
Outra questão levantada por Vargas foi a lista tríplice para a escolha de reitores. Para ele, a prerrogativa do presidente da República de indicar um nome dentro de uma relação de três selecionados pelo colegiado superior de cada instituição, deveria ser extinta. “Esse expediente precisa acabar em respeito à escolha da comunidade universitária”, ponderou.
Segundo o deputado Helder Salomão, a Ufes “pode contar” com o seu mandato e com o governo do presidente Lula para apoiar as demandas das universidades públicas.
“Nossa tarefa não é pequena. Antes [no governo passado], nosso papel era de resistência. Agora temos que continuar a fazer resistência, mas também apresentar medidas e resultados que mostrem que o Brasil voltou a olhar para a educação”, disse.
Salomão se comprometeu a levar as pautas apresentadas pelo reitor ao Congresso, sobretudo a autonomia financeira das universidades. “Sem orçamento é uma falácia dizer que a universidade tem autonomia. Nossa primeira tarefa será repor o que foi ‘surrupiado’ da educação nos últimos seis anos e meio. O desejo do Lula é retirar a saúde e a educação da política fiscal do governo”, afirmou.